SANTO CONTO | A bênção

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Baseado em um milagre de São Pio X

Atravessando uma multidão de fiéis que lhe pediam as mais variadas bênçãos, o Santo Padre vinha chegando para uma audiência. Percorria devagar e com paciência o mar de gente que lhe atrasava os compromissos oficiais, mas ia feliz, com a atenção dividida entre centenas de cenas das Sagradas Escrituras que iam sendo projetadas em sua mente, as dezenas de livros e documentos que vinha estudando e os milhares de rostos sorridentes ou suplicantes em torno, pessoas que lhe puxavam as vestes, beijavam sua mão, estendiam-lhe Rosários, crucifixos, escapulários e toda a variedade de imagens sagradas, além de bebês e crianças pequenas para bênçãos especiais.

Assim ele ia seguindo, sem pressa, parando a cada passo, sorridente e distraído, alegre, com seu secretário exasperado e espremido atrás de si.

Num desses passos resolveu demorar-se um pouco mais. Divisou de longe uma mulher que vinha a custo abrindo caminho entre a chusma de fiéis, trazendo ao colo um menino de seus cinco ou seis anos. Seu olhar cruzou com o da persistente mãe, e, para desespero do secretário que tentava sem sucesso apressar-lhe o passo, interrompeu de vez a lenta marcha até que a criança lhe chegasse ao colo.

E chegou, radiante de estar ali nos braços do Papa. O ancião, sempre sorridente, perguntou o nome do pequenino e depois lhe fez na testa o Sinal da Cruz, dando-lhe sua bênção. Sem ter notado as pernas irremediavelmente tortas do pequeno entrevado, colocou-o no naturalmente no chão.

O menino agradeceu e saiu correndo diante dos olhos arregalados da mãe embasbacada. Quando ela olhou de volta para o Pontífice, ele já estava alguns passos à frente, com a multidão a cercá-lo. Saiu então contra a maré humana atrás do filho, dando graças aos Céus e bendizendo o Santo Padre.


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