DOSE DE FÉ | Felipe Neri

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Cognominado como “Apóstolo de Roma” e “Santo da Divina Alegria”, São Felipe Neri, por obra do Espírito Santo, teve seu coração dilatado em uma Vigília de Pentecostes 

Hoje é dia de São Felipe Neri, sacerdote.

Nascido em Florença, Itália, em 21 de julho de 1515, Felipe Rômulo Neri pertencia a uma família rica. Sua mãe morreu quando ele tinha apenas 5 anos. Seu pai casou-se novamente, e Felipe e seus irmãos foram criados com muito amor pela madrasta.

Seus primeiros estudos foram realizados em San Marco, mosteiro dominicano de Florença. Mais tarde, aos 18 anos, ele foi mandado pelo pai para auxiliar um tio comerciante em São Germano, mas não se adaptou àquela vida. Em 1535, aceitou o convite para ser tutor dos filhos de uma rica família de Roma, onde retomou os estudos com os agostinianos, formando-se em Filosofia e Teologia. Em seu tempo livre, prestava ajuda aos pobres e doentes, sempre com grande entusiasmo e alegria.

Em 1548, junto com seu confessor, fundou a Confraria da Santíssima Trindade de Peregrinos e Convalescentes, cujo objetivo principal era atender às necessidades dos milhares de peregrinos pobres que se reuniam em Roma, e também aliviar os pacientes que recebiam alta dos hospitais, mas que ainda eram fracos demais para o trabalho.

Em 1551, aos 36 anos, Felipe Neri foi ordenado sacerdote, sendo designado para a igreja de São Jerônimo da Caridade. Preocupado com o declínio espiritual em Roma, começou em 1556 um grupo de estudos que futuramente viria a se transformar em sua maior obra, a Congregação de Padres do Oratório, os Oratorianos, dedicada à educação cristã da juventude, sobretudo para os meninos pobres.

A partir de 1590, aos 75 anos, passou a limitar seu trabalho ao confessionário e ao direcionamento espiritual, o que valeu a conversão de um sem-número de fiéis. Cinco anos mais tarde, em 26 de maio de 1580, dia de Corpus Christi, a menos de um mês de completar 80 anos, São Felipe Neri faleceu.

O Milagre do Coração Dilatado

Durante a Vigília de Pentecostes de 1544, São Felipe Neri, ainda leigo, viveu o Milagre de Pentecostes, ou Milagre do Coração Dilatado: ele estava nas catacumbas de São Sebastião, em Roma, e enquanto orava ao Espírito Santo pedindo por mais fervor, apareceu-lhe um globo de fogo que entrou por sua boca e se alojou em seu peito. Imediatamente ele sentiu um ardor que o fez prostrar-se no chão. Quando se levantou, cheio de uma alegria nova, sentiu um inchaço incomum no peito.

O que aconteceu foi que seu coração havia se dilatado, e tanto, que lhe quebrou duas costelas. O milagre foi confirmado após sua morte, quando fizeram sua autópsia. Ele viveu por anos com aquele coração dilatado e as costelas quebradas, sem jamais ter sentido o incômodo dos ferimentos internos! Esse milagre, inclusive, impulsionou sua canonização.

San Filippo Neri”, de Giovani Francesco Barbieri detto Gercino (1656); quadro expõe o “Pentecostes de São Felipe Neri”

São Felipe Neri foi beatificado por Paulo V em 1615, e canonizado por Gregório XV em 1622. Por sua obra de evangelização e conversão em uma Roma próspera mas espiritualmente decadente, e pela imensa alegria com que trabalhava, ganhou os cognomes de Apóstolo de Roma e Santo da Divina Alegria.

São Felipe Neri, rogai por nós!

 

O coração dilatado

 

No túmulo de São Sebastião,

durante o Pentecostes, mais ardor

pedia o fiel Felipe em oração,

 

e sem demora veio do Senhor

em resposta uma esfera flamejante,

voejando em divino resplendor,

 

e adentrou-lhe na boca num rompante,

e sem mais em seu peito se instalou.

Felipe, atordoado, àquele instante,

 

temendo, ao solo pronto se prostrou

em franca e genuína adoração

a Deus, que compassivo o escutou

 

e fez-lhe dilatado o coração,

onde enfim muito, muito mais cabia

piedade, e ardente amor, e compaixão,

 

e viva e imensurável alegria.  


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