DOSE DE FÉ | Os mártires de um circo de horrores

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Uma homenagem aos mártires do Circo de Nero

No ano 64, teve início a perseguição do Império Romano – então sob a autoridade de Nero – contra os cristãos. Como é sabido, o pretexto do imperador era de que os cristãos seriam responsáveis pelo grande incêndio que devastou boa parte de Roma ainda naquele ano.

Sob Nero, as perseguições, que antes eram esporádicas e localizadas, feitas por este ou aquele governador de província, tornaram-se sistemáticas, brutais e, literalmente, espetaculares. Notório sádico, Nero utilizou o circo que havia sido fundado por seu tio Calígula (outro famoso degenerado) como o matadouro oficial de Império. Ali, os espetáculos envolviam os mais variados terrores e torturas contra os mártires cristãos para uma plateia alucinada que, embriagada com os shows daquele circo de horrores, esqueciam-se, mesmo que momentaneamente, dos abusos e desmandos do imperador sociopata.

Entre os números montados especialmente para aquelas ocasiões, estavam grandes orgias noturnas, em que os cristãos eram crucificados, ou amarrados em postes, e incendiados vivos, sendo literalmente utilizados como tochas humanas que iluminavam os bacanais nerônicos (esse tipo de martírio foi muito bem retratado por Henryk Sienkiewicz em seu monumental romance Quo Vadis, cuja leitura recomendo).

Durante o dia, as apresentações eram as mais diversas, mas entre as favoritas do imperador e do público estavam aquelas em que os cristãos eram estraçalhados por leões e outras feras selvagens vindas de todos os cantos do Império, e o “teatro de caçada”, em que os mártires eram vestidos com peles de animais e perseguidos e mortos – com flechas, machados e lanças – pelos “caçadores” de Nero.

O Circo de Nero entrou para a História por sua crueldade, seu sadismo e pelo número de vítimas ceifadas pela odiosa perversidade do imperador – que, neste quesito, fica atrás apenas do boçal Diocleciano.

Os milhares de mártires daqueles sádicos espetáculos – entre os quais estão São Pedro e São Paulo, Colunas da Igreja -, além de ganharem a justa bem-aventurança eterna (como disse o mártir cristero São José Luís Sanchez del Rio, “nunca foi tão fácil ganhar o Céu”), sendo imitadores de Cristo em sua Paixão, também acabaram revelando-se responsáveis por milhares de outras conversões. Afinal, nem todos que assistiam aos espetáculos se embriagavam com aquelas atrocidades, e muitos acabavam querendo saber que Deus era aquele por quem tantas pessoas simplesmente deixavam tudo para trás, e por quem se dispunham a sofrer e morrer sem pestanejar. E ali, enfim, em cada morte, em cada sacrifício vencia Nosso Senhor Jesus Cristo, do mesmo modo que Ele venceu Satanás na Cruz.

Aos santos mártires do Circo de Horrores de Nero, portanto, pedimos que roguem por nós nestes tempos de um anti-cristianismo cada vez mais acerbo. Que seus santos sacrifícios nos sejam sempre sinal de fortaleza e amor a Deus. Amém.

 

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