Suas investigações no âmbito da Sociologia e da Antropologia contribuíram para a compreensão do Brasil e do mundo lusófono
Por uma infeliz coincidência — e o leitor entenderá — dois intelectuais brasileiros de importância definitiva compartilham do mesmo nome. Quase. A única diferença está na grafia de uma letra: Freire e Freyre. O primeiro recebeu, muito justamente, a paternidade da educação brasileira; o segundo, de forma não menos justificada, a da Sociologia do Brasil.
O sistema de ensino, sob a forma idealizada por Paulo Freire — como demonstrado na coletânea de ensaios Desconstruindo Paulo Freire, organizada por Thomas Giulliano –, pelo que parece, legou ao Brasil a brava conquista dos últimos lugares nas avaliações internacionais da qualidade da educação de crianças e adolescentes. Gilberto Freyre, por sua vez, antagoniza com Paulo Freire sob o critério de clareza e assertividade de ideias: se com o seu projeto de educação Freire levou o Brasil à ruína, por meio da Sociologia de Freyre passamos a compreender melhor o próprio Brasil.
Em linhas gerais e considerando a análise histórica, quando dos encontros entre as diversas culturas, etnias e cosmovisões, em nenhuma sociedade os resultados foram tão harmoniosos quanto no território do Brasil. É evidente que o itinerário percorrido pelos diversos grupos étnicos até a consolidação do Brasil atual apresentaram, objetivamente, percursos complexos, sobre os quais implicaram questões econômicas, políticas e religiosas; porém, o repouso desses movimentos encontrara no Brasil uma harmonia em proporções nunca antes observadas em parte alguma do mundo.
O Brasil é a primeira nação miscigenada da História. Os trabalhos de Gilberto Freyre, longe de proporem explicações simplistas ou, pior, ideológicas para o fenômeno da miscigenação brasileira, lançam luz sobre a questão revelando o elemento de coesão, a liga que manteve o país unido. O leitor deve experimentar conhecer mais sobre o trabalho do sociólogo, assim ele poderá constatar a sua importância permanente.
Gilberto Freyre morreu em 18 de julho de 1987.
Com informações da introdução à Casa Grande & Senzala escrita pelo filósofo Olavo de Carvalho para a edição romena do livro.
“O Brasil é a mais avançada democracia racial do mundo”.
Gilberto Freyre.
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