HOJE NA HISTÓRIA | Morre George Orwell

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

O escritor fora um grande crítico do totalitarismo no século XX

Nos anos 1950, quando já era um colunista destacado nos principais jornais do país, Otto Maria Carpeaux afirmou que o romance do escritor inglês George Orwell, “1984”, logo seria esquecido. Carpeaux dissera precisamente que Orwell “faz literatura de valor reduzido”, e “só se pode esperar que a obra perca, com o tempo, a atualidade para ficar, enfim, esquecida”. A consagração unânime do autor de “1984” prova que o crítico literário austríaco refugiado no Brasil estava tremendamente equivocado.

Orwell, cujo nome verdadeiro era Eric Arthur Blair, é, de longe, um dos responsáveis pela força da oposição que o mundo anglófono representa ao totalitarismo no mundo. O escritor, falecido em 21 de janeiro de 1950, anteviu nos seus romances — mormente no principal deles, pelo qual ele é reconhecido, “1984” — o espírito da opressão política que permearia todo o Ocidente. Orwell fora talvez o primeiro representante da literatura moderna a dissecar e expor para o público os podres dos bastidores da política do mundo, e os descaminhos para os quais irremediavelmente seguimos.

Pudera. Sua inspiração fora a observação cuidadosa da dinâmica dos regimes totalitários que sangravam a Europa na primeira metade do século XX. A opressão do Comunismo e do Nazismo sobre o indivíduo, que dissolvia os valores morais e religiosos e submetia as massas a um nível de controle social sem precedentes, integra a tônica da sua narrativa. A sofisticação tecnológica como instrumento permanente na mão do Estado também consta como um dos principais temas tratados pelo escritor.

Mas Orwell não fora um panfletário político. Ele simplesmente soube dar uma forma verbal às suas reflexões sobre a realidade do seu tempo e, como resultado, sua pena fez previsões acertadas sobre os desconcertos do mundo.

Lápide de Eric Arthur Blair em All Saints’ Churchyard, Sutton Courtenay, sem menção ao seu famoso pseudônimo. Por LordHarris – Uploaded 13:03, 16 September 2006, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1405728

Com informações de Carvalho, Olavo de, A nova era e a revolução cultural, Vide Editorial Editora, Campinas, 2014.


“Em tempos de engano universal, falar a verdade torna-se um ato revolucionário”.

George Orwell

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