DOSE DE FÉ | Nossa Senhora das Neves / Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Um dos pontos de visitação mais concorridos de Roma, a Basílica de Santa Maria Maior já foi, em outras épocas, depósito de lixo e cemitério de escravos 

Hoje é o dia de Nossa Senhora das Neves, dia em que a Santa Igreja também comemora a Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior.

As histórias das duas homenageadas estão interligadas. Voltando no tempo até o século IV, deparamo-nos, em 352, com um piedoso homem chamado João, representante do imperador (que havia se transferido para Constantinopla) em Roma. Homem muito rico e sem herdeiros, João não sabia o que fazer com toda a fortuna que lhe sobrava. Então, na noite de 5 de agosto daquele ano, Nossa Senhora apareceu-lhe em um sonho e lhe pediu que construísse uma igreja no lugar onde houvesse neve – em pleno verão romano! Naquela mesma noite, a Virgem também visitou o Papa Libério, com as mesmas instruções.

Logo pela manhã, obedientes à Mãe, saíram João e o Pontífice à procura da neve prometida, e encontraram-na, juntos, no topo do Monte Esquilino. O Papa traçou com seu bastão a área onde deveria ser erigida a igreja, e o patrício financiou todo o projeto. Daí, originou-se mais um título mariano: Nossa Senhora das Neves.

Imagem de Nossa Senhora das Neves

A Virgem Puríssima que santifica…

É interessante notar aqui que Nossa Senhora frequentemente escolhe locais sujos e impuros para serem santificados. Assim Ela o fez, por exemplo, com a gruta de Massabielle, em Loudres, um monturo que purificou com a água santa que fez jorrar de lá.

O mesmo aconteceu com a região do Monte Esquilino, que anteriormente já havia sido um depósito de lixo, e depois um cemitério de escravos, e não era uma região muito bem vista pela população. Com a construção da igreja e a difusão da piedosa história de Nossa Senhora das Neves, o local passou a ser muito visitado.

Santa Maria Maior

No século seguinte, para celebrar o resultado do Concílio de Éfeso (431), que confirmou Nossa Senhora como a Mãe de Deus, o Papa Sisto III mandou construir uma igreja no mesmo local onde antecessor Libério havia erigido a Santa Maria das Neves. No entanto, ele queria algo maior – por isso, o nome Santa Maria Maior. A construção aconteceu entre 432 e 440.

Santa Maria do Presépio

Nessa nova Basílica foi construído o primeiro Presépio de que se tem notícia – segundo a tradição, feito com tábuas da própria manjedoura onde nasceu Nosso Senhor. Assim, a antiga Igreja de Maria das Neves, ou Basílica Liberina (em homenagem ao Papa Libério), e atual Basílica de Santa Maria Maior, passou também a ser conhecida como Basílica de Santa Maria do Presépio.

Outro aspecto relevante a ser apontado sobre essa Basílica, hoje um dos pontos de visitação mais concorridos de Roma, é que lá se encontram os primeiros e mais ricos mosaicos alusivos a Nossa Senhora.

A Dedicação à Basílica de Santa Maria Maior entrou no calendário litúrgico romano em 1568, quando se decidiu pela data de 5 de agosto. Hoje, invoquemos a intercessão da Virgem Santíssima com três títulos que a data nos oferece:

Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós!

Nossa Senhora das Neves, rogai por nós!

Nossa Senhora do Presépio, rogai por nós!

 

À Igreja de Nossa Senhora das Neves

 

 Rico romano, João, sem ter herdeiro,

já não sabendo mais o que fazer

com todo aquele excesso de dinheiro,

 

à caridade resolveu ceder

boa parte da riqueza, porém não

sabia bem no quê. O anoitecer

 

lhe trouxe o sono, e nele uma visão

da Santa Mãe de Deu a lhe rogar:

“Eu te peço, querido e bom João,

 

que uma igreja construas no lugar

onde pela manhã houver ainda

gelada e branca neve a sobejar.”

 

Ao mesmo tempo, ante que fosse finda

a noite, Ela também apareceu

ao Papa, e o mesmo disse na entrevinda.

 

A dupla, diligente, obedeceu,

e a esquadrinhar saiu a todo canto

da cidade, tão logo amanheceu.

 

Era um verão quentíssimo, e, no entanto,

os dois ao mesmo tempo descobriram

a anunciada neve e, com espanto,

 

o milagre mariano conferiram.

O Pontífice, com o seu cajado,

traçou a planta de onde se erigiram

 

os pilares do templo dedicado

à Santíssima Virgem, que em seu sonho

lhe fizera o pedido. Quando instado

 

sobre o nome da Igreja, bem risonho

respondeu, todo envolto em alegria:

“Nesta abençoada ermida agora ponho

 

o Santíssimo nome de Maria…”

“…das Neves!”, disse João, o interrompendo.

“Tu bem falaste o que eu anunciaria!”,

 

falou o Papa, o riso mal contendo,

e riram ambos da outra coincidência,

deixando a Mãe de Deus com um tremendo

 

sorriso, diante da alta reverência

de Seus amados filhos, refletida

no amor, cuidado, apuro e diligência

 

com que fora por eles atendida.


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