CESAR LIMA | Os conservadores sabem lutar contra o PT e a esquerda?

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O PT nunca foi um Partido comum, ele nasceu em 1980, ainda em pleno Regime Militar, mas era um projeto antigo dos “intelectuais” da esquerda brasileira, um projeto gramsciano que acabou dando muito certo.

Já na década de 1960, enquanto o Brasil era sacudido por eventos extremos na política, a esquerda era dividida naqueles que queriam a luta armada e naqueles que acreditavam em uma mudança por dentro da própria Democracia, sendo Gramsci já debatido fortemente pelos “intelectuais de esquerda”.

Apesar de vários outros autores já citarem e explicarem Antonio Gramsci, acho necessário um breve resumo de quem foi esse pensador para a continuidade do nosso raciocínio.

Antonio Gramsci era um filósofo marxista italiano, nascido no final do século XIX, obviamente influenciado pelo espírito da modernidade Iluminista que, apesar de marxista, identificou falhas na aplicação do marxismo observando a loucura soviética e seu inevitável fracasso, pois via que a sociedade russa, do início do século XX, como extremamente conservadora e religiosa e, portanto, com valores que os líderes soviéticos não conseguiriam substituir pelo exclusivo uso da força e do Estado policial puro e simples.

Baseado nisso, tratou de elaborar uma teoria em que uma sociedade só poderia ser dominada quando seus valores morais e culturais fossem totalmente reescritos por dentro, primeiro atingindo a hegemonia cultural para, somente depois, atingir a hegemonia política. Esse é apenas um pequeníssimo resumo para entendimento básico.

Voltando, então, ao caos político dos anos 1960, havia a esquerda tradicional que acreditava ainda no uso da força armada para a tomada do poder político, implementando a revolução comunista aos moldes soviéticos ou chineses e havia a esquerda “moderada”, que já era bem influenciada por Gramsci.

Como os militares estavam conseguindo vencer pelas armas, e a população em geral era favorável a estes, ou simplesmente não colocava obstáculos, a luta armada já era enxergada, por intelectuais de esquerda, deixados em paz pelos militares, como perdida e então já elaboravam meios diferentes para a revolução, sendo Gramsci o mais badalado em seu manual de tomada de poder.

Assim, em 1980, ainda durante o Regime Militar, mas em uma fase já de abrandamento, surgiu o Partido dos Trabalhadores, uma junção de intelectuais, estudantes universitários, sindicalistas e os católicos adeptos da Teologia da Libertação, todos pregando o amor pelo povo oprimido, soluções para a pobreza e a busca pela paz.

Basicamente foi assim que o PT foi se popularizando, com um trabalho intenso nas Universidades, nas Comunidades Eclesiais de Base, nos Sindicatos e, claro, na Imprensa, Cultura e nos altos servidores públicos (todos saídos diretamente das Universidades).

Daqui para a frente, não vou fazer entrar na continuidade da história do PT, ela é bem conhecida por quase todos, o tema central é que a esquerda gramscista sempre investiu na base da sociedade, na religião, na educação e, com essa base formada, passou a usar a estrutura partidária, com os recursos públicos que isso acarreta, bem como o Estado, na ampliação dessa base, contaminando toda a sociedade.

Com a ascensão da nova Direita, por volta de 2013, o que vemos é um combate político e a busca por ganhar espaços nas eleições, em uma estratégia que a esquerda está muito mais preparada para enfrentar, seja no discurso ou nas ações das Instituições contra o crescimento dessa Direita, o maior exemplo disso é a Ditadura judicial em que estamos hoje, pois a esquerda, com a hegemonia cultural, não tem problema nenhum em usar o autoritarismo como sequencia de seu projeto.

Do lado conservador, com raríssimas exceções, vemos uma cegueira e uma pressa exacerbada em conquistar cargos nas altas esferas da Administração Pública em todos os níveis através de eleições, brigando inclusive entre si por saber quem é mais conservador que o outro, tudo para ganhar votos.

Isso fica muito claro no atual debate sobre eleições municipais.

Não vemos esses políticos e lideranças conservadores investindo suas verbas partidárias, ou doações privadas, para atacar o problema em seu âmago, ou seja, na Educação e preparo da população e militância, que identifica-se com suas pautas, mas que padece ainda do entendimento, bem como nos princípios conservadores ou na restauração dos princípios formadores dos valores Ocidentais judaico-cristãos, que foram responsáveis pela formação de tudo que conhecemos como civilização ocidental.

Se os conservadores não se atentarem para a verdadeira luta, muito mais importante que qualquer eleição no atual cenário, estamos fadados a sermos sempre derrotados, pois a esquerda, como já dito, tem a hegemonia na sociedade e na Máquina Estatal, construída com muita paciência e visão de futuro.

Não, ainda não sabemos combater o PT e o que suas ideias representam no atual momento brasileiro e, porque não dizer, mundial.

2 COMENTÁRIOS

  1. Como sempre brilhante!
    “Se os conservadores não se atentarem para a verdadeira luta, muito mais importante que qualquer eleição no atual cenário, estamos fadados a sermos sempre derrotados, pois a esquerda, como já dito, tem a hegemonia na sociedade e na Máquina Estatal, construída com muita paciência e visão de futuro”
    Infelizmente a direita é desorganizada

  2. Dr. César sempre resumindo de forma clara e concisa os temas abordados. Em cada artigo uma aula que até mesmo os menos politizados conseguem entender. Parabéns!!!

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