VITOR MARCOLIN | ‘Inteligência Artificial’

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

O que há de errado com o termo?

Será que é difícil fugir àquela resposta enfastiante atribuída por muitos à retórica medieval? Vejamos. Em sua coluna do dia 6 de março, nosso amigo Paulo Sanchotene usou o termo “Inteligência Artificial” precisamente para se referir à inteligência “criada” artificialmente. O mote da sua análise — bastante inteligente, por sinal — era a realidade do temor inspirado pela tecnologia, o que ele chamou de “temor tecnocrata”. 

O objetivo da coluna de hoje, leitor, não é debater com o Sanchotene, concordo com a sua abordagem. E também não quero acrescentar nenhuma observação ao “temor tecnocrata”. Minha análise é mais simples e direta: o termo “inteligência artificial” é um absurdo. Um absurdo completo. E aqui a minha exposição ganha aquele sabor de retórica medieval tão estranho aos ouvidos internéticos.  

Só criaturas dotadas de alma têm inteligência — pelo menos podem tê-la. Os medievais ensinaram bem: a inteligência é uma potência da alma racional, assim como a vontade. Troquemos a descabida e obscena analogia materialista dos circuitos eletroquímicos no cérebro pela elegante simbologia medieval: a inteligência é um olho criado para enxergar não outra coisa senão a verdade. Seu objeto próprio, portanto, é a verdade.  

Robôs podem enxergar a verdade também? Talvez algum software? Não. Jamais poderão. “Inteligência”, meus amigos, é um termo malbarateado; o homem contemporâneo perdeu a capacidade de enxergar a real beleza das coisas. A inteligência é um milagre! É a parte de nós que nos conecta diretamente com o transcendente, com o próprio Criador. É verdade. Recorramos novamente aos medievais para a explicação derradeira: a fé é um ato livre da inteligência enquanto movida pela vontade para assentir. É bonito, não é?

Não se acanhe ao ler o que Isaac Asimov disse sobre Sto. Tomás de Aquino. Pense assim – e este modelo vale para todos: o que será que Sto. Tomás diria de Isaac Asimov? A técnica é infalível.

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