MURALHA DE LIVROS | Será o diabo?

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Vivemos um tempo em que as ações do maligno correm livres e invisíveis entre nós, pois a consciência humana sobre o mal se corrompeu e entorpeceu a tal ponto que não se crê mais no Inferno – e, para nossa perdição, isso é tudo o que o diabo mais quer. O destaque desta semana é justamente um romance sobre esse doce engano, obra que foi recentemente adaptada para o cinema com grande repercussão entre o público.

E se o problema são os enganos do coisa-ruim, um santo remédio pode ser a recém-lançada biografia de uma das maiores santas do século XIII. E também podemos manter o chifrudo afastado com uma obra feita para os pequenos, que acalenta o coração e ensina sobre a importância dos laços de amor e caridade na família.  

Outro bom tônico contra as perversões do tinhoso é um lançamento que chega para demolir a obra de um dos seus mais empenhados agentes, laureado como patrono da educação tupiniquim. Ainda: um senhor manual de instruções para se fugir de um controle financeiro satânico. E, para terminar, voltando ao ramo da ficção: como seria nossa história política se certas conspirações infernais não tivessem matado um dos principais defensores da liberdade no Brasil?

Confira a seguir estes ardentes lançamentos, e um excelente final de semana!

Destaques

Pela segunda semana consecutiva o principal destaque da Muralha é da Sétimo Selo, desta vez com o romance Nefarious: o plano maligno, de Steve Deace. O livro inspirou o filme homônimo de 2023, e sua trama revela as evidências da sutil e “invisível” – porém forte e extremamente destrutiva – presença demoníaca no mundo atual, comprovando o dito popular segundo o qual o maior trunfo do diabo é nos convencer de que ele não existe.

O prefácio da obra, ele próprio já parte da trama, envolve o leitor de maneira poderosa. Confira um trecho:

“Não tenho intenção de explicar como obtive o manuscrito que segue. Esse fato tem sua própria história, bastante sórdida por si só. Se bem que nem de longe tão importante quanto a que vocês estão prestes a ler. Quem sabe? Se o livro fizer bastante sucesso a ponto de, algum dia, multiplicar-se numa edição de bolso, talvez esse relato seja o ‘material bônus’, acrescentado depois para incitá-los a comprar o livro mais uma vez, em formato diferente. Melhor ainda: quando vendermos os direitos do filme, os cineastas terão liberdade criativa para adicionar a história de fundo, se assim desejarem.

Ou talvez seja melhor deixar essa história sem ser contada, por mim ou qualquer pessoa. Isso só contribui para o mistério.

Contudo, é perfeitamente razoável questionar se o que se vai ler é ‘verdade’ no sentido mais verdadeiro da palavra. Ou será tudo inventado? Ao vivo ou Memorex, por assim dizer. Este manuscrito realmente me foi entregue para que eu transmitisse ou tudo saiu da minha imaginação?

Eu deveria ansiar e rezar para que a segunda hipótese não seja verdadeira, e você também, porque seria muito perturbador descobrir que nossos concidadãos americanos têm uma imaginação vívida o suficiente para antever uma treva tão absoluta a respeito do país que compartilhamos. Para mim, seria ainda mais perturbador descobrir que essa imaginação é minha.”

O segundo destaque é um lançamento da Texugo, A porta aberta, de Aracelli Alcântara. No livro, acompanhamos a história de Vicente, uma menino que sempre esperava pelos seus amigos para brincar, e que um dia descobriu que podia pedir à sua mãe por um melhor amigo, que estivesse sempre com ele: Vicente queria uma irmãozinho. Vicente ganhou o que pedira, e mais, pois sua família não parou de crescer… Uma bela história sobre uma família grande e unida, cujo enredo envolve a importância dos laços familiares de amor e caridade, ilustrada pela talentosa Gisele Daminelli. Confira uma página da obra:

Outros lançamentos

Pela Edições Livre, a biografia de Santa Isabel da Hungria, escrita pelo Padre Albano Stolz. Filha do rei  húngaroAndré II, Santa Isabel da Hungria (1207 – 1231) foi prometida aos 4 anos de idade a Luis IV, Duque de Turíngia. Casou-se aos 14 anos, e teve 3 filhos. Apesar do amor que lhe devotava o marido, sofria perseguição velada na corte, sobretudo por sua sobra, que a via como esbanjadora devido à sua caridade com os pobres. Com a morte de Luís IV em uma cruzada, foi expulsa da corte, precisando se abrigar com os filhos em um curral para porcos. Até mesmo os mendigos antes ajudados por ela a insultavam, temerosos de que desagradassem ao tio de seu falecido esposo, agora regente de Turíngia. Foram socorridos, ela e os filhos, por piedosos frades franciscanos.

