SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Sobre Nazistas em SC e outros temas

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

“Tudo Nazista!” (alguém, provavelmente)

Amigo meu me escreve: “Hoje pela manhã tive que debater, num grupo do Livres, se há ou não há células nazistas em Santa Catarina.

            Sim, eu tenho amigos no Livres. Há gente boa no Livres. Nunca neguei. Há pautas boas no Livres, inclusive. Meu problema com o Livres é outro. Poucas coisas me preocupam mais na política que “purismo”; e o Livres me parece ter fortes tendências puristas. Porém, isso não é o mais importante aqui.

            O mais relevante aqui é a preocupação com “células nazistas em Santa Catarina”. Existem? Claro que sim. São importantes? Claro que não.

            Os alemães e os italianos que vieram para cá são os mesmos que lá foram desaguar no nazismo e no fascismo. Generalizando, são gente honesta, ordeira, trabalhadora, xenófoba, e racista. Todas as comunidades têm suas qualidades e seus defeitos. Eles não são diferentes.

            Há entre eles quem não seja nenhuma ou alguma dessas coisas. Muitos sabem ser errados os últimos predicados e se controlam. Há outros tantos que, infelizmente, não compartem dessa noção. Desses, apenas uma minoria é que resolve efetivamente por “as mãos na massa”.

            Portanto, há nazistas e fascistas. Não é preciso negar isso. Agora, de aí a se importar com células nazistas, vai uma distância enorme.

Pior ainda é extrapolar que qualquer um que defenda uma agenda qualquer (sei lá, tipo armamento civil) seja nazista. Contudo, é algo que se faz direto e bastante. Para mim, isso é um problema muito mais importante para os brasileiros resolvermos.

Para começar, é muito diferente “estar com alguém” e “alguém estar contigo”. Essa é uma distinção importante para evitar-se cair em falácia. Que comunistas eventualmente concordem nalgo contigo, isso não faz de ti um comunista.

Outro ponto relevante é saber que a minha resposta a um determinado problema NÃO é a única possível. Alguém discordar de mim NÃO faz da pessoa uma “inimiga do combate ao problema”.

Outrossim, há também o fato de as pessoas priorizarem problemas de maneira distinta. De alguém discordar de mim sobre a relevância de uma questão NÃO se conclui necessariamente que tal pessoa ignore o problema ou seja contra resolvê-lo. Na maior parte das vezes, ela simplesmente tem foco sobre outras questões.

Mas, que adianta? É muito mais fácil e confortável abraçar-se na falácia e tachar o outro de nazista ou comunista. Aliás, isso acaba fazendo com o que o problema pareça muito maior do que realmente o é.


CURTAS:

DOIS DE FEVEREIRO

Há vezes em que a musa aparece antes. Minha esposa já me disse que nessas horas, eu devo escrever e deixar o texto de reserva. Afinal, nem sempre chegarei na segunda-feira com assunto para tratar.

Porém, ao invés de guardar o texto que escrevi no sábado, eu o publiquei no Instagram e no Facebook. É sobre o 2 de fevereiro, Dia de Nossa Senhora de Navegantes e de Iemanjá. Há polêmica sobre essas festividades e sobre a relação entre as homenageadas. Os linques estão aí para quem quiser ler.

            AS ILUSÕES DO PROGRESSISMO

            Em dezembro, a Edições 70 lançou o livro “Escravos do Amanhã: as ilusões do progressismo” de Lucas Berlanza e Hiago Rebello. Eu ainda não tive o prazer de lê-lo. Porém, os autores estiveram conversando com Alex Catharino no Instagram. Pelo que disseram, a obra vale a pena ser lida. Aliás, a entrevista vale a pena ser assistida. Clica no linque.

            Trata-se de um tópico polêmico e tendente à confusão. Contudo, tanto Berlanza quanto Rebello deixam claro estarem ciente disso. Um dos objetivos do livro seria justamente enfrentar esses problemas. Eles ainda levam a abordagem mais adiante, ao falarem do progressismo de Direita. A Direita não é um santuário livre desse tipo de erro, e eles enfrentam isso de peito aberto.

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