PAULO SANCHOTENE | “¡Buemba!”: Gauchão 2026 com Peñarol e Nacional

Paulo Sanchotene
Paulo Sanchotene
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene é mestre em Direito pela UFRGS e possui um M.A. em Política pela Catholic University of America. Escreveu e apresentou trabalhos no Brasil e no exterior, sobre os pensamentos de Eric Voegelin, Russell Kirk, e Platão, sobre a história política americana, e sobre direito internacional. É casado e pai de dois filhos. Atualmente, mora no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira entre a civilização e a Argentina, onde administra a estância da família (Santo Antônio da Askatasuna).

A margem oriental do Uruguai


Como diz o ditado: “Estão deixando a gente sonhar.” O embrião de um campeonato de futebol integrando gaúchos e uruguaios, unindo a margem oriental do Uruguai, apareceu ontem. Em princípio, seria apenas a participação de Peñarol e Nacional no Gauchão, mas a minha mente foi além. Registro aqui o que imaginei. É possível fazer mais.   


O presidente do Peñarol de Montevidéu sugeriu ontem, em Assunção, que Peñarol e Nacional disputassem o campeonato gaúcho a partir de 2026. Ao que parece, o presidente da A.U.F. já teria autorizado a participação.

A proposta faz sentido. Para esses clubes, o torneio serviria como algo melhor que uma pré-temporada. Ainda seria algo como uma, mas valendo, e tendo a oportunidade de enfrentar clubes das séries A e C do Campeonato Brasileiro. Para os gaúchos, o torneio se reforça e se valoriza. Há ganhos financeiros e esportivos. Enfim, só há vantagens.

Imediatamente, me veio à fórmula de disputa à cabeça. Bolar torneios é uma obsessão minha desde criança. Inclusive, eu já postara aqui uma proposta para um campeonato brasileiro especial no ano passado, por causa das enchentes. Resolvi aproveitar a oportunidade para fazer algo similar agora, mas para o futebol gaúcho.

A competição, pois, seria disputada por 32 equipes: 16 gaúchos; e 16 uruguaios. O formato proposto, no entanto, garantiria os enfrentamentos entre Grêmio, Inter, Peñarol, e Nacional – um dos principais objetivos da idéia sugerida ontem.

Em vez de participarem apenas os grandes, entendo que o torneio deveria contar com todos os clubes da Primeira Divisão uruguaia. Apesar de o apelo vir dos dois maiores clubes, é justo que todos participem. É possível organizar o campeonato para que isso ocorra.

Haveria uma Fase Classificatória seguida de Finais. Ao total, seriam necessárias 16 datas para a realização do torneio, exatamente como é no Campeonato Paulista; e seriam disputadas 184 partidas.

Eis, enfim, como imaginei a “Liga Oriental de Futebol“:

— Fase Classificatória (2 etapas; 11 datas)

* Primeira Etapa (32 clubes; 10 datas)
As equipes seriam divididas em 2 chaves de 16 clubes.
– Chave Alta: os 16 melhores (sendo 8 gaúchos e 8 uruguaios)
– Chave Baixa: o resto

Cada chave seria dividida ainda em 2 grupos: um, gaúcho; e outro, uruguaio.
Nesta etapa, as equipes de um grupo enfrentariam as do outro dentro da mesma chave (RS x URU). Haveria ainda mais 2 clássicos ou jogos designados entre equipes do mesmo grupo.
A tabela é única dentro de cada chave. Ao final, os 4 últimos de cada chave são eliminados; classificando-se para as Finais, os 8 primeiros da Chave Alta e os 8 vencedores da Repescagem.

* Repescagem (16 clubes; 1 data)
Disputada em jogo único.
– Chave Alta (4): de 9° a 12°
– Chave Baixa (12): de 1° a 12°

— Finais (4 etapas; 5 datas)

* Oitavas, Quartas, e Semifinais: jogo único

* Grande Final: ida-e-volta

Nas finais, é fácil imaginar o tamanho das peleias. Quanto mais afunila, maior fica a tensão. Porém, o fato de essas serem, em maioria, em jogo único faz com que a Primeira Etapa ganhe em importância. Os jogos seriam disputados desde o começo.

Para encerrar, frise-se, o campeão desse torneio, para todos os fins, seria considerado “campeão gaúcho de futebol”. Entraria na lista junto com todos os outros desde a primeira edição em 1919.


Informações Adicionais:

O torneio seria organizado em parceria entre a F.G.F. e a A.U.F., mas a taça seria de responsabilidade da entidade gaúcha.

Note-se que, na Primeira Etapa, os clubes jogariam 8 jogos contra adversários estrangeiros (4, como visitante) e 2 partidas contra um mesmo adversário local. Na Repescagem e nas finais, não haveria qualquer restrição.
As separações entre chaves Alta e Baixa e entre gaúchos e uruguaios garantem que as equipes mais fortes se enfrentem na Primeira Etapa. Teríamos Grêmio e Inter jogando contra Nacional e Peñarol, além de quatro clássicos (2 gaúchos e 2 uruguaios). Haveria 8 jogos entre os grandes em 10 rodadas.
As separações também evitam que os uruguaios joguem muito contra os mesmos adversários que enfrentarão pela liga nacional. Ademais, essas aumentam as chances de as partidas serem mais equilibradas.

A Chave Alta teria 8 clubes garantidos nas Finais, mas a Baixa teria 4. Ainda haveria 4 vagas em disputa entre ambas. Ao final da Primeira Etapa, ambas as chaves teriam o mesmo número de clubes eliminados.

A arbitragem seria sempre de responsabilidade da federação local. Nas partidas realizadas no Uruguai, seriam utilizados os árbitros do quadro da A.U.F.; e no Rio Grande do Sul, da F.G.F.  

A Repescagem teria os seguintes confrontos: 1ºB x 12ºB; 2ºB x 11ºB; 3ºB x 10ºB; 4ºB x 9ºB; 9ºA x 8ºB; 10ºA x 7ºB; 11ºA x 6ºB; e 12ºA x 5ºB.

As Finais seriam sem chaveamento. Os confrontos seriam definidos pela classificação geral do campeonato, reordenando-se a cada nova etapa.

Os critérios para a classificação geral seriam os seguintes: (1) fase/etapa atingida [fase final (campeão, final, sêmis, quartas, e oitavas) e, depois, fase classificatória (sem distinção de etapa)]; (2) chave disputada [Alta e, depois, Baixa]; e (3) campanha na primeira etapa.
Para fins de rebaixamento e de preenchimento das vagas em torneios nacionais, haveria uma classificação geral apenas com as equipes gaúchas. Essa tabela também serviria para definir os 8 clubes da Chave Alta do ano seguinte.

Atualmente, a divisão principal do RS tem 12 clubes. Para completar os 16, seria cancelado o rebaixamento deste ano e subiriam as 4 melhores equipes da Segunda Divisão.
O grupo gaúcho da Chave Alta teria: Inter, Grêmio, Juventude, Caxias, Ypiranga, São Luiz, Guarany, e Monsoon. Os clássicos/jogos designados seriam: Inter x Grêmio (Grê-Nal); Juventude x Caxias (Ca-Ju); Ypiranga x São Luiz (Norte do RS); Guarany x Monsoon.
O grupo gaúcho da Chave Baixa teria: São José, Avenida, Brasil, Pelotas, mais os 4 primeiros da Segunda Divisão de 2025.
Os grupos uruguaios seguiriam a classificação do campeonato nacional ao final da temporada: os 8 primeiros, na Chave Alta; os demais clubes da Primeira Divisão de 2026, na Chave Baixa.

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