DOSE DE FÉ | Sao José

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Casto esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus, São José, depois de Nossa Senhora, precede todos os outros santos

Hoje é dia de São José, pai adotivo de Jesus e esposo da Virgem Maria.

Descendente da casa real de Davi, São José aparece nos Evangelhos de Mateus (capítulos 1 e 2) e Lucas (capítulos 1 e 2), com referências à sua profissão, seu noivado com Maria e alguns momentos importantes da infância de Jesus. Outras informações sobre sua biografa constam nas visões da Bem-aventurada Anna Catarina Emmerich, que revelam que ele fugiu de casa ainda bem jovem por ter optado pela profissão simples de carpinteiro, desagradando ao pai e aos irmãos.

Segundo os relatos bíblicos, José estava noivo de Maria e, quando lhe foi revelado que Ela estava grávida, resolveu abandoná-la em segredo, para que não Lhe recaísse a culpa de adúltera, com a pena de morte por apedrejamento. No entanto, o Anjo Gabriel apareceu-lhe em um sonho e disse-lhe para não abandonar Maria, pois Ela estava grávida do Espírito Santo. José acreditou e assumiu o papel de pai adotivo do Filho de Deus e casto esposo de Sua Mãe.

O papel de José na História da Salvação é fundamental. Ele fugiu com Jesus e Maria para o Egito depois de ser novamente avisado pelo Anjo do Senhor sobre a perseguição de Herodes, e voltou para Nazaré quando o Anjo avisou-o a respeito da morte do monarca. Durante todo esse tempo até sua morte, ele foi o protetor e provedor da Sagrada Família. Consagrou Nosso Senhor no Templo logo depois que Ele nasceu. Instruiu-O tanto na vida religiosa quanto no trabalho, ensinando-Lhe a profissão de carpinteiro, com que o jovem Jesus sustentaria Sua Mãe viúva posteriormente. Faleceu antes de Jesus iniciar Sua vida pública, mas, homem trabalhador e piedoso, educou o Pequeno Deus com seus ensinamentos e exemplos.

Gigante entre os santos, sendo precedido apenas por Nossa Senhora, São José foi inserido no calendário litúrgico em 1479, mas a devoção a ele já era bem mais antiga quando isso ocorreu. Inúmeros santos (como São Francisco de Assis e Santa Teresa de Ávila) ajudaram a divulgar a devoção a ele. Em 1870, São José foi declarado Patrono Universal da Igreja por Pio IX, e diversos outros Papas foram seus devotos e o exaltaram em discursos e documentos. Bento XV o declarou Patrono da justiça social. Pio XII, em 1955, instituiu uma segunda homenagem a ele no calendário litúrgico com a Festa de São José Operário, celebrada no dia primeiro de maio.

O intercessor entre os intercessores

Por sua grandeza, São José é invocado como o intercessor junto a Deus por todas as nossas causas. Ele tem privilégios únicos diante do Senhor. Santa Águeda, por exemplo, nas revelações que lhe deu Nossa Senhora, afirma: Por sua intercessão alcançamos a virtude da castidade e a vitória sobre as tentações contra a pureza; alcançamos o poderoso auxílio da graça para sair do pecado e voltar à amizade com Deus; alcançamos a benevolência da Santíssima Virgem Maria e a verdadeira devoção a ela; alcançamos a graça de uma boa morte e a especial proteção contra o demônio nesta hora. […] Os homens ignoram os privilégios que o Senhor concedeu a São José, e quanto pode sua intercessão junto de Deus. Somente no dia do Juízo os homens conhecerão sua excelsa santidade e chorarão amargamente por não haverem se aproveitado desse meio tão poderoso e eficaz para sua salvação e alcançar as graças de que necessitavam.

Dono de inúmeros títulos (O Justo, Casto Guarda da Virgem, Pai Nutrício de Jesus, Espelho de Paciência, Último dos Patriarcas, Alívio dos Miseráveis, Sustentáculo das Famílias, Patrono da Boa Morte, Modelo dos Trabalhadores, entre tantos), São José constitui exemplo de homem, pai de família e fiel piedoso. Modelo a ser seguido por todos os cristãos.

