DOSE DE FÉ | Martinho I

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Modelo de coragem lealdade a Cristo diante dos poderes temporais, São Martinho I foi o último Papa a ser martirizado na História da Igreja

Hoje é dia se São Martinho I, Papa e mártir.

Natural de Todi, na Toscana, Martinho sucedeu ao Papa Teodoro na Cátedra de Pedro em 649, e desde o início de seu pontificado precisou lutar contra a heresia monofisita, que negava a natureza humana de Jesus Cristo. Acontece que tal heresia havia sido promulgada por Constante II um ano antes, mas mesmo assim o Sumo Pontífice, contrariando o imperador e sem sua autorização, convocou um concílio na Basílica de São João de Latrão, e foi um dos maiores da história da Igreja, no qual o monofisismo foi definitivamente condenado.

Furioso, Constante II mandou prender Martinho I, o que deixou sob a responsabilidade do exarca (representante do imperador) de Ravena, Olímpio. Este, no entanto, ordenou que seu escudeiro matasse o Papa. Acontece que, quando o capanga, ao receber a comunhão das mãos do Pontífice durante uma missa na Igreja de Santa Maria Maior, sacando seu punhal para atingi-lo, ficou cego. Isso fez com que Olímpio se arrependesse de suas ações, inclusive movendo guerra contra o imperador.

Em 653, após a morte de Olímpio, um novo exarca cumpriu as ordens de Constante II e levou preso Martinho I. O Pontífice foi levado em uma viagem exaustiva de 15 meses até Constantinopla, sendo muito mal alimentado durante todo o trajeto. Lá chegando, em setembro de 654, foi exposto nu e humilhado pela população durante todo um dia na rua, e depois trancafiado por três meses em uma masmorra, em péssimas condições. Em abril de 655, foi condenado ao exílio na Crimeia, no sul da Rússia. Lá, padeceu de frio e fome por 4 meses, até morrer em 16 de setembro.

São Martinho I, último Papa a ser martirizado, constitui modelo de Pontífice que se mantém leal à Igreja frente aos abusos dos poderes temporais, um exemplo que talvez faça muita falta em nossos dias.

São Martinho I, rogai por nós!  

 

Martinho, o primeiro e derradeiro

 

Quando enfrentou as pérfidas doutrinas

de que era adepto o imperador Constante,

sabia São Martinho as certas sinas

 

a que seria alçado, mas adiante

seguiu, fiel apenas ao Senhor,

e não ao vil monarca delirante.

 

Diante de sua audácia, o imperador

mandou prendê-lo, mas o seu sicário,

diante de um milagre, em estupor

 

se converteu, e contra o mandatário

voltou-se, e sob sua proteção

manteve então o Crístico Vigário.

 

Porém, quando morreu seu guardião,

Martinho já não mais pôde escapar,

e o imperador enviou-o pra prisão.

 

Constante cruelmente fê-lo estar

desnudo em público e achincalhado,

e depois o mandou enclausurar

 

num cubículo fétido e mofado

por longo tempo, até que o enviou

para um longínquo frio, onde exilado,

 

pouco tempo depois, ao Céu rumou

São Martinho, Pontífice Primeiro,

que a eclesial história nos deixou,

 

entre os Papas, qual mártir derradeiro.


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