BRUNA TORLAY丨Power PoinT de Dallagnol: o retorno

Bruna Torlay
Bruna Torlay
Estudiosa de filosofia e escritora, frequenta menos o noticiário que as obras de Platão.

Se há uma coisa que irrita petistas de todas as ordens, famílias, gêneros e espécies é aquele velho diagrama (ou PPT) criado pelo hoje deputado federal Deltan Dallagnol na época em que todas as delações da Lava-Jato apontavam a Lula. As setas. Os crimes. As suspeitas. Os fatos. Tudo isso deixou os petistas tão furiosos que, para extravasar sua ira, passaram a denegrir o objeto. Lula era inocente. O diagrama, culpado.

Eis que o velho procurador reabilita sua arma mortal. No último dia 02 de março, Deltan recupera o diagrama centrado em Lula do baú, reformulando-o com outras pendengas: os atos mais deploráveis de seu terceiro governo à frente do país de trouxas que reelege o maior viabilizador de concentração de renda que jamais se viu na história deste país em nome, naturalmente, de seu amor ao pobres.

Neste diagrama, Deltan organiza as resoluções, ideias, decretos e medidas do então investigado e atual presidente em torno do nome central da Lava-Jato: Lula. E ainda nos pede, gentil pessoa que é, para votarmos no erro mais acertado, quer dizer, mais potencialmente nefasto para o Brasil. Vejamos como ficou o último desenho:

Convenhamos que é difícil escolher. Lula é um verdadeiro prodígio como presidente da República. Faz uma bobagem por dia mantendo o exército mercenário do mundo da informação, ou imprensa, interessado em assuntos levianos. Eu jurava que nada de tão interessante assim andava acontecendo, até dar-me conta do horror do conjunto, diante desta maravilha da era informacional que Deltan projetou.

O poder do diagrama está na concentração da informação referida ao mesmo sujeito. Ouvir uma notícia por dia não causa o impacto produzido pelo vislumbre do circo inteiro de peripécias. Não só negou fornecimento de munição para ajudar a Ucrânia (deixando claro ao mundo que continua sendo o velho aliado lowprofile de Putin), como retirou as isenções que seguravam o preço da gasolina, indicou a amiga comunista Dilma para o cargo mais comunista que tinha na manga e honrou o ex-guerrilheiro formado em Cuba, cabeça maior do comunismo brasileiro de 1970 até hoje, no aniversário do PT — que não é comunista não; é só um partido de trabalhadores.

Como indiquei em vídeo do ano passado, criticando os deputados inúteis da base conservadora que votaram a favor de um PL cujo objetivo final era permitir a nomeação de Mercadante (o economista comuna da Dilma) para o BNDS, eis que a obviedade se concretizou e Mercadante assume o Banco Nacional do Desenvolvimento, instituição-chave para situar o Brasil como núcleo financeiro do Foro de São Paulo. Como se não pudesse piorar, elevou um youtuber que fatura horrores produzindo entretenimento de quinta para as criancinhas brasileiras — que modelo moral para os compromissos educacionais da esquerda democrática! — a membro de grupo de trabalho pró censura seletiva contra adversários políticos.

Que a Ibovespa mostre o pior resultado para o mês de fevereiro dos últimos 22 anos; que o PT tenha resolvido nomear a Lava-Jato (uma operação pró-Brasil e anti-bandidagem do colarinho branco) uma “quadrilha”; e que proteja ministros corruptos de um barulho na opinião pública capaz de incentivar futuras investigações, tudo isso era previsível. Mas ao virar fato, potencializa a péssima imagem do governo Lula que metade do Brasil previa.

Se Deltan não for preso de madrugada por usar sal demais na comida ao preparar o jantar, um crime hediondo exigindo prisão preventiva perpétua, é claro, já temos o nome do deputado da oposição mais eficiente em difundir a essência do governo Lula, facilitando a vida dos analistas políticos e criando para o povo a representação perfeita do sentimento de repúdio ao projeto PT de poder.

Longa vida ao PPT do Dallagnol.

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