MURALHA DE LIVROS | O economista, o poeta, os historiadores e os santos

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Destaque para importante lançamento de Ludwig von Mises 

Um economista, um poeta, dois historiadores e um sem-número de santos compõem esta edição da Muralha. Acompanhe os lançamentos abaixo, e um excelente final de semana!

Destaques

O primeiro destaque na semana é um lançamento da Vide, Governo onipotente – A ascensão do Estado totalitário e a Guerra Total, de Ludwig von Mises.

Este livro, publicado em 1944, foi o primeiro que Mises escreveu nos Estados Unidos, após sua partida, em 1940, da Europa assombrada por Hitler e pela II Guerra Mundial. Nele, o grande economista austríaco fornece uma explicação para os conflitos internacionais, como sendo causados pela interferência dos governos na economia. Afirmava ele, então, que o estatismo era a verdadeira ideologia nefasta por trás das ideias do Führer, invalidando totalmente a mentira marxista segundo a qual o terror do nazismo seria uma expressão do capitalismo monopolista. Muito ao contrário, o nazismo seria uma forma bastante ortodoxa de socialismo, ao qual seria preciso contrapor uma correta teoria econômica e mostrar que o livre comércio, e não a conquista dos territórios estrangeiros, é o meio para promover a prosperidade dos povos. 

Governo Onipotente tornou-se, assim, um dos escritos mais influentes do pensamento libertário e da crítica ao estatismo, e um guia indispensável para a compreensão da história dos últimos dois séculos.

Confira abaixo um trecho da obra:

“O caráter distintivo do nazismo não é socialismo, totalitarismo ou nacionalismo. Em todas as nações da atualidade, os progressistas estão ávidos por substituir o socialismo pelo capitalismo. Enquanto combatem os agressores alemães, Grã-Bretanha e Estados Unidos estão, pouco a pouco, adotando o modelo de socialismo da Alemanha. Em ambos os países, a opinião pública está plenamente convicta de que um controle total dos negócios é inevitável em tempos de guerra, e muitos políticos eminentes, bem como milhões de eleitores, estão absolutamente determinados a preservar o socialismo, depois da guerra, como um novo tipo de ordem social.”

O outro destaque é da Edições Livre, o clássico Tarde, de Olavo Bilac.

O livroé considerado o coroamento da obra de Olavo Bilac e da poesia parnasiana no Brasil. Fruto da maturidade do autor, tornou-se seu livro de sonetos mais conhecido. A redação dos poemas, publicados postumamente em 1919, foi concluída no ano da morte de Bilac.

Reunidos sob um título que anuncia o tom crepuscular predominante nas composições, os 99 sonetos petrarquianos rigorosamente rimados revelam a abertura do poeta a temas mais metafísicos, versando sobre o amor, a beleza feminina, a pátria e os grandiosos eventos da história nacional, o trabalho e o progresso, a velhice, a solidão, o tédio, a metalinguagem e a mitologia.

Confira abaixo o soneto “Anchieta”, que integra a obra:

Cavaleiro da mística aventura,
Herói cristão! nas provações atrozes
Sonhas, casando a tua voz às vozes
Dos ventos e dos rios na espessura:

Entrando as brenhas, teu amor procura
Os índios, ora filhos, ora algozes,
Aves pela inocência, e onças ferozes
Pela bruteza, na floresta escura.

Semeador de esperanças e quimeras, 
Bandeirante de “entradas” mais suaves,
Nos espinhos a carne dilaceras:

E, porque as almas e os sertões desbraves, 
Cantas: Orfeu humanizando as feras,
São Francisco de Assis pregando às aves.

Outros lançamentos

Pela Kírion, A missão da História Cultural e outros ensaios, de Johan Huizinga.

O livro reúne quatro importantes ensaios do grande historiador e linguista inglês, autor de obras consagradas como O outono da Idade Média e Homo lundens. Além do ensaio da dá título ao livro, os textos que compõem o volume são “Sobre a definição do conceito de história”, “Estudos da Renascença” e “Renascença e realismo”.

Confira a seguir um trecho da obra:

“Não há outra ciência cujas portas estejam tão abertas ao público em geral como as da história. Em nenhuma outra ciência a transição de diletante para especialista é tão fluida como na história. Em nenhum outro campo se exigem tão poucos conhecimentos prévios de caráter científico para compreender um trabalho de história ou para escrevê-lo. Em todas as épocas, a história tem florescido muito mais na vida do que na escola.
O sistema escolar da Idade Média, formado com base na tradição da Antiguidade tardia, não reservava um lugar especial para a história. As sete artes liberais e os três grandes estudos que as coroavam, teologia, jurisprudência e medicina, foram o solo nutrício do qual brotou a maioria das ciências modernas, através de um processo de desdobramento e ramificação.”

