Romanos e Visigodos uniram-se contra o inimigo em comum: Átila, o Huno
Átila (406-453), rei dos Hunos, liderara o povo que, nativo da Ásia Central, derrotara todas as coligações tribais desde a Ásia até as portas da Europa. Os últimos suspiros do Império Romano do Ocidente foram descompassados pelo temor que o nome de Átila inspirava. O conquistador planejava coroar os seus empreendimentos bélicos com o domínio definitivo dos latinos. No entanto, desencorajado pelos muros inexpugnáveis de Constantinopla, Átila voltou o seu enorme exército em direção à Gália, a atual França, em 451 d.C.
O contingente sob as ordens de Átila, segundo alguns historiadores, chegava na casa dos 300 mil. Os soldados, impregnados pelo espírito de conquista do líder, atravessaram o rio Reno e, mantendo-se sempre na direção Leste, aterrorizaram e saquearam as paróquias e dioceses da região. Para conter a fúria dos Hunos, uma estranha aliança fora celebrada: os Romanos, por meio de um acordo, obteriam a ajuda dos seus inimigos, os Visigodos, nos esforços contra o inimigo em comum.
Flavius Aetius (396?-454), capitão dos soldados Romanos, e Teodorico, rei dos Visigodos, celebraram uma aliança temporária para combater Átila. As tribos bárbaras dos Visigodos invadiram e saquearam Roma em 410 d.C., no entanto, nada representava ameaça maior para os latinos (já em vias de sucumbir ao seu outono) do que o poderoso Átila. E, se é verdade que o inimigo em comum faz surgir as mais improváveis amizades, Romanos e Visigodos somaram espadas e escudos contra a grande ameaça que vinha a galope das estepes asiáticas.
Finalmente, as forças romanas e visigóticas encontraram-se com o exército huno em Châlons, há cerca de 28 quilômetros ao Norte de Troyes, na atual França. A força, em números, do contingente aliado é desconhecida; no entanto, segundo os historiadores, era consideravelmente maior do que o número dos soldados sob o comando de Átila. Coube ao Huno deflagrar o primeiro ataque: seus melhores homens foram direcionados contra a linha de frente do exército aliado.
Os hunos, depois de rechaçarem a porção central dos aliados, voltaram-se contra o flanco direito do exército formado por romanos e visigodos. Átila estava a um passo da vitória, mas o flanco esquerdo do exército aliado manteve-se inexpugnável. Quando a temível cavalaria gótica lançou um contra-ataque, uma feroz batalha corpo a corpo se seguiu; os romanos ficaram aterrorizados com a carnificina: “Cadavera vero innumera“, “verdadeiramente uma quantidade incontável de corpos”, disseram os latinos.
Finalmente, em face da completa desordem que se seguiu ao combate corpo a corpo, os homens de Átila recuaram para finalmente baterem em retirada. Teodorico fora morto em combate; Aetius, no entanto, não soube aproveitar sua vitória, deixando Átila livre para ameaçar novamente a Europa no ano seguinte. Em 452 os hunos voltaram, mas desta vez dirigiram-se para a península itálica. Átila, furioso, planejava destruir completamente a cidade de Roma, mas, depois de um encontro com o Papa Leão I, milagrosamente mudou seu intento, regressando às estepes asiáticas, onde morreria um ano depois.
Com informações do portal History UOL e do blog História Espetacular.
“Por onde eu passar, a grama não crescerá novamente”.
Átila, o Huno
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