Esta edição da Muralha trás três clássicos: um da filosofia, obra recomendada por ninguém menos que Olavo de Carvalho; um da hagiografia, sobre a vida da Padroeira das mães cristãs; e um da literatura, com a obra-prima de um gigante do século XX, considerada por alguns críticos como o maior romance daquele século.
Acompanhe os lançamentos a seguir, e um excelente fina de semana!
Destaques
Nesta semana, a Vide chegou com um destaque 5 e 1, com o combo O ponto de partida da metafísica, de Joseph Maréchal. Obra recomendada por Olavo de Carvalho, o conjunto reúne cadernos que perfazem uma reconstrução histórica do conceito de metafísica, somado a um exame crítico das diversas soluções propostas para o problema de seu ponto de partida, além de uma defesa vigorosa da metafísica tomista em diálogo com a filosofia moderna.
No caderno 1, Da antiguidade ao fim da Idade Média, define-se o sentido e o alcance epistemológico do realismo antigo, e por que seria rudimentar demais classificá-lo, como fazem diversas filosofias que vieram na esteira de Kant, de puro “dogmatismo”.
O autor ainda sublinha a função crítica que a própria metafísica pode assumir, por que e em que sentido é necessária uma metafísica do conhecimento, como ela se desenvolveu de modo mais pleno em Aristóteles e em Santo Tomás, qual o tamanho da influência das visões de Duns Scot e Guilherme de Ockham no surgimento posterior da filosofia moderna, entre outras questões relacionadas.
No segundo volume, O conflito entre racionalismo e empirismo na filosofia moderna, antes de Kant, o autor demonstra ao leitor de que modo as filosofias pré-kantianas, tanto a racionalista quanto a empirista, desenvolvem as suas próprias consequências da teoria geral dos conceitos que havia se tornado prevalente no fim da Idade Média.
Explica ainda que reencontrar a verdade parcial do empirismo e da metafísica racionalista, recuar para antes do ponto lógico de divergência entre eles e conciliá-los, corrigindo as causas do desvio, isto é, o dogmatismo racionalista e o exclusivismo empirista — em suma, esboçar uma tentativa de síntese entre racionalismo e empirismo foi de certo modo a tarefa mesma assumida por Kant:
No terceiro volume, A crítica de Kant, volume, o autor explicará como essa dualidade foi resolvida, ainda que não totalmente e nem de modo plenamente satisfatório, pela filosofia de Kant, conform o trecho a seguir:
“Assistiremos às peripécias mais marcantes desse drama intelectual invulgar e consideraremos depois, de bem perto, seu desenlace, consignado nas três Críticas. Esse desenlace, como se sabe, foi uma solução ao menos parcial da antinomia fundamental entre racionalismo e empirismo. Como, desde essa época, as duas tendências antagonistas haviam, cada qual, desenvolvido suas mais extremas consequências, a conciliação delas por Kant não podia deixar de ser um retorno — inconsciente, aliás — a algum ponto de vista sintético outrora desconhecido pelos ancestrais da filosofia moderna. Na verdade, graças ao esforço contínuo de seu pensamento pessoal, Kant obrigava a filosofia a voltar sobre seus passos ao ponto de cruzamento em que empirismo e dogmatismo racionalista haviam divergido. Sob esse aspecto, o fundador da crítica moderna, não obstante as insuficiências de sua solução, deve ser classificado entre os restauradores da unidade necessária entre o Uno e o Múltiplo, comprometida desde o fim da Idade Média”.
O quarto caderno, O sistema idealista em Kant e nos pós-kantianos, é organizado de um modo um tanto diferente dos outros, já que, como nos explicam os editores originais da obra, ele havia ficado pela metade quando o autor abruptamente faleceu no final de 1944. Ele está dividido, portanto, em duas partes: na primeira delas, ainda redigida na íntegra pelo próprio autor dentro do plano de execução inicial destes volumes, o assunto é o sistema idealista em Kant; na segunda, compilada pelos editores a partir de manuscritos antigos do autor que versavam sobre o mesmo tema, o idealismo transcendental depois de Kant.
Quanto à segunda parte, avisam os editores:
“Oferecemos aos leitores três estudos, extraídos dos antigos manuscritos do autor: o primeiro, mais recente (1930, 1931), reproduz as ‘diversas interpretações do kantismo’; apresentamo-lo como introdução natural aos três outros, emprestados da primeira redação do Ponto de partida (1917, 1918), e que expõem respectivamente o ‘Idealismo transcendental de Fichte’, os ‘Grandes sistemas idealistas’ e o ‘Criticismo da escola de Fries’”.
Enfim, no quinto volume, O tomismo diante da filosofia crítica, o autor dará resposta à inquietação gerada pelas instabilidades e incertezas em relação ao valor da metafísica no mundo moderno.
Outros lançamentos
Pela Edições Livre, Santa Mônica: mãe de Santo Agostinho, um clássico da hagiografia de A. Brugnolo.
A vida de Santa Mônica é uma belíssima fonte de inspiração para todas as mulheres católicas! Isso inspirou A. Brugnolo escrever a biografia desta grande mulher.
Em sua vida, enfrentou uma série de desafios, principalmente em relação ao seu filho mais famoso, Agostinho. Mônica rezava constantemente por sua conversão, para que deixasse de viver uma vida repleta de imoralidades. E ela conseguiu!
Após anos de súplicas e sofrimento, as orações de Mônica foram atendidas. Em 386, Agostinho se converteu ao cristianismo, tornando-se um dos maiores teólogos e filósofos da história da Igreja.
Veja um trecho do livro:
“Geralmente, porém, não se conhece esta vida comum, íntima de Mônica e só se aprecia a vitória. Entretanto, no caso de Mônica, vida e vitória não se podem separar: pela sua vida é que ela triunfou. Vinte e cinco anos de luta dura e insistente: vinte e cinco anos de provações e de lágrimas são a vida de uma mãe que a vontade fez enérgica, inflexível, enquanto a ternura pelo filho a tornou doce, ponderada, paciente na espera.”
E, completando os lançamentos da semana, mais um clássico lançado pela Sétimo Selo: São Bernardo, obra-prima de Graciliano Ramos, lançada em 1934, que mostra a trajetória de Paulo Honório e sua complexa transformação de um jovem humilde para um homem ambicioso.
Em seu estilo único, Graciliano explora os mais complexos sentimentos e angústias, expondo a natureza humana através de uma obra impecável.
Com o personagem principal, Graciliano Ramos traça o perfil da vida e do caráter de um homem rude e egoísta, do jogo de poder e do vazio da solidão, em que não há espaço nem para a amizade, nem para o amor.
Esta é a terceira obra de Graciliano Ramos publicada pela Sétimo Selo, ao lado de Vidas Secas e Angústia.
A edição ainda conta com ensaios de Álvaro Lins, Lúcia Miguel Pereira, Otto Maria Carpeaux e Rodrigo Gurgel sobre a obra.