SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Um Pai, uma Bola, e 1.300km de Estrada

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

Estádio do Vale (Novo Hamburgo/RS)


Reflexões de um pai que viajou 1.300km (ida e volta) para acompanhar o filho de 11 anos num torneio de futebol no sábado.


Eu passei o sábado acompanhando um dos meus filhos, de 11 anos, num torneio de futebol. O resultado foi um desastre, mas a experiência valeu muito. Meu guri estava todo emocionado. Ficou sentido que a mãe e o irmão não podiam ir e não haveria transmissão. Mas, tristeza à parte, preparou sua mochila e embarcou na aventura.

Eu não pude ir no ônibus com a delegação fazer o trajeto de 660km que separam Uruguaiana de Novo Hamburgo. Eles saíram às 22h30min da véspera dos jogos. Eu fui horas antes, de carona. Nos encontramos no dia seguinte já no Estádio do Vale do Esporte Clube Novo Hamburgo – o campeão gaúcho de 2017.

Times do estado inteiro estavam presentes. A Chapecoense de Uruguaiana disputava as semifinais da NOLIGAFI Evolução Sub-11 e Sub-13, mas havia jogos pela Liga da Serra (acho que Sub-9) e até pelo Gauchão Sub-15 (Novo Hamburgo x Juventude). As partidas ocorreram nos campos suplementares, mas o Sub-15 jogou no campo principal.

De Uruguaiana, havia como que uns oito pais apoiando. Os demais times tinham um número pouco maior de torcedores. Nós éramos os que tinham viajado mais para acompanhar a gurizada; e nem sequer houve competição nesse quesito. “Bah! Uruguaiana é longe.

Sim, a gente sabe. Mas não basta ser pai, tem que participar. Então, a gente foi.

Os guris sentiram a inexperiência e a viagem. Nada deu certo. Foram duas derrotas. Mas foi a primeira vez. Certamente estarão melhores e mais bem preparados no ano que vem.

Sempre ouço que pais não devem pressionar os filhos, cobrar demais. Tudo bem. Entendo. Mas o que fazer quando quem se cobra demais é o filho? O meu é extremamente competitivo e exigente consigo mesmo. Eu tenho que passar o desinflando. É difícil. E eu não achei nada a esse respeito ainda para me dar um norte.

O resultado foi duro para ele. Um primo de Porto Alegre foi assistir os jogos, e o meu filho queria passear com ele depois das partidas. Ele já chateado com a atuação e com as derrotas teve que ouvir um “não”. Tenso! Sorte nossa, passado um tempo, ele entendeu a situação.

Aproveitamos para assistir jogos, conhecer o estádio, e conversar. No fim, achei isso melhor do que se ele tivesse conseguido o que queria.

O sonho é dele. Eu só quero ajudar. Foi uma baita oportunidade para eu ser pai. Espero que tenha feito bem o papel.

2 COMENTÁRIOS

  1. Certamente o fez. É bem isso. Acompanhar o filho e estar ali para o sucesso ou o fracasso. Cobrar ou não cobrar, creio eu, não tem receita pronta. Cada situação pede uma ação. Patabéns por estar ali. À disposição de uma alma em crescimento.

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