Com a volta dos companheiros de Luís IV das Cruzadas, Isabel poderia, junto com os filhos, ter seus direitos restabelecidos na corte, mas preferiu renunciar àquela vida para abraçar a Ordem Terceira de São Francisco. Com a herança deixada pelo marido, fundou um convento de franciscanas e ajudou na construção de um hospital. Serviu aos pobres e enfermos até sua morte, aos 24 anos de idade.

O Padre Stolz, nesta publicação da Livre, conta em detalhes esta história, inclusive com os diversos prodígios dessa gigantesca heroína da fé que foi princesa, mendiga e santa. Confira a seguir um trecho da obra:

“Permaneceu nessa disposição de espírito até a meia-noite, quando ouviu o sino tocar às matinas, no próximo convento dos franciscanos; pois a essa hora os religiosos se levantam para louvar a Deus em vez dos homens que dormem.

Isabel ergueu-se e foi à igreja, onde assistiu ao culto divino. Foi ela quem, em vida do esposo, fundara aquele mosteiro, pelo que se julgava com direito de dirigir um pedido aos religiosos. Quem o não tem ainda ouvido ou lido, jamais adivinhará o que a duquesa solicitou; pois só o Espírito Santo podia inspirar-lhe essa ideia. Suplicou aos franciscanos que cantassem o Te Deum, em ação de graças pelas grandes tribulações que Deus lhe havia enviado.

Assim se fez, e o canto noturno executado na igreja de São Francisco de Eisenach, certamente agradou a Deus como lhe agradam os cânticos dos anjos, senão mais ainda. Isabel, com certeza, em toda a vida, nunca foi tão grande aos olhos do Senhor como na hora em que, pobre e abandonada, passou a noite fria de inverno na igreja, transbordando-lhe o coração de amor e louvor a Deus.”

Pela Avis Rara, O passado promete: um novo Brasil no retrovisor, romance de Guilherme Fiuza. Estreia de Fiuza na literatura ficcional, o livro tem como protagonista Carlos Lacerda, que, numa trama do gênero “E se”, escapa da morte que lhe estava preparada numa clínica onda faria exames de rotina e, na clandestinidade, vai interferir no processo de redemocratização do Brasil e modificar a história que, nesta realidade, não viveu.

Também pela Avis Rara, A Pedagogia do Marxismo: o desastroso método educacional de Paulo Freire criado para formar ativistas, de James Lindsay.

Gustavo Maultasch, diplomata e autor de Contra toda a censura, descreve com precisão cirúrgica a obra sobre o Patrono de nosso fracasso educacional:

“Para muitos intelectuais brasileiros, Paulo Freire está acima de qualquer questionamento; ele é uma figura mítica, um guru visionário, um líder messiânico que revolucionou a educação brasileira ao trazer a discussão sobre “opressão” para dentro da sala de aula. Por politizar a educação e por justificar a doutrinação de alunos, Freire foi adotado e idolatrado pela esquerda brasileira e mundial, e em 2012 foi declarado’Patrono da Educação Brasileira’.

É questionável o mérito de ser declarado patrono de um dos sistemas educacionais mais falidos do mundo; parece até ofensa. Mas a homenagem reflete bem a incapacidade dos nossos escolarizados urbanos em reconhecer a embromação disfarçada de filosofia, a doutrinação mascarada como educação, a fraude travestida de obra-prima.

O leitor certamente já escutou todo tipo de frase pronta elogiosa descrevendo a obra de Freire como uma pedagogia transformadora, libertadora, inclusiva etc. Muitos ressaltam o fato de que o seu livro Pedagogia do Oprimido é um dos trabalhos mais citados do mundo na área de ciências sociais. Mas isso diz mais sobre a falência da academia do que sobre qualquer mérito de Freire.

A obra de Paulo Freire contribui não apenas para a destruição da educação, como também para a radicalização política atual, e por isso é fundamental que a entendamos, para que possamos diagnosticar a ameaça e assim trabalhar pela solução. Este livro de James Lindsay é um tratado excepcional sobre a influência perniciosa das ideias do pedagogo brasileiro, e pode nos ajudar a entender, debater e redesenhar os rumos da nossa educação.”

E um terceiro lançamento da Avis Rara: A filosofia do Bitcon: a evolução do sistema monetário e garantia de propriedade contra leis abusivas, estados autoritários e instabilidades econômicas, obra em que de Álvaro María propõe-se a aproximar os leitores do universo bitcoiner, com informações essenciais para quem quer conhecer profundamente a proposta antes de começar a investir na moeda digital.


DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Abertos

Últimos do Autor