VITOR MARCOLIN | Recordar é viver

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Desenhos animados da infância

Recordar não é a mesma coisa que lembrar. O primeiro verbo vem do latim, recordare, “trazer de novo ao coração”. Bastante poético. Já o segundo, lembrar, deve ser uma corruptela esquisita do primeiro, uma vulgarização. Da infância, por exemplo, eu me recordo — e com ternura. Recordo-me principalmente de dois elementos que se fizeram amiúde presentes na época pré-puberdade: bolinhos de chuva e desenhos animados. Bons desenhos. Desenhos que tinham uma qualidade ímpar: eram despretensiosos. Agora, alguns nomes me vêm à mente (ou ao coração): O Farol de Salty, Quebra-Cabeça, Tots TV, O Pequeno Urso, Rupert, Tintim, Babar; e havia também os programas infantis, como O Mundo da Lua e Castelo Rá-Tim-Bum.

Eu tenho memória de elefante, considero uma qualidade essencial para o ofício da escrita. O primeiro desenho que assisti na vida foi O Farol de Salty (The Salty’s Lighthouse). Salty é um rapazinho ruivo que, todos os dias, sai de casa a fim de visitar um velho farol onde encontra os seus amigos do litoral. É evidente que a tônica da narrativa são as lições de boas maneiras que o personagem aprende (e ensina) depois de uma aventura. A contagiante canção de abertura, em inglês ou português, ainda hoje ecoa na minha memória. Como pode uma coisa tão singela ser tão impactante?

A série foi produzida pela Sunbow Entertainment, um estúdio norte-americano de animação fundado em 1980, e foi exibida de 3 de outubro de 1997 a 26 de junho de 1998, no TLC, canal de televisão dos Estados Unidos de propriedade da Warner Bros. No Brasil, eu assistia Salty na TV Cultura. A produção nasceu como uma parceria entre o TLC e o Bank Street College of Education, de Nova York. Recordo-me que o ponto alto da narrativa eram os barcos rebocadores (Tugs) que apareciam em live-action. Os produtores da série infantil tinham vergonha na cara o bastante para não embutirem no desenho quaisquer sombras de dramas impróprios para crianças.

Na próxima coluna pretendo falar mais sobre os bons desenhos da infância dos dinossauros que nasceram nos últimos anos do século XX.

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