DOSE DE FÉ | Todos os Fiéis Defuntos

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Ontem homenageamos os Santos que estão na Glória; hoje, intercedemos por aqueles que estão no Purgatório

Hoje a Igreja celebra a memória de Todos os Fiéis Santos Defuntos, data que popularmente chamamos de Finados. A celebração acontece no dia seguinte da festa de Todos os Santos, quando se homenageiam todos aqueles que já estão na Glória Celeste.

O costume de visitar os túmulos dos Santos Mártires e rezar pelos falecidos remonta ao século II. No século V, a Igreja passou a destinar um dia do ano para se rezar especificamente por todos os falecidos, principalmente aqueles esquecidos, que não recebiam orações de ninguém. Mas foi em finais do século X que Santo Odilo, Abade do Mosteiro de Cluny, na França, deu ordem para que em todos os mosteiros filiados à Ordem Beneditina se rezasse pelos fiéis defuntos no dia 2 de novembro, logo após a celebração de Todos os Santos. Seu decreto foi incorporado pela Igreja e a celebração foi inserida no calendário litúrgico a partir do século XII.

A memória dos Fiéis Defuntos visa àqueles que já morreram, estão salvos, mas ainda expiam seus pecados no Purgatório. Rezar por essas almas, e em especial pelas esquecidas, é um ato de profunda caridade que lhes concede indulgências e abrevia seu tempo de sofrimentos que precede a Bem-Aventurança Eterna. É importante lembrar, também, que essas almas são santas, e também intercedem por nós quando recorremos a elas.

Neste dia de Finados, além das devoções de praxe, como a Santa Missa (que nesta data é preceito) e a visitação aos entes queridos no Cemitério, visitem também aquelas covas deterioradas e abandonadas, esquecidas, e rezem por quem foi sepultado ali. Vivamos a Misericórdia, e peçamos:

Santas Almas do Purgatório, rogai por nós!

 

O primeiro Finados

Lá pelo século dez,
viajava um peregrino
que se perdeu, e encontrou
um eremita em seu destino.

Ao perdido viajante
perguntou o ermitão:
“Por acaso tu conheces
o santo Abade Odilão?”

“Conheço bem e bastante”,
o andarilho respondeu,
“pois na verdade perguntas
de um querido amigo meu!”

“Louvado seja o Senhor!”,
o anacoreta exclamou,
“Um pedido, então, te faço,
e minha bênção te dou:

os espíritos das trevas
odeiam Odilo e os seus,
que sempre muito piedosos,
sempre em comunhão com Deus,

rezam pelas santas almas
que no Purgatório expiam,
e com isso, as suas penas
acalentam e aliviam.

Vai, pois, correndo a Cluny,
e implora ao amigo Abade
que redobre as orações
de tão santa caridade!”

Voltou logo o viajante,
deveras impressionado,
e a Santo Odilo contou
o que lhe fora confiado.

O Abade deu glória aos Céus,
e naquele mesmo dia
decretou Dois de Novembro
como a data santa e pia

de se rezar pelas almas
que sofrem no Purgatório,
fazendo-se o vivo fiel
um santo advocatório,

a interceder pelos mortos
caros ou abandonados,
e foi assim que nasceu
o feriado de Finados.

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