DOSE DE FÉ | Bernardo de Claraval

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Conselheiro de reis e Papas, São Bernardo de Claraval foi a maior personalidade da Europa de seu tempo

Hoje é dia de São Bernardo de Claraval, Abade e Doutor da Igreja.

Nascido em Dijon, na França, em 1090, Bernardo procedia de família nobre e rica. Era o terceiro de oitos filhos de Tescelin Sorrel e da Bem-Aventurada Alice de Montbard. De espírito piedoso desde pequeno, destacou-se nos estudos, e também por sua sabedoria.

Quando sua mãe morreu, Bernardo quis seguir a carreira religiosa, e enfrentou forte oposição entre seu pai, cavaleiro, e os irmãos, que se preparavam para seguir a carreira militar. Ele não só conseguiu convencê-los a deixá-lo seguir o santo caminho, como levou todos consigo, além de tios, primos e amigos, tendo entregue à profissão religiosa trinta homens só naquele momento. 

Aos 22 anos, então, o jovem bolonhês ingressou na Abadia de Cister, um mosteiro fundado por São Roberto de Molesme, também fundador da Ordem Cisterciense. Em 1115, após dois anos de sua entrada em Cister, Bernardo foi enviado para o Vale de Langres, para fundar a Abadia de Claraval, segunda da Ordem e da qual foi o primeiro Abade. Em pouco tempo a Abadia ficou conhecida em toda a França e posteriormente por toda a Europa como um lugar onde se vivia a oração, o trabalho, a humildade, a caridade e a cultura profunda. O Mosteiro chegou a ter 700 monges (quando ele lá ingressou, em 1113, havia 20), inclusive Henrique de França, irmão do Rei Luís VII, que mais tarde foi Bispo e Arcebispo de Reims.

A contribuição de São Bernardo dentro da ordem foi de tão grande magnitude que ele passou a ser considerado o seu segundo fundador.  Nos anos em que esteve à frente da Abadia de Claraval, a ordem floresceu abundantemente, passando a contar com cento e sessenta e cinco mosteiros em vários países da Europa. Bernardo sozinho fundou sessenta e oito, e, em suas mãos, mais de setecentos religiosos professaram os votos sagrados.

São Bernardo participou ativamente do Concílio de Troyes (1129), para o qual foi chamado pelo Papa Honório II, e durante o qual conseguiu o reconhecimento para a Ordem do Templo, os Templários, cujos estatutos ele mesmo escreveu. Também participou do Segundo Concílio de Latrão, (1139), do qual foi secretário a convite do Papa Inocêncio II. Em 1146, a pedido de Eugênio III, convocou a Segunda Cruzada. Por suas pregações naquela ocasião, ficou conhecido como Pai dos fiéis, Coluna da Igreja, Apoio da Santa Sé, Anjo Tutelar do Povo de Deus.

Devoto fervoroso da Virgem Maria, São Bernardo certa vez, na Catedral de Spira, na Alemanha, ajoelhou-se por 3 vezes dizendo: Ó Clemente; Ó Piedosa; Ó Doce Virgem Maria! Essas invocações acabaram sendo acrescentadas ao final da oração Salve Rainha.

O Santo Abade de Claraval tornou-se a personalidade mais importante e reconhecida de toda a Europa de seu tempo, tendo sido conselheiro de diversos reis, nobres, Bispos e Papas. Sua sabedoria também se exteriorizou em inúmeros escritos de espiritualidade, apologética e teologia que lhe valeram o título de Doutor da Igreja em 1830. Entre as inúmeras santas obras que ele legou à humanidade, destacam-se, além de seus sermões, livros como Os graus da humildade e da soberba, As heresias de Pedro Abelardo e Tratado Sobre o Amor de Deus.

Em 1153, participando de uma missão em Lorena, São Bernardo adoeceu. Percebendo a gravidade do seu estado, pediu para ser conduzido ao seu Mosteiro de Claraval, onde pouco tempo depois morreu, no dia 20 de agosto, aos 63 anos. Foi sepultado na igreja do Mosteiro, mas teve suas relíquias dispersadas durante a Revolução Francesa. Depois, sua cabeça foi entregue para ser guardada na Catedral de Troyes. Conta-se que, pouco antes de morrer, assim falou aos queridos filhos espirituais que o cercavam: “Porque desejais reter aqui um homem tão miserável? Usai da misericórdia para comigo e deixai-me ir para Deus.

São Bernardo de Claraval, canonizado em 1174 por Alexandre III, foi não apenas a maior personalidade, mas também a maior autoridade na Europa de seu tempo. Ele não buscou esse prestígio ou essa posição, mas o extraordinário dom da sabedoria de que foi dotado alçou-o a tanto. E tudo começou quando ele, ainda jovem, perguntou-se: Bernard, ad quid veniste? (“Bernardo, por que vieste aqui?”). Esta é a pergunta que, à imitação do Santo cisterciense, devemos nos fazer diariamente: por que viemos a este mundo? Qual nosso propósito diante de Deus em nossa curta existência aqui? A Eternidade com Nosso Pai? Se for esse nosso objetivo, cabe-nos então darmos os passos seguintes e, assim como São Bernardo fez florescer a Ordem dos antigos monges de Cluny, fazermos nosso caminho nesta vida ser espiritualmente próspero, para que os frutos sejam colhidos no Céu.

São Bernardo de Claraval, rogai por nós!

 

A são Bernardo de Claraval

 

Um dia, o jovem Bernardo

perguntou de si pra si,

buscando razão à vida:

“O que vim fazer aqui?”

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

A resposta, muito fácil,

por Nosso Senhor foi dada,

e a Ele Bernardo quis

ter sua vida consagrada.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

A sua família, no entanto,

o queria cavaleiro,

mas ele, querendo a Deus,

mudou-se para um mosteiro.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

No fim, o pai, os irmãos,

tios, primos e outros amigos,

somando-se bem uns trinta,

Bernardo levou consigo.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

A Abadia de Cister

Bernardo reavivou,

fundou outra, e mais dezenas,

e sua Ordem prosperou.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

Aconselhou reis e Papas

com sua sabedoria,

e numa Santa Cruzada

pregou com grã maestria.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

Sobre vícios e virtudes,

e o Amor de Deus escreveu,

e também em suas obras

vis hereges combateu.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

E ele, que apenas queria

fazer-se um simples Abade,

de seu tempo acabou sendo

a maior autoridade.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

Um dia, ele adoeceu,

e sentindo a sua hora,

a Claraval retornou,

e de lá, ao Céu foi-se embora.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

 

Choraram em abundância

os queridos monges seus,

enquanto ele, já no Céu,

sorria diante de Deus.

Viva o Santo magistral

Bernardo de Claraval!

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