DOSE DE FÉ | Padre Pio

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Único sacerdote ordenado a receber os estigmas de Cristo, São Pio de Pietrelcina constituiu um farol em meio à escuridão em que a Igreja e o mundo afundaram no século XX

Hoje é dia de São Pio de Pietrelcina, sacerdote. Nascido no vilarejo de Pietrilcina, próximo à cidade de Benevento, na Itália, em 25 de maio de 1887, foi batizado com o nome de Francisco Forgione. Era um dos sete filhos do casal de camponeses Grazio e Maria Giusepa Forgione.

Ainda criança revelou-se uma alma muito devota. Nutria imenso amor por Nossa Senhora e já conversava com seu Anjo da Guarda, com quem tinha grande amizade. Por intercessão de seu Anjo, inclusive, conseguiu convencer seu pai a deixá-lo seguir a vida religiosa.

Em 1902, aos 15 anos, ingressou no noviciado da ordem dos Capuchinhos de Morcone. Foi quando adotou o nome de Pio. Fez os votos simples em 1904, e os votos solenes em 1907. Em 1910, foi ordenado sacerdote.

Em 1916, foi enviado para o Convento de São Giovanni Rotondo, onde ficou por toda a sua vida. Sua missão foi cuidar incessantemente dos sofrimentos dos fiéis. Celebrava a Santa Missa com especial devoção, e suas celebrações chegavam a durar até 3 horas. Passava até 14 horas por dia no confessionário. Quando os fiéis não tinham coragem de contar seus pecados, ele próprio os revelava por inspiração divina, e com isso conseguia inúmeras conversões. Conforme cresceu sua fama de santidade, passou a receber cartas e pessoas do mundo todo para confissão e/ou orientação espiritual. Nessas ocasiões, contava com o auxílio de seu Anjo da Guarda, que lhe fazia as vezes de tradutor. Também passava incontáveis horas em profunda oração. Em sua humildade, definia-se como “apenas um frade que ora”.

Além dos sofrimentos espirituais, Padre Pio cuidava com especial atenção das mazelas físicas de todos que podia. Sua maior obra nesse sentido foi a “Casa Alívio do Sofrimento”, hospital  inaugurado em 1956, que se e tornou referência no tratamento dos enfermos em toda a Europa nos anos pós-guerra. Ainda, atendendo a um pedido do Venerável Pio XII, criou os Grupos de Oração com o intuito de abrandar os horrores causados pela Segunda Guerra Mundial nas vidas e nos corações de tantas pessoas.

Estigmas e milagres

A intercessão de Padre Pio pelos sofrimentos do mundo foi muito além de suas obras e orações. Ele carregou por 50 anos os estigmas de Cristo em seu corpo, aceitando as dores terríveis daquelas chagas pelo alívio das dores de Nosso Senhor (que tomou para si com alegria e amor) e de todos os pecadores.

Padre Pio também foi um grande taumaturgo. A lista dos milagres que operou tanto em vida como depois de sua morte é imensa. Entre seu inúmeros prodígios, estão as mais diversas curas, a ressurreição de mortos e a bilocação (estar em mais de um lugar ao mesmo tempo) – em certa ocasião, quando aviões bombardeiros sobrevoavam São Giovani Rotondo, ele fez-se presente no céu para literalmente enxotá-los dali.

Perseguições

Em diversos níveis, o Santo de Pietrelcina foi atormentado e perseguido por demônios. Religiosos invejosos o denunciaram com cartas anônimas para o Santo Ofício, pelo qual o frade foi investigado por muito tempo. São Pio era acusado de charlatanismo com seu estigmas e milagres, apenas para tirar dinheiros dos fiéis. Além disso, as denúncias contra ele mencionavam “uma vida cômoda e alegre, causando escândalos com festas noturnas, frequentadas também por jovens mulheres.”

Por causa dessas calúnias, sofreu inúmeras sanções e impedimentos, sendo proibido de celebrar Missas, ter contato com os fiéis, permanecendo em confinamento compulsório por anos. No fim, foi absolvido de todas as acusações, e ainda conseguiu converter boa parte de seus perseguidores – entre eles, o padre e psiquiatra Agostino Gemelli, que chegou a acusar o Santo frade de histeria e psicopatia.

Com a permissão de Deus, que conhecia sua santidade, Padre Pio, exorcista, ainda era diretamente perseguido por demônios, que literalmente o surravam e espancavam, na tentativa se fazê-lo esmorecer de seu apostolado. Em vão. O frade suportava pacientemente todas as provações, e jamais deixou de celebrar uma Missa (ainda que de olho roxo e cheio de hematomas) por causa daquelas bestas.

Última Missa e morte

A saúde do Padre Pio, bastante frágil, sempre demandou cuidados. Em seus últimos anos de vida, deteriorou-se bastante. Foi doente e debilitado que, em 22 de setembro de 1968, dois dias depois de completados 50 anos desde que recebera os estigmas de Cristo, celebrou sua última Missa. Na madrugada do dia 23, já muito enfermo, após se confessar e renovar seus votos de pobreza, obediência e castidade, entregou sua alma a Deus.

Corpo incorrupto de São Pio de Pietrelcina, que ainda bombeia sangue na região de cintura

Beatificado em 1999 por São João Paulo II, que também o canonizou em 2002, São Pio de Pietrelcina constituiu um farol em meio à escuridão em que mergulharam a Igreja e o mundo no século XX. O século da mais profunda crise de fé na História da Igreja, com um clero cético e corrompido por ideologias nefastas, debandada e diminuição exponencial do número de religiosos em todo o mundo, do dia para a noite. Em meio àquela derrocada, Deus providenciou ao mundo o primeiro e único sacerdote estigmatizado, e de tantos prodígios como não se testemunhava havia séculos. Um padre para lembrar ao clero em crise a verdadeira identidade sacerdotal: a persona christi, alguém que se oferece como vítima, configurando-se ao Cristo na Cruz.

Rezemos pela intercessão de São Pio de Pietrelcina junto ao clero, para sua santificação, e peçamos:

São Pio de Pietrelcina, rogai pela Santa Igreja!

São Pio de Pietrelcina, rogai pelo clero!

São Pio de Pietrelcina, rogai por nós!

 

A morte do Padre Pio

 

Já ia-se adiantando a madrugada,

e o Padre Pio, débil e doente,

fez seus votos perpétuos novamente,

e confessou-se. À hora já adiantada,

 

antes da aurora, fez-se iluminada

sua cela, de uma luz que ele somente

era capaz de ver, e calmamente

lançou o frade a derradeira arfada.

 

Fechou os olhos, mas logo depois

abriu-os onde nova e intensa luz

brilhava, e dela viu surgir Jesus

 

e Sua Santa Mãe, e pelos dois

num abraço amoroso foi cingido

enquanto era na Glória recebido.


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