Uma das grande figuras do Antigo Testamento, o santo Rei Davi constitui exemplo de coragem, contrição e reconciliação com Deus, e é o fundador da linhagem real de Nosso Senhor Jesus Cristo
Um dos santos celebrados no dia de hoje pela Igreja é Davi, o segundo Rei de Israel.
Davi viveu entre os séculos XI e X a.C., e é uma das figuras centrais do Antigo Testamento. Ele aparece em 1 e 2 Samuel, 1 Reis e 1 Crônicas.
Nascido em Belém, Davi era filho caçula de um honrado homem chamado Jessé, e trabalhava para seu pai pastoreando suas ovelhas. É descrito nas escrituras como um rapaz bonito, hábil na harpa e bastante corajoso, a ponto de enfrentar leões e ursos para proteger os rebanhos de que cuidava.
Primeira Unção de Davi
Certo dia, guiado pela Providência, o profeta Samuel visitou Belém, onde foi recebido por Jessé e seus filhos. Quando viu Davi, reconheceu o escolhido por Deus para suceder o Rei Saul, que naquele momento já se afastava dos caminhos designados por Ele. Assim, ungiu o rapaz com óleo sobre sua cabeça.
Davi e Golias
Pouco tempo depois de ser ungido por Samuel, Davi foi enviado a acalmar Saul (que estava atormentado por um espírito maligno) com sua harpa, e o fez com tamanha habilidade, que o rei muito se afeiçoou a ele.
Alguns anos depois, os exércitos de Israel estavam em guerra contra os Filisteus, no Vale de Elá, a cerca de 10 km de Belém. Três dos filhos de Jessé lutavam pelo rei Saul, e Davi, então com 20 anos de idade, foi para lá enviado, para levar provisões a seus irmãos. Ao chegar em Elá, presenciou Golias, guerreiro gigante dos Filisteus, desafiar Israel, e aceitou o desafio. Guiado pelas mãos de Deus, o jovem acertou a testa de Golias com uma pedra que fez girar em sua funda, fazendo o gigante cair desfalecido. Então, Davi correu a ele e o decapitou com a espada do próprio filisteu. Depois disso, o exército dos filisteus foi facilmente derrotado pelos israelitas.
A ascensão de Davi
Davi tornou-se muito popular entre os israelitas, o que fomentou a inveja de Saul. O rei passou a tramar contra seu protegido, que precisou fugir por várias vezes, abrigando-se em diversos territórios, inclusive entre os filisteus. Por duas vezes Saul e Davi se confrontaram, e nas duas vezes Davi poupou a vida do rei, que continuou obstinado em persegui-lo.
Após a morte de Saul, Davi foi ungido uma terceira vez (a segunda unção foi dada pelos homens de Judá) pelos Anciãos de Israel, e por eles aclamado como Rei. Enfrentou uma guerra civil e diversas batalhas para manter seu trono, esteve em guerra contra os mais diversos povos, e sempre saiu mais fortalecido, e o reino de Israel mais próspero. A Providência favorecia o Rei Davi, que levava consigo a Arca da Aliança, da qual cuidava com notável zelo.
O pecado de Davi
No auge de seu poder, o Rei Davi cometeu o maior pecado de sua vida: impulsionado pela luxúria e pela cobiça, enviou um de seus oficiais mais leais, Urias, para o fronte onde sabia que o guerreiro seria morto, para então desposar sua viúva, Bate-Seba, com quem já se relacionava em adultério.
Depois de confrontado pelo profeta Natã sobre seu crime, o rei arrependeu-se sinceramente, mas as consequências de seu pecado passaram persegui-lo dali por diante: seu primogênito com Bate-Seba, fruto de uma relação adúltera, morreu logo depois de nascer; seu primogênito Amnon (filho de Davi com Ainoã) violentou a própria irmã, Tamar (filha de Davi com Maaca), e foi assassinado por Absalão (o outro filho do rei com Maaca); Absalão, por sua vez, tentou usurpar o trono do pai, e morreu em batalha; Adonias (filho único de Davi com Hagite) também tentou tomar o trono paterno, e foi assassinado por Salomão, segundo filho do rei com Bate-Seba, e que acabou herdando sua coroa.
Todas essas desgraças familiares abateram-se sobre Davi como uma maldição por seus graves pecados. Ainda assim, suas realizações em nome de Deus e seu profundo arrependimento diante de sua miséria tornaram-no santo. É importante, ainda, lembrar que é com este rei três vezes ungido em que se funda a linhagem real de Jesus neste mundo (conforme a genealogia do Senhor em Mt 1, 1 – 16, e Lc 3, 23 – 38). Que possamos aprender valiosas lições com seus exemplos de coragem, contrição e reconciliação com Deus, e a ele clamemos:
Rei Davi, rogai por nós!
Davi vs Golias
Quando Saul reinava em Israel,
travava guerra contra os filisteus,
e nas hostes daquele povo infiel,
em meio a todos os guerreiros seus,
um temível gigante se elevava,
carnífice do fiel povo de Deus,
o campeão que Golias se chamava.
O colossal assustador soldado
as hostes de Israel aniquilava
sozinho, sem sequer ser arranhado,
e sobre ele ninguém prevalecia.
O gigante, já um tanto entediado
de tantas lutas fáceis, certo dia,
diante dos inimigos se postou,
e em tom de escárnio, troça e zombaria,
a todos de uma vez desafiou,
e do silêncio que se fez ali,
inesperada réplica escutou:
“Aceito”, respondera-lhe Davi,
pastor que havia sido consagrado
por Samuel, de Deus leal rabi.
Golias gargalhou bem-humorado,
achando que era piada, e num instante
no chão jazia após ser alvejado
por uma pedra rápida e possante
pelo sábio pastor arremessada.
Então, correu Davi para o gigante,
veloz apropriou-se de sua espada,
e num único golpe o degolou.
Israel, de confiança renovada,
as tropas filisteias derrotou
sem grandes empecilhos, e o pastor
ao Senhor Deus Altíssimo entoou
um canto em ação de graças e louvor.