Modelo de coragem lealdade a Cristo diante dos poderes temporais, São Martinho I foi o último Papa a ser martirizado na História da Igreja
Hoje é dia se São Martinho I, Papa e mártir.
Natural de Todi, na Toscana, Martinho sucedeu ao Papa Teodoro na Cátedra de Pedro em 649, e desde o início de seu pontificado precisou lutar contra a heresia monofisita, que negava a natureza humana de Jesus Cristo. Acontece que tal heresia havia sido promulgada por Constante II um ano antes, mas mesmo assim o Sumo Pontífice, contrariando o imperador e sem sua autorização, convocou um concílio na Basílica de São João de Latrão, e foi um dos maiores da história da Igreja, no qual o monofisismo foi definitivamente condenado.
Furioso, Constante II mandou prender Martinho I, o que deixou sob a responsabilidade do exarca (representante do imperador) de Ravena, Olímpio. Este, no entanto, ordenou que seu escudeiro matasse o Papa. Acontece que, quando o capanga, ao receber a comunhão das mãos do Pontífice durante uma missa na Igreja de Santa Maria Maior, sacando seu punhal para atingi-lo, ficou cego. Isso fez com que Olímpio se arrependesse de suas ações, inclusive movendo guerra contra o imperador.
Em 653, após a morte de Olímpio, um novo exarca cumpriu as ordens de Constante II e levou preso Martinho I. O Pontífice foi levado em uma viagem exaustiva de 15 meses até Constantinopla, sendo muito mal alimentado durante todo o trajeto. Lá chegando, em setembro de 654, foi exposto nu e humilhado pela população durante todo um dia na rua, e depois trancafiado por três meses em uma masmorra, em péssimas condições. Em abril de 655, foi condenado ao exílio na Crimeia, no sul da Rússia. Lá, padeceu de frio e fome por 4 meses, até morrer em 16 de setembro.
São Martinho I, último Papa a ser martirizado, constitui modelo de Pontífice que se mantém leal à Igreja frente aos abusos dos poderes temporais, um exemplo que talvez faça muita falta em nossos dias.
São Martinho I, rogai por nós!
Martinho, o primeiro e derradeiro
Quando enfrentou as pérfidas doutrinas
de que era adepto o imperador Constante,
sabia São Martinho as certas sinas
a que seria alçado, mas adiante
seguiu, fiel apenas ao Senhor,
e não ao vil monarca delirante.
Diante de sua audácia, o imperador
mandou prendê-lo, mas o seu sicário,
diante de um milagre, em estupor
se converteu, e contra o mandatário
voltou-se, e sob sua proteção
manteve então o Crístico Vigário.
Porém, quando morreu seu guardião,
Martinho já não mais pôde escapar,
e o imperador enviou-o pra prisão.
Constante cruelmente fê-lo estar
desnudo em público e achincalhado,
e depois o mandou enclausurar
num cubículo fétido e mofado
por longo tempo, até que o enviou
para um longínquo frio, onde exilado,
pouco tempo depois, ao Céu rumou
São Martinho, Pontífice Primeiro,
que a eclesial história nos deixou,
entre os Papas, qual mártir derradeiro.
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