Pela Edusp, Flávio Josefo: um compêndio. Obra organizada por Honora Howell Chapman e Zuleika Rodgers, o volume apresenta  apresenta importantes estudos sobre aquele que é considerado o mais importante historiador da Antiguidade judaica, e cujas obras trazem informações sobre o mundo do judaísmo do Segundo Templo, o início do cristianismo e os primeiros anos do Império Romano.

Este compêndio reúne trinta ensaios de pesquisadores internacionais apresentando e discutindo as obras do historiador, contando com diversas abordagens temáticas, que incluem a história da recepção e da utilização dos textos ao longo dos séculos. Os ensaios introduzem os escritos do historiador, contextualizando-os no cenário histórico da época, comparando-os com obras contemporâneas gregas, romanas, judaicas e cristãs. Exploram também o dinamismo da transmissão e recepção desses escritos ao longo de sua notável trajetória desde a Antiguidade Tardia até os períodos medieval e moderno. Em cada um dos ensaios, são indicados a bibliografia e sugeridas as leituras complementares que podem aprofundar e ampliar as discussões apresentadas.

Pela Ecclesiae, O mal e o pecado, de Santo Tomás de Aquino.

O estudo sobre o mal deve nos conduzir ao Sumo Bem. Saber que o mal é uma ausência do bem devido, que o pecado consiste propriamente nas ações voluntárias desordenadas e que nós herdamos pela natureza, conforme a doutrina cristã, o pecado original — tudo isso contribui para que conheçamos melhor a nós mesmos, percebendo que precisamos do auxílio da graça e da razão.

Já o estudo sobre o pecado nos mostra que o pecado atual está condicionado à eleição humana. Ele não se dá inexoravelmente, mas é uma decorrência do mau uso do livre-arbítrio do homem: assim, devemos lutar e implorar a ajuda divina para vencer as tentações. Diante do mal, é preciso ter sempre, por mais difícil que seja, um olhar de esperança, fruto especial da fé, pois “Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8, 28), e as vias de Deus são mais largas e mais perfeitas do que o homem pode conceber.

Pré-vendas

Pela Editora Imaculada, Quatro mulheres santas: vida e profecias, do Padre Ángel Peña.

A obra reúne as biografias de quatro mulheres que fizeram da sua vida uma entrega a Nosso Senhor e a sua Igreja, com o objetivo de reparar e salvar almas, e por meio das quais foram realizados tantos milagres, mostrando que Deus escolhe os fracos e frágeis pra confundir a soberba do mundo: Beata Elena Aiello, Beata Isabel Canori Mora, Seva de Deus Marthe Robin e Seva de Deus Teresa Musco.
O leitor que não está habituado com dons místicos e extraordinários se surpreenderá com os relatos apresentados, os quais comprovam que a fé católica tem no seu caráter sobrenatural a sua essência. Também são surpreendentes as profecias de Isabel Canori Mora e Elena Aiello, pois muitos dos fatos e cenários preocupantes apresentados já puderam ser observados nos últimos anos. 

A pré-venda acontece no site da editora.

Pelo Centro Dom Bosco, a campanha da obra História dos Mártires, trilogia organizada por Lucas Lancaster, que reúne textos sobre os mártires cristãos dos quatro primeiros séculos da Igreja.

O primeiro tomo reúne trinta textos relatando martírios ocorridos entre os anos 33 e 238, desde as perseguições judaicas até as perseguições sistemáticas do começo do século III. Terá acesso aos registros dos martírios ocorridos sob Nero e Domiciano, no século I; sob Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio e Cômodo, no século II; e sob Sétimo Severo, Caracala, Alexandre Severo e Maximino Trácio, na primeira metade do século III.

segundo tomo, mais de sessenta textos relatando as “grandes perseguições” ocorridas entre 249 e 302, sobretudo sob Décio e Valeriano, e durante as primeiras duas décadas do reinado de Diocleciano.

terceiro tomo, mais de cinquenta textos que narram os martírios ocorridos durante a pior das perseguições, a “Grande Perseguição de Diocleciano”, iniciada em 304 e estendida até 312. O volume inclui, ainda, textos da perseguição de Licínio, e dos últimos martírios, ocorridos por ordem de Juliano, o Apóstata (361-363) em sua iníqua e malfadada tentativa de repaganizar o Império Romano.

A pré-venda acontece no site da editora.

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