SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Me metendo em briga alheia

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

Na verdade, é só desculpa para falar de outra coisa…


O que a Guerra na Ucrânia, intriga de internet, política, filosofia, branco de escritor, a Bíblia, e Sísifo têm em comum?
Nem o autor sabe, mas, ainda assim, juntou tudo isso no texto desta semana.


Sinceramente, há semanas em que não consigo pensar no que escrever. Esta foi uma dessas.

Gostaria às vezes de ser como o marido da chefe, que, por exemplo, acha a Guerra da Ucrânia um tema relevantíssimo. Já eu, penso que isso é um problema muito acima da alçada do Brasil – o que dirá da minha.

É triste, como qualquer conflito. Mas o que se pode fazer? Eles vão ficar se matando por lá. Gente sofrerá. Aqueles que efetivamente devem se envolver ficarão procurando soluções. Nalguma hora haverá um cessar-fogo. A vida seguirá até a próxima guerra eclodir noutro lugar.

Não é assim sempre? Sei lá.

Só sei que se eu estivesse preocupado com isso, quiçá teria escrito um texto sobre o tema ao menos. Como não estou, tive que procurar outra inspiração.

As redes sociais às vezes me salvam, mas não tive muita sorte desta vez. Para não dizer que não aconteceu nada, houve um episódio, digamos, pitoresco esta semana.

Eu nem queria falar sobre isso, pois envolve a chefe. Mas já que comecei…

A chefe acabou vítima de um “espantalho” – a falácia em que alguém procura refutar outrem sem atacar de fato o argumento apresentado. Numa laive no Youtube, um tipo relativamente conhecido, metido a político, usou um vídeo da Bruna Torlay para atacar terceiros.

Por que a Bruna? Simplesmente porque a Bruna gravou-se dizendo o óbvio.

Ela só fez dois pontos: rejeitou a premissa que qualquer pessoa envolvida com o Bolsonarismo seja um totalitário; e afirmou que, enquanto o Bolsonarismo se mantiver como expoente da Direita brasileira, é inevitável que se forme uma coalizão das forças da Direita sob a liderança desse.

São poucos que, efetivamente, desejam pensar. O tipo lá resolveu interpretar o vídeo da forma mais estapafúrdia possível.

Associou a Bruna com pessoas que ela só conhece por serem pessoas públicas. Deduziu que a posição dela seria motivada por fraqueza pessoal. Alegou que a Bruna afirmara coisas que ela não disse. E usou isso para bater naquelas pessoas com as quais ele associou a Bruna.

Fosse só isso, já seria ruim. Mas piora. Para resumir, já que não se gasta pólvora com chimango, e já falei demais, ao fim e ao cabo, ela cai naquilo que o Olavo de Carvalho chamava de “paralaxe conceitual”. Se aplicar o que ele fala ao discurso dele mesmo, já se auto-refuta.

Ele nem se dá conta que, no fundo, o discurso dele é idêntico à postura que ele diz combater. Aí, fica difícil…

Enfim, é preciso lembrar que todos somos vítimas das carências culturais brasileiras. Isso não muda de repente. Precisamos, primeiro, enfrentar nossas próprias deficiências. Política também depende de auto-conhecimento – individual e comunitário.

Desconfiemos de quem se apresenta como solucionador dos nossos problemas; paladino do bem e da justiça. Não há mágica. Não há “salvadores da pátria”. Somos todos falíveis e corrompíveis.

É preciso paciência. Contudo, não há motivo para desespero.

Em Mc 1:15 está escrito: “E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.”

Para quem não crê, traduzo. Noutras palavras, a mensagem é a seguinte: qualquer sonho de utopia é insanidade; todo temor apocalíptico é despropositado.

O Fim é conhecido. A Guerra está ganha. Essa nunca esteve em risco de ser perdida.

O que enfrentamos diariamente são batalhas. Nessas, podemos vencer ou perder; mas independentemente do que ocorra, isso não afeta o resultado final. A vida, portanto, continua e continuará.

Com atraso, finalmente publiquei a coluna. Isso significa que a batalha pelo texto da próxima semana começou.

À luta, pois!

6 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns, Paulo Sanchotene! A luta foi árdua, mas você venceu a batalha com louvor. É um belo artigo! Tenha sempre em mente a lição de São Paulo: “combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Abertos

Últimos do Autor