DOSE DE FÉ | Bernadette Soubirous

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Vidente de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Lourdes, Santa Bernadette, em sua simplicidade, soube perfeitamente viver o vale de lágrimas deste mundo, para ganhar a felicidade no outro

Hoje é dia de Santa Bernadette Soubirous, vidente de Lourdes.

Nascida no Moinho de Boly, perto de Lourdes, na França, em 7 de janeiro de 1844, Maria Bernarda Soubirous era de família pobre. Seu pai era moleiro (operador de moinho de farinha) e chegou a ser injustamente preso, acusado de roubo de farinha. A pequena Bernadette trabalhava como pastora doméstica.

Devido a uma grave crise financeira, a família Soubirous precisou mudar-se para Lourdes, e passaram a viver em condições ainda mais precárias, morando em uma antiga cadeia abandonada, um lugar sujo e infecto. As condições insalubres do lugar e a extrema pobreza em que viviam ocasionaram problemas de saúde a Maria Bernarda, como cólera e asma, e atraso intelectual. Aos 14 anos, ainda não havia conseguido aprender a ler.

Em 11 de fevereiro de 1858, quando foi buscar lenha nos arredores da gruta de Massabielle junto com sua irmã Toniette e sua amiga Baloume, a jovem teve a primeira das 18 visões de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.  

As aparições da Mãe de Deus à jovem Maria Bernarda mudaram completamente sua vida, constituindo o início de seu caminho à santidade. Em uma dessas aparições, Nossa Senhora disse-lhe: “Não prometo fazer-te feliz neste mundo, mas no outro”.  A pequena aceitou a promessa e tomou sua cruz. Foi perseguida pelas autoridades políticas locais e passou por exaustivos interrogatórios de autoridades religiosas tomadas de ceticismo. No entanto, em sua simplicidade e humildade, ela jamais se dobrou, defendendo as aparições de Nossa Senhora com força e convicção.

A fama da jovem santa espalhou-se tanto pela região de Lourdes, que ela precisou se retirar ao hospital das Irmãs da Caridade de Nevers, onde ela aprendeu a ler e escrever, e onde redigiu de próprio punho o primeiro relato das aparições de Lourdes, reconhecido oficialmente pelo Monsenhor Bertrand Séveré Laurence, Bispo de Tarbes, em 1862.

Após a experiência do hospital das Irmãs da Caridade, a jovem sentiu sua vocação e, em 1866, deu início a seu noviciado no Convento de Saint Gildad, fazendo seus votos em 30 de outubro de 1867, quando passou a chamar-se Irmã Bernadette. Em todo tempo em que sua saúde o permitiu, ela passou a dedicar sua vida aos doentes como enfermeira.

Milagres de Santa Bernadette

Santa Bernadette realizou milagres tanto em vida como depois dela. Dois dos mais conhecidos relacionam-se a curas de crianças. Em uma das ocasiões, Irmã Bernadette havia bordado uma roupa para uma criança tuberculosa, que se curou logo que a vestiu. Na outra, uma mulher havia levado sua filha paralítica ao convento, e pediu para Irmã Bernadete segurá-la no colo um instante. A superiora a adverte para que não deixe a menina cair, e a jovem freira se desespera ao ver a menina sair correndo pelos corredores.

Morte e glória

A cruz da Irmã Bernadette ainda foi bastante pesada até o fim de seus dias. Além de ser perseguida por sua superiora, que durante muito tempo duvidou das aparições de Lourdes, ela passou a sofrer de uma doença que a foi paralisando completamente em seus últimos anos de vida. Em 16 de abril de 1897, totalmente paralisada na cama, entregou sua alma a Deus. Seu sepultamento contou com a presença de milhares de fiéis devotos.

Santa Bernadette foi canonizada em 8 de dezembro (Festa da Imaculada Conceição) de 1933, pelo Papa Pio XI, que estabeleceu sua festa litúrgica em 16 de abril (na França, também é comemorada em 18 de fevereiro, data da segunda aparição na gruta de Massabielle). Seu corpo, exumado 30 anos após sua morte, foi descoberto incorrupto, e assim o permanece até hoje, exposto em uma redoma de vidro na Igreja do Convento de Saint Gildad de Nevers, para onde foi transladado. Por sua aparência serena, o povo passou a chamá-la de Santa Dormente.

Corpo incorrupto de Santa Bernadette Soubirous

A trajetória de Santa Bernadette a tornam um exemplo de vida para nós. Ela aceitou todas as suas cruzes com naturalidade, simplicidade e paciência, mas sempre manteve a coragem em defender suas experiências místicas com Nossa Senhora. Foi solícita e caridosa em sua vida de serviço ao próximo, e, em sua simplicidade, compreendeu perfeitamente o conceito de viver em um vale de lágrimas quando aceitou a promessa da Mãe de Deus, e, de fato, conquistou a felicidade no outro mundo, ao lado d’Ela.

Santa Bernadette Soubirous, rogai por nós!

 

A Santa Dormente

 

As mãos cruzadas como em oração,

e delas um Rosário a descair;

reclinada, repousa em seu caixão

há mais de um século, como a dormir,

 

intacta e incorrupta, uma santinha:

seu nome é Bernadette, mas a gente

que amável devoção por ela tinha

preferiu a chamar Santa Dormente.

 

Um milagre no convento

 

Uma devota mãe vai ao convento,

levando a paralítica filhinha,

e pede, por favor, a uma freirinha,

que segure a criança um só momento.

 

A freira – Bernadette era o seu nome –

distrai-se e, de repente, vê correndo

a pequena pelintra, num tremendo

rompante de energia, e sem que tome

 

consciência do milagre, exasperada,

correndo sai atrás da pequenina,

e nesse meio tempo a mãe, pasmada,

 

louva aos Céus ao ver sua menina,

que brinca, e pula, e dança, e rodopia,

tomada de entusiasmo e de alegria.


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