DOSE DE FÉ | Pedro e Paulo ( I )

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

São Pedro, o primeiro Pontífice da Santa Igreja, foi sagrado pelo próprio Jesus Cristo

Hoje é dia de São Pedro e São Paulo, Apóstolos e mártires.

Pedro figura entre os quatro primeiros seguidores de Jesus, e é o primeiro em proeminência entre os Apóstolos. Seu nome original era Simão, natural de Betsaida, na Galileia. Irmão do Apóstolo André, com quem trabalhava como pescador, junto a seu pai, Jonas, em sociedade com os também Apóstolos Tiago e João, filhos de Zebedeu.

Pedro conheceu Jesus quando, às margens do lago de Genesaré, Cristo pediu seu barco emprestado para que pudesse pregar a uma multidão se seguidores. Junto com seus sócios André, Tiago e João, o Príncipe dos Apóstolos estava lavando as redes depois de uma noite de pescaria mal sucedida. Após a pregação, Jesus disse a Pedro que fosse novamente pescar e O levasse junto. O Apóstolo, ainda que pouco confiante em uma boa pesca, obedeceu. O resultado foi um pescaria tão frutífera, que a quantidade de peixes que abarrotava as redes quase as faziam rebentar de tão pesadas. Pedro então caiu aos pés de Jesus e pediu-Lhe que se afastasse dele, um pecador. Mas o Rabi o encorajou: “Não temas; doravante serás pescador de homens”. (Lc 5, 10)

Aquele foi primeiro de inúmeros episódios protagonizados por Pedro nos Evangelhos, o que deixa transparecer sua primazia no Colégio Apostólico. Essa proeminência é confirmada e sagrada pelo próprio Jesus, quando após o Apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo, reconhece-O como “o Cristo, o Filho de Deus Vivo” (cf Mt 16, 16): “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16, 17 – 19)

O episódio relatado no Evangelho de São Mateus confirma São Pedro como o primeiro Papa. De fato, após a Ascenção de Nosso Senhor, ele exerceu seu primeiro episcopado em Antioquia, e depois estabeleceu-se como Bispo de Roma, confirmando a ordenação que lhe fora dada pelo próprio Jesus. É de tamanha importância a instituição da Cátedra de Pedro, que o evento constitui uma solenidade especial no calendário litúrgico, celebrado em 22 de fevereiro.

Os anos que seguiram na vida do Primeiro Pontífice foram de trabalho incessante: peregrinação, pregação e evangelização, escritos (além das duas Cartas, atribui-se a Pedro ter ditado o Evangelho de São Marcos), prodígios os mais diversos (como exorcismos, curas e ressurreições – uma dela de um discípulos morto havia 40 dias!), a direção do Concílio de Jerusalém (no qual se decidiu a favor do batismo dos não judeus), o desmascaramento do possesso mago Simão. Tudo isso em meio a uma prisão (da qual foi libertado por um Anjo de Deus), um exílio e viagens diversas, até seu martírio no ano 67. Foi morto por crucifixão, e, segundo a tradição, não se vendo digno de morrer como Cristo, pediu uma cruz diversa. Assim, seus algozes, atendendo a seu último pedido, crucificaram-no de cabeça para baixo.

São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos, parece reunir em si toda a essência do cristão em sua caminhada no mundo. Nele podemos ver nossa fé, nosso ardor e nossa vontade de Deus, assim como nossos medos e fraquezas, nossos arrependimentos e desejo sincero de conversão a cada queda. Bento XVI aponta-o como “uma personalidade decidida e impulsiva, disposto a impor sua opinião inclusive à força”, e também “às vezes ingênuo e medroso, mas honesto, até o arrependimento mais sincero.” (Os Apóstolos, p. 53). Arrependimento que São Clemente I, seu terceiro sucessor, descreve nas marcas de queimadura no rosto do Apóstolo, resultado de suas frequentes e abundantes lágrimas quando ele se recordava de sua negação a Cristo em Sua Paixão.

No dia de hoje, portanto, celebremos Pedro atentos a nossas fraquezas, nossos arrependimentos e nosso desejo de conversão diária. Peçamos a ele a força e perseverança para a caminhada que une nossa cruz à de Cristo, invocando-o:

São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, rogai por nós!

 

A pescaria

 

Lá pelas margens do Genesaré,

voltavam Pedro, Tiago, João e André

 

de uma pouco frutuosa pescaria,

quando escutaram uma algaravia

 

em torno de um rabi que se achegava.

Enquanto Pedro à praia já atracava,

 

o profeta adentrou a embarcação

e pregou à vultosa multidão.

 

Ao fim, pediu aos quatro pescadores

que o levassem consigo aos arredores

 

para uma nova pesca, e se adiantou

Simão Pedro, que ao Mestre assim falou:

 

“Já pescamos, Senhor, a noite inteira,

e tudo que trouxemos foi canseira!

 

No entanto, já que pedes, prontamente

a rede lanço às águas novamente”,

 

e adiante, tanto peixe se colheu,

que a rede por bem pouco não rompeu.

 

Naquele instante, Pedro, embasbacado,

caindo aos pés do Mestre, ajoelhado,

 

bradou: “Afasta-te de mim, Senhor,

porque sou miserável pecador!”

 

Jesus, erguendo-o, disse-lhe, porém:

“Levanta agora, Simão Pedro, e vem

 

comigo, sem receio e sem temor,

que de homens te farei um pescador!”


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