SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | Mais do Mesmo (mas o Tempo é Nosso)

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

“‘Tá dominado. ‘Tá tudo dominado.”


O Judiciário está longe de cansar de mostrar quem de fato manda na nossa democracia. [É o Judiciário.] Trago exemplos recentes disso. Encerro, porém, com um tom otimista.


Há horas que cansei de falar sobre isto, mas é impossível esquivar-se para sempre. Ao menos, evito ficar muito repetitivo.

Antes de entrar diretamente no tema, refriso tais fatos serem sintomas do começo do fim. O problema é que isso ocorre no auge; logo, quando se tem mais força. Outrossim, erros nossos deram verossimilhança aos argumentos de legitimidade para as ações – o que piora o quadro. Dito isso, registro agora as barbaridades.

O Judiciário há tempos deixou de fingir haver divisão de poderes. O T.S.E. recentemente anunciou uma “parceria” com o Executivo na prevenção aos “ataques à democracia”. No mesmo anúncio, cobrou do Legislativo que entrasse na farsa. Basicamente, disse-se “Eu podia estar roubando, mas estou pedindo.” (E não deres, te rouba.)

Agora, entende-se o que a ministra Carmem Lúcia havia dito na semana passada: “Há um grupo de trabalho sobre esse tema urgente, que é o das redes, que nós queremos mesmo que sejam redes sociais e não redes antissociais, que sejam instrumentos da melhor política e não contra a política democrática.” Enfim, antissocial e antidemocrático é ser contra o governo. O Judiciário sequer aguardará ser acionado para agir “democraticamente” contra a oposição.

E ai de quem questionar os princípios por trás desse excesso de democracia. Sobrou até para a Transparência Internacional. Ontem, 5/2, mais uma vez demonstrando a veracidade do ditado “há dias ruins, dias muito ruins, dias péssimos, e Dias Toffoli”, o ministro autorizou investigação contra a entidade por envolvimento com a Operação Lava-Jato.

É como diz a música (¿música?): “‘Tá dominado. ‘Tá tudo dominado.

Sim, amigo. Mas isso já era sabido desde sempre. Quem achou que 2018 fora evidência do contrário estava completamente equivocado. Era preciso agir com cautela. Agora, estamos pagando pela empolgação.

A boa notícia é que a tarefa não mudou. É preciso agir na base, fora do “alcance do radar”, com paciência. O poder é deles, mas o tempo é nosso.

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