SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Feliz Ano Novo

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

No Brasil, tudo começa depois do Carnaval.

Existem, no mundo, diversas celebrações de “Ano Novo” que diferem da mais comum, a do calendário gregoriano (1/1/2023). Muito se fala do Ano Novo chinês (22/1/2023), mas também há outros como, por exemplo, o judeu (26/9/2022); o muçulmano (30/7/2022); o ortodoxo (14/1/2023); etc.

Um Ano Novo bastante celebrado, porém cujo significado é pouco comentado, é o Ano Novo tupiniquim (22/2/2023) – o nosso! Quando falo “pouco comentado” me refiro ao fato de esse não ser tratado da mesma forma que os outros mencionados.

Isso se deve ao fato de o calendário oficial não o reconhecer; apesar de o costume popular nitidamente respeitá-lo. Não raramente, inclusive, brasileiros desejam “Feliz Ano Novo” uns aos outros na Quarta-Feira-de-Cinzas.

Trata-se, evidentemente, de uma brincadeira. É uma manifestação jocosa. Porém, por trás da piada (batida), há algo de verdade.

Afinal de contas, “no Brasil, tudo começa depois do Carnaval.” E não adianta insistir, reclamar, lutar contra… Começa mesmo.

O ano no Brasil começa na Quarta-Feira-de-Cinzas e termina na terça de Carnaval. Há ainda uma temporada de festividades que coincide com o verão. Essa inicia-se com o Natal.

As festas seguem com o Ano Novo gregoriano, continuam por todo o janeiro, e invadem fevereiro [quando há uma tentativa forçada de reinício dos trabalhos; a qual sempre falha miseravelmente]. Essas só se encerram mesmo com a entrada da Quaresma já praticamente no outono.

Isso é assim do Caboraí ao Chuí, da Seixas a Moa; desde tempos imemoriais. É algo essencialmente brasileiro.

Portanto, seria muito melhor para todo mundo, se o Brasil, ao invés de teimosamente brigar com a realidade, se adaptasse aos seus próprios costumes, respeitando as particularidades de sua própria cultura. Poderia começar reconhecendo seu verdadeiro “Ano Novo”.

É por isso que esta coluna, séria e convictamente, deseja a todos os seus leitores um brasileiríssimo “Feliz Ano Novo”.

Que tenham todos um ótimo 523 d.C.!*


  • * “d.C.” – depois de Cabral

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