Destaque para biografias de Che Guevara e Lampião
Uma triste realidade de nosso tempo é a idealização de bandidos como heróis. Ladrões, assassinos e estupradores têm suas biografias romanticamente reconfiguradas por intelectuais e figuram em filmes e obras literárias, assim como na mídia e nas salas de aula (da Academia ao pré-escola) como verdadeiros bastiões da justiça e da liberdade. Os destaques desta semana desmascaram dois destes psicopatas.
Ainda entre os tijolos desta Muralha, o quinto volume de uma monumental saga urbana da literatura nacional e um precioso devocionário bilíngue latim-português.
Acompanhe abaixo as novidades que abrem nosso setembro, e um excelente sábado!
Destaques
O primeiro destaque da semana é um lançamento da Vide, Máquina de matar: biografia definitiva de Che Guevara, de Nicoláz Márquez. Nesta biografia, que se pretende definitiva, o autor serviu-se de fontes primárias, como as cartas do próprio Che e os relatos de quem convivia com ele, e absorveu inúmeras outras biografias, especialmente as laudatórias, de autores de esquerda. Aqui o leitor verá narrada a verdadeira vida de Ernesto Guevara de la Serna, desde o menino deixado de lado pelos pais, o adolescente sujo e rebelde, o jovem peregrino dos “diários de motocicleta”, e também o carniceiro de La Cabaña, o tirano do terror, o político inepto e arrogante, até sua morte, fuzilado na Bolívia.
Esta biografia arrepiante, e sinistramente trágica, é muito diferente de como a querem pintar intelectuais marxistas de hoje e os que lucram com a imagem idealizada de Che Guevara.
Confira abaixo um trecho da obra:
“A realidade é que a maior parte dos inúmeros livros ou filmes lançados sobre Ernesto Guevara visa a enfatizar, acima de tudo, três aspectos distintivos do personagem em questão. Alguns focam as aventuras turísticas do mochileiro pós-adolescente. Outros apontam para suas atividades guerrilheiras em diferentes campos de batalha. Um terceiro grupo tenta resgatar não somente seu pensamento político, mas também sua abordagem estratégico-militar, refletida em seus diversos escritos divulgados por meio de folhetins, cartas, discursos, notas e diários pessoais. Bem, nesta biografia definitiva trataremos não só desses três aspectos, mas de muitas outras searas da vida e obra de um sujeito tão multifacetado.
Curiosamente, toda a divulgação em torno de Guevara, seja em filmes, romances, biografias e agora também livro infantil, apresenta um denominador comum monotemático: glorificar e enaltecer, sem grandes controvérsias, o personagem que aqui nos interessa. Em outras palavras, toda essa farta produção encarregou-se de canonizar o Che, consagrando-o como uma espécie de fetiche do progressismo internacional ou sacrossanto souvenir do jornalismo de massa: mediocridade discursiva e informativa à qual se soma a condescendência de uma classe política marcada pela estreiteza intelectual, covardia ideológica ou submissão deliberada aos ditames da ‘correção’ e das pesquisas de opinião.”
Em sintonia com o lançamento da Vide, o segundo destaque da semana, da Edições 70, desmascara outro criminoso idealizado. Trata-se do livro Da Silva: a grande fake news da esquerda, em que o autor Pavinatto expõe o verdadeiro – e criminoso – perfil de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
O mais famoso e cultuado cangaceiro brasileiro não foi herói ou vingador. Terrorista mercenário que extorquia os ricos e destroçava a vida dos pobres com sadismo bestial, Lampião foi um criminoso serial que promoveu uma simbiose entre o cangaço e o coronelismo e, na prática, tornou-se um coronel itinerante de coronéis sedentarizados. Agente da miséria a soldo dos donos do poder que sempre lucraram com a pobreza, Lampião compartilhou com eles esse lucro: o povo miserável, pobre e mediano era vítima desse bandido parasitário e sádico. A falsa estética do seu heroísmo, a grande mentira do mito de Lampião foi engendrada pelo comunismo brasileiro em meados da década de 1920. Fake news perversa, o retrato de Lampião como herói ou injustiçado, ou qualquer coisa que o valha é, em última análise, um fenômeno produzido pela estupidez humana canalizada para o coletivo da esquerda brasileira.
Outros lançamentos
Pela Sétimo Selo, Os renegados, de Octavio de Faria. Quinto volume de A Tragédia Burguesa, o romance tem foco nas trajetórias de Ivo Freitas e Branco Barros, antípodas e dois dos personagens mais trágicos e tristes dessa monumental saga urbana. Aparentemente opostos, porém “gêmeos”, os mundos de Ivo e Branco são um profundamente tristes, e fazem parte de uma mesmo cenário de hipocrisia e mentira, de capitulação diante da realidade carnal, de aceitação do homem como “um escravo vendido ao pecado”. Quando em volta tudo vacila, tudo é perigo, tudo fala de uma experiência que não pode mais ser evitada e não pode ser vivida, começa lentamente o caminho da renegação.
Pela Ecclesiae, Devotionaruim: orações cotidianas. Verdadeira pérola da editora, o volume é um compilado de orações e devoções do tesouro da Igreja para acompanhar o fiel católico nos diversos momentos do dia e nas mais variadas ocasiões: ele contém as principais orações da fé católica em latim e português, orações da manhã e da noite, a Nossa Senhora, a São José, orações para antes da Santa Missa, para a ação de graças, hinos, ladainhas e preces para diversas necessidades.