Por sua grandeza, São José merece todo um livro de poemas só para ele. Hoje, ganha cinco sonetos, inspirados nos mistérios josefinos do Terço Abençoado de São José, concebido pelo Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, de Campinas: 1) Aparição do Anjo do Senhor, em sonhos, a José (Mt 1, 18 – 25); 2) José no presépio com o recém-nascido e Maria (Lc 2, 1 – 16); 3) Fuga para o Egito (Mt 2, 13 – 15); 4) Apresentação  de Jesus no Templo (Lc 2, 22 – 39); 5) Reencontro de José e Maria com Jesus no Templo.

São José, rogai por nós!

 

Os Mistérios Josefinos

Para o Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, criador do Terço Abençoado de São José, e um José em minha vida.

 

I – Aparição do Anjo

 

Quando José da noiva recebeu

a boa-nova de sua gravidez,

magoado e recolhido em sua mudez,

em segredo a deixá-la resolveu.

 

Mas o Anjo do Senhor lhe apareceu

num sonho, e lhe mostrou com rapidez

a Verdade, e suas dúvidas desfez.

José, justo e piedoso, aquiesceu,

 

e quando, ainda mais santo, despertou,

como de seu costume, silencioso,

louvou e agradeceu ao Pai Senhor,

 

e à esposa e ao filho com ternura olhou,

pois era, já, da Mãe de Deus o esposo,

e de Seu Filho, pai e protetor.

 

II – No presépio

 

Num leito improvisado põe José

sua casta esposa, que vem dar à luz

ali mesmo o Salvífico Jesus,

o Pequenino Deus de Nazaré.

 

Reis e pastores chegam vindo a pé,

guiados por um Anjo que os conduz,

e enquanto o Deus Menino ali reluz,

trasbordam de seu peito amor e fé.

 

A cena toda, vê maravilhado:

o Filho de Deus Vivo, ainda Neném,

também seu filho, a ser ali adorado.

 

Sussurra uma oração que mais ninguém

escuta, além do Anjo ali ao lado,

que, lhe chegando perto, diz: “Amém!”

 

III – Fuga para o Egito

 

Quando o Anjo atroz perigo anunciou,

José, mais que depressa, e pesaroso,

a esposa e o filho (em choro copioso)

pra longe do assassínio carregou.

 

A pátria, a casa e os bens pra trás deixou,

e sob o frio cortante e rigoroso,

ou causticante sol, em tortuoso

caminho, com os dois então rumou.

 

Seu coração pesava, mas seguia

seguro e entregue a Deus, pois sua missão

era a mais importante, e ele a sabia:

 

proteger e prover seguro chão

à esposa e ao pequenino, para um dia

ao mundo assegurar a Salvação.

 

IV – Apresentação no Templo

 

“Do Filho de Deus Pai assumo agora

oficialmente esta paternidade”,

pensava assim José, que em tenra idade

Jesus levava ao Templo sem demora,

 

“e hei de amparar seu coração que chora”,

a si dizia, cheio de piedade,

ao ouvir a profética verdade

à esposa revelada àquela hora.

 

Num misto de tristeza e de alegria,

orou ao Céu, sereno e silencioso,

e olhando pra Jesus e pra Maria,

 

naquele instante, o pai e casto esposo

louvou e agradeceu a Deus: “Senhor,

a Vós e a Eles, todo o meu amor!”

 

V – Reencontro no Templo

 

“Como pudeste alhear-te do Menino?”,

cobrava-se José enquanto seguia

em busca de Jesus, junto a Maria,

clamando, angustiado, ao Pai Divino.

 

No entanto, eis que já avista o pequenino,

que a Lei, entre os doutores, discutia,

com eloquência e com sabedoria.

Sentiu então alívio genuíno,

 

e enquanto com a criança a mãe ralhava,

ele em silêncio agradecia a Deus,

e em ação de graças aos Altos Céus orava,

 

e a caminho do lar, junto dos seus,

luziu em si grandioso e santo brilho

quando falou ao Pai: “Eis o Teu Filho!”


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