Homenagem ao Dia do Rock: 6 bandas “lado B” pra sair da mesmice

Larissa Castelo Branco
Larissa Castelo Branco
Bibliotecária em hiatus que se aventura na escrita, revisora textual, metida a cinéfila e apaixonada por Comunicação e Literatura. Em constante batalha contra a desinformação e a histeria coletiva, aprendeu com a esquerda como um ser humano não deve ser.

Um gênero musical onde há artistas que ainda mantém raízes no respeito ao passado

A data 13 de julho não é a mesma desde que Bob Geldof e Midge Ure resolveram arrecadar fundos para combater a fome na África. Em 1985, surgiu a ideia de realizar um festival com uma proposta ousada: ele aconteceria simultaneamente em duas cidades – Inglaterra e Filadélfia – e seria transmitido para todo o mundo. O que eles até então não sabiam é que o Live Aid mudaria para sempre a história da música. Sua audiência chegou a bater 2 milhões de espectadores, um marco imenso à época, uma vez que ainda não havia plataformas de streamings e nem lives em redes sociais.

Nomes gigantes participaram do evento, como Queen, The Who, Led Zeppelin, Beach Boys, Black Sabbath, U2, Mick Jagger, Eric Clapton, David Bowie, Paul MacCartney, Spandau Ballet, Hall & Oates, dentre outros. Uma verdadeira constelação de bandas e artistas clássicas cujas canções ainda são entoadas a plenos pulmões.

Desde 1985, o Dia do Rock é lembrado e comemorado pelos amantes do estilo; e sejamos sinceros, não há gênero mais atemporal e que contemple tantas composições sobre as quais podemos nos debruçar e compreender o mundo de uma forma mais ampla. Enquanto consumidores de cultura, nós também somos transformados por ela, forjamos nosso senso crítico e sensibilidade.

Pensando nisso, fizemos uma seleção especial com bandas consideradas “lado B”, ou seja, fora do hall da fama e que merecem (e muito!) a apreciação do grande público.

1. Elf – Annie New Orleans

Fundada em 1967, o Elf foi uma das muitas bandas que contou com Ronnie James Dio nos vocais. Com um estilo que mistura rock, jazz e Southern, o Elf teve seu primeiro álbum produzido pelo Deep Purple. Alguns anos mais tarda, a banda separou, dando origem a um novo grupo: o Rainbow.

Formação original do Elf, em meados da década de 60.

2. Slade – Run Runaway

Mais uma das amostras da potência musical da Inglaterra. Formado em 1966, durante um período o Slade foi um dos grandes nomes do glam rock e dono de hits como My Oh My. Porém, com o surgimento de outros grupos, o Slade ficou um pouco de escanteio, um grande erro. A potente voz de Noddy Holder e a linha de baixo de Jim Lea elevaram o Slade a um patamar inigualável.

Slade, donos de hits e ao mesmo tempo, ofuscados.

3. Tourniquet – Vanishing Lessons

Talvez o Tourniquet seja, de todas, a mais surpreendente. De temática cristã, a banda de thrash metal foi fundada em 1990, nos Estados Unidos da América. Apesar da vertente, a banda possui traços de heavy metal, hard rock e suas principais inspirações são Beethoven, Bach, o Velho Testamento e Edgar Allan Poe. Suas músicas criticam aspectos diversos da sociedade, como por exemplo, maus tratos aos animais e até mesmo palavras de conforto àqueles em situação de invalidez. O nome Tourniquet vem Do instrumento utilizado por médicos para conter hemorragia. Mas para banda, o significado vai mais além: “um processo espiritual permanente, pela qual a morte e ressurreição de Cristo dá a base para te livrar do pecado e que surge de forma espontânea na sua vida através de seu filho Jesus: Deus é nosso Torniquete, nosso criador e protetor”.

Não se enganem pela pose de malvados, o Tourniquet é um dos principais nomes do white metal mundial e suas músicas são carregadas de mensagens bíblicas.

4. Tyketto – Write Your Name in the Sky

Há um consenso entre os adeptos do hard rock de que o Tyketto é uma das bandas mais injustiçadas do rock. Fundada em 1987, em Nova Iorque, o Tyketto possui uma discografia impecável que não deixa a desejar em nada quando comparados a outras bandas de maior renome.

5. Grand Magus – Hammer of the North

Outros países além do eixo EUA – Inglaterra também são berços de ótimas bandas, como a Suécia, de onde saiu o Grand Magus, banda de heavy metal cujas músicas falam de velhos guerreiros, deuses e batalhas mitológicas. Com a combinação de riffs esmagadoramente bons e vocais potentes, o Grand Magus é uma das melhores bandas da atualidade e capazes de fazer surgir uma corrente elétrica no corpo a cada música.

6. The HU – Yuve Yuve Yu

Ainda na temática mitológica e folclórica, em 2018, surge o The HU, banda proveniente da Mongólia e possivelmente uma das promessas mais empolgantes no atual mercado da música. As canções do The HU trazem uma mistura de heavy metal com elementos musicais tradicionais mongóis: o  morin khuur (instrumento de duas cordas utilizado pelo povo mongol para entoar músicas folclóricas, feito de crina de cavalo e que foi considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2008) e o topshur (um tipo de violão de duas cordas). Também usam a técnica vocal chamada xöömej (xöömei), que consiste na entoação de cânticos a partir da garganta, conferindo uma voz grave. A banda se intitula como um dos nomes do Hunnu Rock (em homenagem aos antepassados, como Átila, o Huno), o hu, na linguística da Mongólia significa humano.

Todas as bandas mencionadas neste editorial fazem parte de um arcabouço musical importante e que, infelizmente, está sendo engolido por novidades frívolas e sem alma, dotadas de auto tune e batidas repetitivas que não conseguem exprimir sentimento ou qualquer espécie de crítica; feita para anestesiar os sentidos.

Os links para as músicas estão no título de cada uma, na ordem: banda – música escolhida. O rock n’roll é um espírito, é imortal em sua essência e traz em suas bases um pouco do passado.

Bases que servem que o mundo jamais se permita voltar a tempos sombrios de eterna vigilância, como ocorreu em locais como a União Soviética e a Romênia, onde as barreiras culturais foram impostas por aqueles que temiam perder seus postos vitalícios de poder e dominação.


A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia.

– Ludwig van Beethoven

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