DOSE DE FÉ | André Kim Taegón, Paulo Chong Hasan e Companheiros

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

No mesmo ano em que Nossa Senhora admoestava o mundo pela corrupção do claro na França, Santo André Taegón, o primeiro sacerdote coreano, mantinha viva a chama da fé ao ter seu sangue derramado por amor a Deus

Hoje é dia de André Kim Taegón, Paulo Chong Hasan e Companheiros, mártires da Coreia.

O cristianismo chegou na Coreia no início do século XVII, mas, ao contrário de outras partes do mundo, desenvolveu-se por iniciativa dos leigos por mais de um século, sem ligação com a Sé e Roma. Durante esse tempo, sacerdotes chineses visitavam o país levando o conteúdo de fé para aquela comunidade. Em 1785, a Igreja entrou oficialmente na Coreia, com o sacerdote chinês Padre Chu-mun-mo estabelecendo-se no país.

Com o crescimento da comunidade católica, o governo coreano começou a preocupar-se. Um édito de 1802 ordenava a execução de todos os cristãos no país. Assim, o único sacerdote que atuava na Coreia foi executado ainda por aqueles anos, a Igreja coreana voltou a ser uma iniciativa de cultos particulares, e agora, clandestinos.

Entre os cristãos que foram martirizados pela perseguição estatal na Coreia, está Paulo Chong Hasan, leigo nascido em 1795, que ainda jovem foi preso e privado de todos os seus bens. Colocado em liberdade, continuou firme em seu apostolado de fé, fazendo-se catequista peregrino. Preso novamente em Seul, foi martirizado em 1839.

E entre as famílias cristãs que mantinham os cultos privados no país estavam os pais de André Kim Taegón, nascido em 1821. Com a ajuda de missionários franceses de Macau, ele foi ordenado o primeiro sacerdote coreano. Preso em 1846, por ser nobre, André foi interrogado pessoalmente pelo rei, que tencionava fazê-lo renegar sua fé e denunciar seus companheiros. Como se manteve firme, foi morto por decapitação.

André Kim Taegón e Paulo Chong Hasan encabeçam a lista dos 153 Santos Mártires da Coreia, homens, mulheres, idosos e crianças católicos mortos entre 1839 e 1866, e todos canonizados por São João Paulo II em 1984.

É interessante notarmos que Santo André Kim Taegón, sacerdote, foi martirizado no mesmo ano em que Nossa Senhora de La Salette (celebrada ontem) havia se manifestado e chorado por causa de muitos padres, que então se entregavam a vícios e corrupção moral e ideológica. Ele, por sua vez, entregava-se à morte e derramava seu sangue, aos 25 anos, proferindo estas últimas palavras: “Sou perseguido e morro por estar servindo a meu Deus, que me prometeu o Reino dos Céus, e que tem castigos reservados para aqueles que não se converterem”. Com essas palavras, e com seu sangue derramado, ele ao mesmo tempo confirmava as advertências da Santíssima Virgem, e também mostrava que, mesmo em meio a um lamaçal de descrença e degeneração em que muitos membros da Igreja se afundavam naquele tempo, em outras partes do mundo havia aqueles que mantinham viva e forte a chama da fé, entregando sua vida por Nosso Senhor.

Que nos tempos de apostasia em que vivemos, muito piores que os dos século XIX, saibamos ser imitadores de Santo André Kim Taegón e dos Santos Mártires da Coreia. E que possamos encontrá-los na Glória Eterna.

Santo André Kim Taegón, rogai por nós!

São Paulo Chong Hasan, rogai por nós!

Santos Mártires da Coreia, rogai por nós!

 

Martírio de Santo André Kim Taegón

 

Quando foi conduzido para a morte,

o jovem coreano, Padre André,

mantendo-se coerente em sua fé,

e conhecendo sua gloriosa sorte,

 

assim falou: “Abraço minha Cruz

e morro pelo Nosso Pai do Céu,

pois só a ele obedeço e sou fiel,

e espero ver em breve Sua Luz.

 

Porém, a quem não crê, fique avisado,

que um eterno suplício é reservado!”.

E então, teve rasgada sua traqueia

 

ao fio da afiada espada, e à Eterna Vida,

junto a Nosso Senhor, em Sua Guarida,

rumou o Santo Mártir da Coreia.


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