SANQUIXOTENE DE LA PANÇA | “Como Passou Rápido”

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

Noite de sucesso: torcida colorada tinha muitos fogos guardados sobrando…


É comum ouvir exclamações do tipo: “¡Como o ano passou rápido!” Não é verdade. Nós é que perdemos a noção do que é o “ano” no Brasil. Então, o fim do ano chega como um tapa quando nossas guardas estão baixas. A coluna trata de um aspecto dessa questão.


A coluna de Ano Novo está pronta há muito tempo. Tive uma inspiração, me sentei à frente do computador, e a escrevi. Sairá no Ano Novo. O problema é que o ano ainda não começou.

O leitor nem precisa fingir estar confuso. Eu sei que tu sabes o que eu quero dizer com “o ano ainda não começou”. A coluna de Ano Novo sairá quando o ano começar de fato – ou, mais precisamente, quando o ano encerrar de fato: na terça-feira de Carnaval.

Até lá, é como se estivéssemos num limbo – 2023 acabou, mas 2024 ainda não começou. A coluna futura, sendo uma continuação da coluna do Carnaval de 2023, busca resolver isso. Esta, diferentemente, tem objetivos bem mais modestos. Hoje, só quero falar sobre o ano brasileiro.

¿Já percebeste como as pessoas dizem “como o ano passou rápido”? A nossa experiência com o tempo tem certas peculiaridades que ajudam nessa percepção. O ano útil realmente é mais curto. Isso tem muito a ver com o verão e com a nossa relação com o Carnaval.

Aproximadamente de dezembro ao Carnaval, é como se o Brasil entrasse numa “temporada de festas”. Não é algo necessariamente ruim. É, antes de tudo, um fato. Se será bom ou ruim, aí já depende de outros fatores – como, por exemplo, aceitar o fato de haver uma “temporada de festas”.

É preciso fazer as festas adequadamente. Isso ajuda, inclusive, a encarar o “tempo comum” de maneira apropriada. Enfim, antes de se reclamar das festas, é necessário reconhecer que a produtividade entre a Quarta-Feira de Cinzas e o fim de novembro é uma questão similar e correlata.

Essa “Temporada de Festas” é parte da nossa cultura [que, frise-se, pois há muita confusão a esse respeito, tem a ver com culto; e não, com c*]. É essa cultura que precisa ser entendida e cultivada. Isso não se faz combatendo nossa natureza, mas desenvolvendo-a. A partir do que ela é, se a metamorfoseia nalgo mais alto, belo, e sublime.

Fazendo isso, não mais nos surpreenderemos com “como o ano passou rápido”.

Felizes festas a todos!


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