CULTURA | Onde foi parar a música?

Lobo
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Cadê a sensibilidade humana? O que é arte?

Tantas perguntas sem nenhuma resposta e uma prova clara deste triste cenário é o fato lamentável de que, com a precoce morte de Taylor Hawkins, SUPOSTAMENTE por overdose, a (des)organização do evento convida o Planet Hemp para tocar no lugar do Foo Fighters, em homenagem ao baterista Taylor.

Seria até ironia se não fosse trágico. A “banda” que ficou famosa por fazer explicitamente apologia às drogas fará um show em tributo a uma suposta overdose. Você consegue compreender o que está por trás disto? Sem levar em conta que, com todo respeito aos envolvidos, seria como o consumidor comprar um voo panorâmico de helicóptero e receber um passeio de monociclo.

Você aceitaria calado? Segundo o dicionário Oxford, a palavra Lollapalooza é um substantivo que significa algo impressionante, fascinante ou atrativo. Mais uma ironia, afinal o que menos se viu neste “festival” foi algo atrativo ou fascinante, a não ser que você aprecie um sujeito desafinado, desengonçado e absurdamente patético fazendo um showmício em prol de Loola, o candidato do “polvo”.

Qual o nível de exigência de quem consome tal produto? Quando o cantor Perry Farrell, do Jane’s Addiction, criou o Lollapalooza, em 1990, a ideia era transformar num grande festival a turnê de despedida para sua banda, porém ao contrário de Woodstock, os shows não aconteceriam num só local, mas em diversos, além dos EUA.

O conceito por trás do Lollapalooza era também a inclusão de apresentações não-musicais, como exibição de obras de arte, números de circo e até monges, estendendo as fronteiras da cultura rock tradicional. Mesas de informações sobre políticas ambientais, sem NENHUM fim lucrativo, grupos que promovem a contra-cultura e discussões sobre consciência política também tinham espaço, mas geralmente não nos palcos, onde a música AINDA prevalecia, tanto que o festival ajudou a expor e popularizar artistas e bandas como Amy Winehouse, Alice in Chains, Red Hot Chili Peppers, Pearl Jam, Primus, Soundgarden, Nine Inch Nails, L7, Smashing Pumpkins, Muse, Green Day, Lady Gaga e até mesmo o Foo Fighters, talvez a maior estrela dos últimos anos.

Mas o “progressismo”, este implacável rolo compressor de corações e mentes, cada vez mais tem destruído tudo por onde passa. Música? Pra quê? Beleza? Jamais, porque ofende. Paz e amor? Esqueça, isto é coisa de velho, o lance é lacrar e promover o conflito entre homens e mulheres, brancos e negros, gays e heteros, etc, etc… Farrell jura que tirou o nome Lollapalooza de um episódio dos “Três Patetas”, onde Moe citava a palavra, porém, de acordo com o Chicago Tribune, esta cena nunca ocorreu em nenhum dos episódios da lendária série da TV.

Um escritor, biógrafo dos “Três Patetas”, disse que isto só ocorreu na mente de Perry, mas ainda assim TODA a imprensa repete esta história como “realidade”. Percebem onde chegamos? A desinformação replicada se tornou regra do novo jornalismo? Não seria mais fácil dizer que o nome poderia ter surgido em homenagem à “Lala Palooza”, personagem de quadrinhos, criada nos anos 30 por Rube Goldberg, cartunista americano premiado com o Pulitzer em 1948? A personagem era uma menina rica e de raciocínio lento, que adorava eventos sem nenhum sentido. Não seria mais condizente?

Ou por que não associar o festival ao Lollapalooza do dialeto americano do século XIX, que teve destaque no século XX durante a Segunda Guerra, como um “shibboleth“, ou seja, uma palavra, som ou costume que uma pessoa não familiarizada seria incapaz de reproduzir, possibilitando assim identificar aqueles que não pertencem à uma determinada nação, classe ou grupo de pessoas. Os soldados aliados, ao encontrarem dificuldades na identificação de espiões, usavam esta palavra para identifica-los, pois estrangeiros teriam muita dificuldade em pronunciar Lollapalooza. Talvez esta hoje seja ainda a melhor definição; afinal, se você não se identifica com a moda, o gestual, o som e a cultura do novo Lollapalooza, talvez você seja realmente um estrangeiro, alguém até mesmo distante de seu planeta. Ultimamente, confesso, tenho me sentido como o ET de Spielberg, clamando sozinho, em um telefone de brinquedo ou num microfone desligado, para que venham me resgatar: ET…Phone…Home👽


Texto Original de autoria do LOBO para A Toca do Lobo 27/03/22VOCÊ GOSTA DOS TEXTOS DA TOCA?MANTENHA O AUTOR ATIVO, VISITANDO O SITE DA Editora Zelig E ADQUIRINDO UMA DAS OBRAS DO AUTOR.COLABORE COM A ARTE INDEPENDENTE.


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