MURALHA DE LIVROS | A crise do mundo moderno, “Ancapistão” e literatura infantil

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Destaques para lançamentos das editors Sétimo Selo, Vide e Ecclesiae relacionadas à crise do mundo moderno 

Esta semana foi especialmente notável sobretudo em relação ao Grupo CEDET, que trouxe um lançamento para cada dia da semana em 5 de seus selos. Os destaques, desta vez, ficam com três destes lançamentos, todas elas, de alguma forma, relacionadas à crise do mundo moderno. Também há um importante début do polêmico Paulo Kogos no mercado editorial, com uma obra sobre as razões filosóficas do anarcocapitalismo, além de dois importantes lançamentos para o público infantil – um deles, do sempre impecável Centro Dom Bosco.

Acompanhe as dicas a seguir e escolha seu tijolos!

Destaques

O primeiro destaque é o livro que abriu os lançamentos da semana, O anjo de pedra, de Octavio de Faria, pela Editora Sétimo Selo. Quarto dos 15 romances que compõem a série A tragédia burguesa, O anjo de pedra aprofunda-se na “saga” da dissolução moral da sociedade brasileira com o retrato do cotidiano sobretudo dos adolescentes e jovens de algumas famílias da pequena burguesia carioca no período entre guerras, na segunda metade dos anos 1930 e início dos anos 1940.

Esta obra monumental de Octavio de Faria, cujas publicações se estenderam por cinco décadas (com o lançamento póstumo dos dois últimos volumes em 1985), constituiu um painel de costumes ímpar da literatura brasileira, só encontrando similares nas obras de Balzac, Proust, Faulkner e Dostoievsky. O debacle moral retratado pelo autor é acompanhado diretamente pelo afastamento das pessoas da Igreja, com destaque sobretudo para o aprofundamento da análise psicológica dos personagens e a sondagem de suas almas em intenso conflito.

Infelizmente, como nota o professor Rodrigo Gurgel, devido às tendências niilistas e marxistas da crítica contemporânea, os romances de Octavio de Faria acabaram tornando-se “os mais desconhecidos da literatura nacional”. Agora, graças à Sétimo Selo, essa situação pode ser revertida!

O segundo destaque vai para uma publicação da Vide Editorial, Ciência como salvação: o mito moderno e seu sentido, da filósofa britânica e professora da Universidade de Newcastle, Mary Midgley (1919 – 2018). Midgley foi uma forte opositora de qualquer tentativa de fazer da ciência um substituto para as humanidades, tendo discutido publicamente com figuras como Richard Dawkins e Stephen Hawking. Neste livro, ela procura desmistificar o cientificismo rasteiro que tomou conta imaginário ocidental a partir do século XIX, a ponto de chegarmos aos dias atuais com uma gigantesca parcela da população mundial tomando como verdades universais e indiscutíveis tudo o que é postulado por “cientistas” e “especialistas” de que jamais ouviram falar, e aceitando bovinamente medidas totalitárias adotadas em nome de “um bem maior”, com base na “ciência”.

Confira abaixo alguns trechos do livro:

“A idéia de que precisamos pensar teleologicamente não está na moda hoje, e pode ser rejeitada como extravagante. Creio que essa rejeição fique cada vez menos plausível uma vez que se nota a extravagância e a implausibilidade das visões que se supõe substituírem-na […]. Mas não há necessidade, neste momento, de o leitor alarmado apertar o botão anti-Deus.

Essa atribuição de significado para os fenômenos ordenados é algo extremamente modesto, humilde e geral. Não é nada tão arrojado e específico como um argumento de desígnio para um criador inteligente e humanóide. […] O ponto é apenas que essa categoria do inteligível é considerada necessariamente como algo semelhante à mente, porque a ordem que detectamos nela é do tipo que as nossas mentes reconhecem.”

A publicação de Mary Midgley pela Vide vem na esteira de outras importantes contribuições sobre os enganos e perigos do moderno cientificismo, como A ascendência da ditadura científica: um exame da autocracia epistêmica, do século XIX ao XXI, de Phillip Darrell Collins e Paul David Collins, De Darwin a Hitler: ética evolucionária, eugenia e racismo na Alemanha, de Richard Weikart, Cosmos e transcendência: rompendo a barreira da crença cientificista, de Wolfgang Smith, entre outros.

E se um dos destaques da semana revela o debacle moral moderno com o afastamento das pessoas de Deus, e o segundo mostra um dos resultados desse afastamento, com a deificação da “ciência”, o terceiro é justamente uma muito bem fundamentada defesa da existência de Nosso Senhor Jesus Cristo, com embasamento devidamente fundamentado: Em defesa do Cristo: as evidências bíblicas e históricas de Jesus, de Brant Pitre, publicado pela Ecclesiae.

Nesta defesa, Pitre volta às fontes para demonstrar que descobertas recentes sobre o Novo Testamento, juntamente com evidências de manuscritos antigos e dos Padres da Igreja primitiva — antes deixadas de lado —, têm o potencial para derrubar todo um século de ceticismo em relação aos Evangelhos.

É interessante aqui chamar atenção para que este livro é o resultado dos esforços do autor em provar a inexistência de Jesus Cristo. Pitre, então um ateu convicto, irritou-se com a conversão de sua esposa, e empenhou-se em um sem-número de estudos para comprovar suas convicções. O resultado foi, além de sua conversão, a bela obra que a Ecclesiae lança nesta semana.

Outros lançamentos

Pela O Mínimo, seu 17º título, O mínimo sobre anarcocapitalismo, de Paulo Kogos. Neste livro, o pra lá de polêmico influenciador esclarece o que afinal é o anarcocapitalismo e como é ser um ancap: não se trata de uma maneira desregrada de viver o capitalismo mais selvagem possível, tampouco uma proposta capitalista para um movimento radicalmente anárquico. Há toda um embasamento filosófico por trás dessa ideia, e é sobre isso que Kogos se debruça.

Para os pequenos leitores, a Pelicano lançou Travando línguas travessas, de Cristina Biazetto. Com sugestão de leitura compartilhada a partir dos 4 anos, e independente a partir dos 9, da letra A à Z o livro traz diversas aventuras em que a criança aprende vocabulário e poética enquanto se diverte no processo de alfabetização e letramento. Confira um pequeno trecho da aventura sobre a letra D: “Demétrio, o dromedário detetive, denunciava delitos sem demora. Dias e dias dedicados a descobrir dólares desaparecidos com delinquentes disfarçados de dirigentes.

Para encerrar, pelo Centro Dom Bosco, outro importante lançamento para os pequenos, Histórias bíblicas para crianças, uma obra pensada para introduzir, de forma simples, os pequenos na história da nossa salvação. Aqui, as passagens mais marcantes das Sagradas Letras, desde a Criação até a Ascensão de Cristo, estão descritas e ilustradas, de modo que, desde tenra idade, as nossas crianças possam participar, conhecer e amar as riquíssimas e instrutivas narrativas do Antigo e do Novo Testamento.


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