Paulo SanchotenePaulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).
O problema não é político.
“Político” em que sentido, Simão?
Obrigado pelo comentário.
A chamada “direita brasileira” não possui unidade nem intelectual, como poderia ter uma política? Ela é desorganizada por natureza. Por baixo deve haver algumas crenças grupais, quase como “sentimentos inconscientes” que façam ela de tempos em tempos se juntar, mas sempre foi e continuará sendo facilmente influenciada por quem detém os meios. Não faz sentido, numa situação dessas, buscar na direita política soluções para a polis.
Opa. Excelentes colocações. Muito obrigado.
Respondo-as por partes.
Possui uma unidade, a qual reconheces ao dizer que “deve haver algumas crenças grupais”. A Direita, mal ou bem, é reconhecível.
Já foi organizada. É meramente circunstancial. Aconteceu de a Direita ter perdido representação política e, apesar de ter voltado a ter peso eleitoral, isso ainda não foi acompanhado por uma reestruturação político-partidária.
Isso é próprio do jogo político. Sempre haverá lideranças. Agora, como escrevi, a desorganização favorece uma personalização: “É o Fulano ou nada.” Até porque efetivamente é isso mesmo. Precisamos de alguns “fulanos” dispostos a largar as diferenças de lado e organizar a Direita institucionalmente. Hoje, infelizmente, não os temos.
Evidentemente que não. Para isso, a Direita precisa se encontrar primeiro. O fato de essa ainda não ter se achado é parte do problema da nossa pólis, aliás.
Reconheço vários fragmentos, não uma unidade. Claro que deve haver uma unidade que os sustente – ou seja, por baixo -, mas não necessàriamente uma unidade entre eles (é disso que estava falando). Desde o Regime Militar não vejo unidade alguma na direita brasileira; dentro da nova forma democrática de governo (ou pelo menos assim a chamam) a única coisa que a direita conseguiu lograr foi uma vitória eleitoral, e a muito custo. Tendo em vista, pois, essa forma que ela tomou nesse novo regime, parece-me “desorganizada por natureza”. Claro que ela pode mudar a sua finalidade ao preterir o êxito eleitoral ao intelectual, e acho que deve fazê-lo, mas, como dizem, querer não é poder.