DOSE DE FÉ | Santa Helena

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Mãe de Constantino, o Grande, que cessou a perseguição aos cristãos, Santa Helena, após uma visão, descobriu o Santo Sepulcro e a Cruz de Nosso Senhor em Jerusalém

Nascida na Bitínia, na Ásia Menor, em 250, Helena era filha de um casal de classe média, donos de uma hospedaria. Quando por lá passou um jovem tribuno militar chamado Constâncio Cloro, ele se apaixonou pela exuberante beleza da jovem que ajudava os pais em seu negócio, e pediu-a em casamento. Dessa união, nasceu Constantino, o futuro imperador de Roma. Constâncio era o favorito do imperador Maximiano, que o escolheu para ser seu sucessor. No entanto, seu protegido precisou abandonar Helena e se casar com Teodora, irmã de Maximiano.

Helena, sendo mulher pagã e sem formação na cristandade, era mesmo assim bela em sua alma, e foi influência decisiva para o filho nos primeiros anos do menino. Sempre solícita e caridosa, ela não compreendia por que os cristãos eram tão impiedosamente perseguidos pelo Império Romano. Sua situação piorou quando foi separada de Constantino, que passou a acompanhar o pai e diversos outros generais em acampamentos militares. Foram 13 anos de dolorosa separação, que ela suportou resignada, dedicando-se sempre aos pobres e doentes. Alguns historiadores acreditam que foi nesse tempo que ela se converteu ao cristianismo.

Nesse meio tempo, Constantino, que jamais esquecera a mãe, havia feito uma notável carreira militar, e foi aclamado como sucessor de Constâncio Cloro após uma vitória militar na região de York, na Inglaterra, em 306. Como imperador, uma das primeiras medidas do então Constantino Magno foi levar Helena para a corte romana e dar-lhe o título de Augusta – em sua condição, isso era o equivalente a ocupar o cargo de Rainha Mãe.

Em seus primeiros anos de reinado, Constantino esteve em guerra contra Maxêncio, que tentava lhe usurpar o trono. Em 312, em desvantagem, acabou saindo vencedor na derradeira batalha contra o usurpador. Consta-se que, às vésperas do conflito, o imperador teve uma visão com uma cruz brilhante no céu, e as seguintes palavrasCom este sinal vence­rás“. Ele então mandou pintar nas bandeiras, estandartes e escudos de seu exército o símbolo, e saiu vencedor. Este fato ocasionou sua conversão – ainda que ele só tenha sido batizado anos mais tarde. 

Em 313, Constantino publicou o Edito de Milão. As perseguições contra os cristãos cessaram, e o próprio imperador tornou-se um grande aliado da Igreja. Sua mãe, que havia aceitado o batismo logo após sua conversão, iniciou logo seu caminho de santidade.

Mulher piedosa, Helena Augusta tornou-se grande auxiliadora dos pobres. Além disso, com o apoio irrestrito de seu filho, ela mandou construir inúmeras igrejas e mosteiros pela vasta extensão do Império, sobretudo na região da Palestina. Entre esses templos estão a Basílica da Natividade, em Belém, que existe até hoje, e a Basílica da Ascensão de Jesus, no Monte das Oliveiras.

Basílica da Natividade, em Belém, construída por iniciativa de Santa Helena

Já idosa, ela saiu em visita à Terra Santa, onde acompanhou as escavações de São Macário, e estava presente quando o santo Bispo encontrou o Santo Sepulcro, a Cruz de Nosso Senhor e as duas cruzes dos ladrões que morreram junto com Ele. Conta-se que foi Helena quem indicou o local, antes visto por ela em sonhos. Também se conta que para distinguir os três madeiros, ela convidou vários enfermos para que se aproximassem e tocassem cada uma das cruzes: a primeira que tocaram, totalmente corrompida, não lhes ocasionou nada (era o madeiro de Gestas, o impenitente ladrão da esquerda); ao tocarem a segunda cruz, menos corrompida, alguns se curaram, e outros não (era o madeiro de São Dimas, o contrito ladrão da direita); ao tocarem a terceira cruz, intacta, todos se curaram (era o Sagrado Madeiro de Nosso Senhor). 

Entusiasmada, a Santa-Augusta fez com que fossem distribuídos fragmentos da Cruz por diversos templos então conhecidos, pois era seu desejo que as relíquias do Sagrado Madeiro estivessem espalhadas por toda a Igreja.

Após sua estada em Jerusalém, Santa Helena foi viver em um mosteiro construído por ela própria na Palestina. Quando pressentiu sua morte, voltou para perto do filho, e perto dele faleceu em 330, aos 80 anos. Seu corpo foi transportado para Constantinopla, nova capital do Império, e colocado na Igreja dos Apóstolos. Em 849, suas relíquias foram transferidos para a Abadia de Hautviers, em Reims, na França. Hoje, encontram-se em Roma, no Vaticano.

Santa Helena é representada com vestes de rainha, segurando a Santa Cruz e indicando o local onde ela estava enterrada, ou com a Santa Cruz sendo revelada a ela em sonhos, ou, ainda, como uma mulher medieval segurando uma Bíblia, a Santa Cruz e os Cravos dos pés e mãos de Nosso Senhor. Sua santidade, que começou com sua conversão e se intensificou com seu amor aos pobres e sua dedicação à Igreja na construção de tantos santos templos, foi coroada com a graça que recebeu em descobrir a Cruz de Nosso Senhor. Além disso, como tantas outras mães santas, trabalhou incessantemente pela redenção de seu filho: ao fim da vida, Constantino recebeu as sagradas águas do Batismo, garantindo a salvação de sua alma e a eternidade junto de Deus, ao lado de sua santa mãe.

Santa Helena, rogai por nós!

 

A Santa Helena

Quando na Terra Santa se encontrava,
Helena Augusta, beata e piedosa,
em sonhos viu, brilhante e majestosa,
a Santa Cruz, e onde ela se encontrava.

Ao Bispo São Macário fez saber
o santo paradeiro, e sem demora
achada foi a Cruz, que, mundo afora,
a toda Igreja Helena fez ceder.

A Augusta, depois disso, foi morar
em um mosteiro, onde outra vez sonhou
com o Madeiro Santo a fulgurar.

À casa de seu filho retornou,
e com todo carinho a lhe cercar,
à Eterna Cruz no Céu enfim rumou.

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