DOSE DE FÉ | Celestino V (Pedro Celestino)

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Papa por apenas 4 meses, diante das disputas mesquinhas entre príncipes e cardeais corruptos, São Celestino V renunciou à Cátedra de Pedro para voltar à vida de ermitão e terminou seus dias como prisioneiro

Hoje é dia de São Celestino V, também conhecido como São Pedro Celestino, Papa.

Nascido em Isérnia, na Itália, em 1215, com o nome de Pedro de Morrone, foi o 11º de 12 filhos de um casal de camponeses. Ainda jovem, retirou-se ao Mosteiro de Maria Fifoli entre 1231 e 1232, e depois viveu em uma gruta no Monte Pelenco, em completa solidão.

Em 1238, viajou para Roma, onde foi ordenado sacerdote com licença para levar vida eremítica. Estabeleceu-se no Monte Morrone e depois no Monte Maiella, onde fundou uma comunidade eremítica em 1246, aprovada como beneditina por Urbano IV em 1263. Em 1274, durante o segundo Concílio de Lyon, Gregório X reconheceu e aprovou o estabelecimento da Ordem dos Irmãos do Espírito Santo (ou Celestinos) naquela comunidade. A Ordem se espalhou pela Europa, mas foi quase extinta após a Revolução Francesa.

Com fama de santidade, Padre Pedro passou a peregrinar por diversas comunidades monásticas da Itália para fugir da multidão de admiradores e devotos que o seguia, pois aspirava à solidão da vida eremítica. Em meados de 1294, no entanto, seu estilo de vida mudaria drasticamente. Depois de dois anos de Sé Vacante devido a uma disputa entre dois partidos de cardeais, o ermitão Pedro de Morrone foi eleito em 5 de junho e entronizado como Pontífice em 29 de agosto daquele ano.  

Com apenas quatro meses de pontificado, ao se ver como joguete de manobras políticas de cardeais e príncipes (sobretudo de Carlos II, de Nápoles), Celestino V renunciou. Seu sucessor, Bonifácio VIII, que enquanto Cardeal Caetani o havia auxiliado com a documentação para sua renúncia, não permitiu que ele retornasse à sua vida eremítica, e o fez prisioneiro no Castelo de Fumone, onde o ex-Pontífice viveu até sua morte, em 19 de maio de 1296. Foi canonizado por Clemente V em 1313.

São Celestino chegou a ser injustamente condenado ao Inferno por Dante, que o colocou no círculo dos covardes por sua renúncia (Canto III, verso 60). No entanto, podemos compreender que sua atitude constituiu, na verdade, um exemplo de coragem frente às disputas mesquinhas de príncipes e cardeais corruptos e pouco devotos. Por essa coragem e por seu exemplo de vida, é muito mais certo crer que o santo Pontífice e eremita vive a eternidade na Casa de Deus, e não do diabo.

São Celestino, rogai por nós!

 

A São Pedro Celestino

 

Ele era um santo ermitão

que em paz queria viver,

porém quis a Providência

no topo o estabelecer,

e Pontífice, portanto,

Padre Pedro veio a ser.

De São Pedro Celestino

o Céu foi certo destino.

 

Como Papa ele assumiu

o nome de Celestino,

mas pouco pôde fazer

em meio a atroz desatino

de nobres e de cardeais

com espírito asinino.

De São Pedro Celestino

o Céu foi certo destino.

 

Assim, com só quatro meses

de papado renunciou,

e os poderosos mesquinhos

em sua sujeira os deixou,

e coragem nobre e rara

dessa forma ele provou.

De São Pedro Celestino

o Céu foi certo destino.

 

No entanto, um dos tais graúdos

privou-o da liberdade,

e o pobre ermitão não pôde

voltar à sua soledade,

senão como prisioneiro,

lançado a injusta impiedade.

De São Pedro Celestino

o Céu foi certo destino.

 

Mais de dez anos viveu

em condições tão injustas

o ex-Papa que não topou

ser fantoche de disputas

de egos tão avolumados,

de vaidades tão robustas.

De São Pedro Celestino

o Céu foi certo destino.

 

No dia em que ele se foi,

sem alarde e sem tropel,

por Jesus foi acolhido

em Sua Casa no Céu,

e ganhou da santidade

o merecido laurel.

De São Pedro Celestino

o Céu foi certo destino.


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