CESAR LIMA | O Partido dos Trabalhadores, Lula e o papel da corrupção.

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Lei dos Partidos Políticos

Art. 28. O Tribunal Superior Eleitoral, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado:
I – ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira;
II – estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros;

 

O maior problema do PT e Lula não é a corrupção. Essa é uma afirmação polêmica, e muitos não a entendem. Pretendo demonstrar que, para Lula e o PT, a corrupção é apenas um meio, não é um fim em si mesmo. As ligações de Lula com o Foro de São Paulo e deste, junto com o PT, com a Esquerda internacional são o verdadeiro problema.

O Partido dos Trabalhadores (PT), sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, articulou-se politicamente além das fronteiras nacionais desde os anos 1990. Não se trata de mera afinidade política ou ideológica. Documentos, reportagens e análises revelam que o partido construiu uma rede de alianças com grupos revolucionários e regimes autoritários latino-americanos. Tal rede é centralizada no Foro de São Paulo — organização criada em 1990 por Lula e Fidel Castro.

Desde a queda do Muro de Berlim, a Esquerda latino-americana ficou órfã. Com o fim da União Soviética, o maior financiador de Cuba e do processo revolucionário latino-americano, a Esquerda sentiu que sem uma organização interna ela seria a próxima a cair. Já mesmo em 1980, Fidel Castro, o grande ídolo e articulador dessa Esquerda, juntou-se a Lula, e ambos idealizaram a organização da entidade que viria a ser batizada como O Foro de São Paulo.

O Foro de São Paulo vai muito além do debate político. Ele não se restringe a um espaço de diálogo entre partidos de Esquerda. De acordo com o livro “O Foro de São Paulo e a Pátria Grande”, de Paulo Henrique Araújo, trata-se de uma articulação estratégica da Esquerda continental para consolidar o poder político. Para tanto, utiliza-se de governos, sindicatos, movimentos sociais e até organizações ilegais.

Paulo Henrique documenta fartamente em seu livro como o Foro permitiu a coordenação de discursos, ações diplomáticas e financiamento mútuo entre regimes aliados. O Brasil, sob governos do PT, usou o BNDES, a Odebrecht e outros instrumentos estatais para financiar obras e apoiar governos da chamada “Pátria Grande”, mesmo em contextos de autoritarismo e corrupção. Podemos encontrar as ligações entre o Foro e as FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Reportagens do jornalista Leonardo Coutinho e arquivos extraídos dos computadores do guerrilheiro Raúl Reyes – 2º. em comando das FARC, morto em 2008 – comprovam que houve interações entre membros do PT e representantes das FARC. Os documentos, analisados pela inteligência colombiana e mencionados em diversas publicações da Veja e da Americas Quarterly, mostram trocas de mensagens com negociações políticas e apoio logístico.

O envolvimento informal do partido com a guerrilha colombiana compromete a imagem de neutralidade institucional do governo Lula. Por trás do discurso de solidariedade, havia alianças operacionais com regimes violadores de direitos humanos e uso de recursos públicos brasileiros para sustentar projetos ideológicos no exterior. Em troca, o PT ampliava sua rede de influência internacional.

O livro de Paulo Henrique, as reportagens de Leonardo Coutinho, centenas de documentos oriundos da Operação Lava-Jato, depoimentos e fatos demonstram que o Brasil, através dos governos do PT, era facilitador e muitas vezes financiador de regimes autoritários por toda a América Latina. A Lava-Jato e suas congêneres em vários países mostraram que muito do dinheiro desviado no Brasil abastecia ditaduras. Dezenas de processos foram abertos por todo o Continente e vários líderes da Esquerda desses países foram condenados e presos.

Mas isso tudo não acabou por aí. O Foro teve seus altos e baixos, mas atualmente está mais forte que nunca e ativo em quase todos os países latino-americanos. Apesar de o centro de comando estar na Venezuela, o Brasil é o centro do dinheiro. É o país mais rico da região e o que tem mais relevância mundial, podendo ajudar esses outros tanto financeiramente quanto diplomaticamente.

Vejamos. Em 2023, o Brasil concedeu asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Lilia Paredes, esposa do ex-presidente Pedro Castillo, deposto após tentar um autogolpe, debaixo de denuncias de corrupção. Mais recentemente, o governo brasileiro aceitou o pedido de asilo de Nadine Heredia, esposa do também ex-presidente peruano Ollanta Humala, ambos condenados por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo repasses ilegais da Odebrecht. Enquanto Ollanta foi preso, sua esposa buscou asilo no Brasil.

Ambos os casos reforçam a percepção de que a política externa do governo Lula, e principalmente do PT, continua alinhada ao projeto de solidariedade ideológica do Foro de São Paulo – mesmo quando isso implica confrontar princípios de combate à corrupção e respeito às instituições judiciais de países democráticos. Tampouco podemos esquecer que sem apoio de Brasil e México junto à Organização dos Estados Americanos, o ditador Nicolás Maduro teria vida muito mais difícil depois das fraudes na última eleição venezuelana.

Há mais. Nessa semana, Lula participou do Desfile Militar na Rússia, em comemoração aos oitenta anos da vitória soviética sobre Hitler. Ele ficou lado a lado com ditadores e líderes autoritários do mundo todo: Vladimir Putin (anfitrião); Xi Jinping (China); Diaz-Canel (Cuba); Daniel Ortega (Nicarágua); além de dezenas de pequenos ditadores da Ásia e África. O evento foi chamado pela imprensa brasileira como o “Dia da Infâmia”.

Portanto, as provas são numerosas e documentadas. O PT participou ativamente da construção de uma rede continental de poder, com alianças que envolveram desde partidos de Esquerda moderada até guerrilhas armadas e governos autoritários. A existência de vínculos com as FARC, o apoio financeiro a regimes aliados, e as recentes decisões de conceder asilo diplomático a figuras-chave de governos investigados por corrupção revelam uma atuação internacional ideológica, seletiva e questionável sob a ótica dos valores democráticos.

Essa atuação ideológica contaminou completamente a diplomacia brasileira. Os sinais de aproximação e parceria com autocracias e ditaduras abertas estão nos jornais todos os dias. Alianças com Rússia, China e Irã viraram escândalos internacionais. A movimentação tranquila de grupos terroristas como o Hezbolah pela América Latina não pode mais ser escondida.

Investigações americanas e israelenses mostram que o Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho têm fortes ligações com grupos guerrilheiros do continente e terroristas – envolvendo o trafico internacional de drogas e armas, bem como lavagem de dinheiro. Tudo isso é feito dentro do Brasil. Enquanto isso, o governo brasileiro se recusa ao reconhecimento destes como grupos narcotraficantes terroristas. É o caos completo.

Negar esses fatos é ignorar a vasta documentação existente e subestimar os efeitos duradouros de uma política externa voltada mais à proteção de aliados do que à defesa dos interesses nacionais. A corrupção é, pois, apenas o meio utilizado pelo PT e Lula. O nosso maior problemas de tê-los atuando no Brasil.

Fontes consultadas:
– COUTINHO, Leonardo. Dossiês publicados na Veja (2005–2015); Americas Quarterly, “Brazil’s Troublesome Friends”.
– ARAÚJO, Paulo Henrique. O Foro de São Paulo e a Pátria Grande: a estratégia da revolução continental. Editora PHVox 2024.
– Ministério das Relações Exteriores (Brasil). Notas oficiais sobre os casos Lilia Paredes e Nadine Heredia, 2023–2024 e Nadine Heredia, 2025.
– El Comercio (Peru), BBC Mundo, Veja, O Globo, CNN Español.

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