DOSE DE FÉ | Cristóvão Magalhães

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Mártir cristero, São Cristóvão Magalhães foi uma das milhares de vítimas do espírito ateu e revolucionário que amaldiçou o México no século XX

Hoje é dia de São Cristóvão Magalhães e companheiros, mártires.

Cristóvão nasceu no município de Totaltiche, Jalisco, arquidiocese de Guadalajara, México, em 30 de julho de 1869. Em 1888, aos 19 anos, matriculou-se no Seminário São José, em Guadalajara. Foi ordenado sacerdote aos 30 anos, em 1908, e passou a trabalhar como capelão na Escola do Espírito Santo, em Guadalajara mesmo. Após alguns anos, foi designado como pároco de sua cidade natal, Totaltiche.

Padre Cristóvão destacava-se por sua piedade e seu trabalho incansável. Fundou escolas e carpintarias, um orfanato e um asilo para idosos, criou capelas e pequenas igrejas nas fazendas, e planejou a represa conhecida como “La Cundelária”. Também trabalhou como missionário entre os indígenas huicholes. Devoto de Maria e fervoroso propagador da prática do Rosário, em 1916 fundou o Seminário Auxiliar de Nossa Senhora de Guadalupe, de onde saíram Agustín Caloca Cortés, um de seus companheiros mártires, e o Padre José Pilar Quezada Valdés, que o sucedeu em sua paróquia.

A partir de 1917, a situação política do México, já bastante instável havia décadas, agravou-se com a promulgação de uma constituição anticlerical assinada pelo então presidente Venusiano Carranza, dando início a perseguições religiosas anticristãs no país.

Em uma década, mesmo com as reações da população católica, como a criação da Liga Em defesa da Liberdade Religiosa, a situação piorou cada vez mais. Sob o governo de Plutarco Elias Calles, em 1926 o México foi palco de arbitrariedades que iam do fechamento de escolas católicas, seminários e igrejas ao assassinato de milhares de religiosos e fiéis, entre eles, São Cristóvão Magalhães e seus companheiros mártires.

No dia 21 de maio de 1927, em meio às perseguições de Calles e à Cristiada, ou Guerra dos Cristeros (reação armada dos fiéis católicos contra as arbitrariedades anticristãs do Estado), enquanto se dirigia para celebrar a Santa Missa em uma fazenda, Padre Cristóvão foi preso por agentes do governo e, sem qualquer julgamento, foi fuzilado junto com outros católicos quatro dias depois em Colotlán. Pouco antes de ser morto, disse em voz alta diante de seus assassinos: “Sou e morro inocente; perdoo de coração aos que me matam e peço a Deus que meu sangue sirva para a paz dos mexicanos desunidos.

São Cristóvão Magalhães e muitos outros mártires cristeros foram canonizados por São João Paulo II em 2000. Os outros santos mártires que, junto com ele, morreram por Nosso Senhor em 25 de maio de 1927 são: Romão Adame, Rodrigo Aguilar, Júlio Álvarez, Luís Batis Sáinz, Agostinho Caloca Cortés, Mateus Correa, Atilano Cruz, Miguel de la Mora, Pedro Esqueda Ramírez, Margarido Flores, José Isabel Flores, David Galván, Pedro Maldonado, Jesus Méndez, Justino Orona, Sabas Reyes, José Maria Robles, Toríbio Romo, Januário Sánchez Delgadillo, Tranquilino Ubiarco e David Uribe, presbíteros; e Manuel Morales, Salvador Lara Puente e David Roldán Lara, leigos.

Que esses e todos os mártires cristeros, vítimas do espírito revolucionário que amaldiçoou o México no século XX, nos sejam exemplo e inspiração em tempos de perseguições e apostasia.

São Cristóvão Magalhães, rogai por nós!

 

A última oração de São Cristóvão Magalhães

 

Padre Cristóvão, prestes a morrer,

por ímpios e descrentes fuzilado,

olhou pro céu e disse: “Pai amado,

oferto por Tuas dores meu sofrer,

 

e rogo que piedade possas ter

com os carrascos que me têm matado

e que Teu Peito tanto têm magoado.

Eu morro agora, e espero logo ver

 

o Teu Divino Rosto sem demora.

Cuida dos mexicanos, tão perdidos,

e que não seja vão o sangue que ora

 

escorre de Teus filhos perseguidos.

Senhor, que és sempre Amor, e Paz, e Bem,

o espírito Te entrego agora, amém.”


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