DOSE DE FÉ | São Lázaro Pillai

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Canonizado há 8 meses, São Lázaro Pillai foi o primeiro mártir leigo da Índia a opor-se ao sistema de castas em nome da fé católica

Hoje é dia de São Lázaro Pillai, mártir.

Nascido em Tamil Nadu, na Índia, em 1712, o herói da fé de hoje se chamava Neelakanda Pillai, e pertencia a uma família hindu de Xátrias, segunda casta mais elevada daquela cultura, em que estão os militares e governantes. Ele foi um oficial de destaque, e tornou-se ministro do Reino de Travancore.

Em 1741, Neelakanda conheceu um prisioneiro católico holandês, o Capitão Eustachius De Lannoy, de quem se tornou grande amigo e confidente. Durante as conversas com De Lannoy, acabou se convertendo, e adotou o nome Devasahayam, que é a tradução malaiala de Lázaro.

Em 1745, Lázaro então foi batizado pelo padre jesuíta João Batista Buttari. Instruído pelas Sagradas Escrituras, ele tornou-se um grande pregador e defensor da fé, sobretudo contra o sistema de castas hindu, que não respeita a igual dignidade de todos os homens perante Deus. Mesmo Devashayam pertencendo a uma das famílias mais importantes da Índia, as autoridades o prenderam por traição em 1749.

Por quase três anos Lázaro foi torturado na prisão, sem jamais esmorecer em sua fé. No início de 1752, ele foi expulso do Reino de Travancore e se estabeleceu no alto de uma das colinas de Aralvaimozhy, em Pandya, onde passou a viver como um eremita. Sua fama de santidade espalhou-se rapidamente, em questão de dias, entre as aldeias vizinhas, e muitas pessoas iam procurá-lo para orientação espiritual. Logo, as famílias nobres da região conspiraram para matá-lo.

Em 14 de janeiro daquele ano, um efetivo de soldados subiu as colinas para fuzilá-lo, mas quando fizeram pontaria contra Lázaro, não conseguiram atirar. Ele então tranquilamente pegou uma das armas, abençoou-a, devolveu ao soldado a que pertencia e disse à tropa que poderiam disparar caso desejassem. Impiedosa, a soldadesca atirou cinco vezes ao total, deixando seu corpo todo varado de balas, largado no sopé da colina. Posteriormente, um grupo de cristãos resgatou-o e sepultou-o na Igreja de São Francisco Xavier, em Kottar.

Catedral de São Francisco Xavier, em Kottar, onde está o túmulo de São Lázaro Pillai

O processo de canonização de São Lázaro Pillai começou em 2004, a pedido da Diocese de Kottar. No dia de sua beatificação, em 2 de dezembro de 2012, o Cardeal Angelo Amato considerou o martírio de Pillai “uma página gloriosa da Igreja na Índia”. Assim declarou Amato: “Sua conversão foi para ele o começo de uma nova vida, cheia de entusiasmo e alegria. Converteu-se ao cristianismo, sem levar em consideração a diferença de castas, abraçando a todos como irmãos amados. Seu martírio não apagou sua memória, mas a entregou à admiração de todos, cristãos e não cristãos. Seu nome é um dos mais populares entre os cristãos de Tamil Nadu”.

Canonizado há menos de um ano, em 15 de maio de 2022 pelo Papa Francisco, São Lázaro Pillai foi o primeiro mártir leigo da Índia a publicamente se opor ao sistema de castas hindu em nome da fé católica. Que este santo, que leva o nome do primo amado que Nosso Senhor ressuscitou, inspire-nos a sempre combater todo o paganismo e ateísmo que avançam sobre o mundo, e a lutar contra um sistema ainda mais feroz que o hindu, que quer nos reduzir a apenas duas castas (opressores e oprimidos): o comunismo. A ele clamemos:

São Lázaro Pillai, rogai por nós!

 

O martírio de São Lázaro Pillai

Quando os soldados vieram
subindo pela colina,
logo Lázaro os mirou
chegando em meio à neblina.

Eles cercaram-no e pronto
fizeram-lhe pontaria,
mas os gatilhos travaram,
e atirar ninguém podia.

Lázaro então se adiantou,
tirou das mãos de um soldado
o mosquete, e o abençoou,
e assim falou sossegado:

“Sejam bem-vindos, irmãos,
a Cristo todo o louvor!
Morrer por Ele é uma honra
e prova de puro amor!

Portanto, caso ainda queiram
atirar, eu os perdoo,
porque será para o Céu
bem mais rápido o meu voo.”

A soldadesca fez mira,
e desta vez não falhou:
cinco vezes cada um
contra Lázaro atirou.

E enquanto eles caminhavam
colina abaixo, com calma,
no Céu já Lázaro estava
com sua gloriosa palma.

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