MURALHA DE LIVROS | Grécia, família, virtudes, saúde mental e crianças

Como definir as novidades desta Muralha? Em cinco tópicos: Grécia, família, virtudes, saúde mental e crianças.

Isso porque é sobre a Grécia e sua rica história cultural o grande destaque da semana, junto com uma obra que nos faz refletir sobre como a degradação da família vem tornando as novas gerações cada vez mais frágeis a problemáticas.

E, como remédio para essas mazelas, que tal uma obra sobre as virtudes em nosso dia a dia? E é claro que, para se viver as virtudes, precisamos saber lidar com toda sorte de desafios deste nosso vale de lágrimas, incluindo aqueles que envolvem a saúde mental.

E se falamos em cultura, família, virtudes e saúde, pensemos em nossa crianças, e em como podemos nos esforçar para assegurar tudo isso a elas. Bem, os três últimos tijolos desta edição da Muralha firmam bons e seguros passos nesse caminho.

Confira a seguir as melhores novidades de nosso mercado editorial, e um exelente final de semana!

Destaques

O grande destaque da semana é um lançamento da Kírion, o primeiro volume da História cultural grega, de Jacob Burkhardt.

O livro é uma grandiosa obra sobre o povo grego, sua cultura e seu espírito. Jacob Burckhardt (1818 – 1847) tornou-se uma referência por ser um dos maiores representantes da análise histórico-cultural. Para o autor, a compreensão de um período histórico acontece quando interpretamos o modo de pensar, espírito humano e suas construções, mostrando que o trabalho do historiador pode ir muito além de uma simples reunião de fatos.
De maneira clara e acessível, Burckhardt nos apresenta como poucos a cultura do povo grego, investigando diferentes aspectos, desde importantes conceitos religiosos até questões da vida cotidiana.
O livro tornou-se uma das maiores obras da História da Cultura. Esta tradução inédita foi feita pelo Paulo Bonafina. Confira a seguir um trecho de sua introdução:

“Nossa missão, tal como a entendemos, é expor a história do modo de pensar e das concepções do povo grego, procurando destacar as forças vivas, construtivas e destrutivas que operam na vida grega. Não narrativamente, mas, antes, historicamente — sobretudo porque sua história representa parte da história universal —, convém examinar os gregos em suas características essenciais, aquelas que os distinguem do antigo Oriente e das nações modernas, formando, contudo, a grande transição entre esses dois mundos. Todo o nosso estudo deve se concentrar neste ponto, na história do espírito grego. O detalhe, ou aquilo a que se dá o nome de acontecimento, tem direito à palavra somente para corroborar o universal e não para advogar em causa própria, posto que os eventos que buscamos são as mentalidades, que certamente também são, a seu modo, eventos.”

O outro destaque da semana é da Ecclesiae, A geração abandonada, de Gabriele Kuby, renomada socióloga alemã que apresenta dados e análises para provar que vivemos em uma sociedade em decadência, e que os que mais sofrem são os mais jovens. É neles que os ataques da sociedade moderna à família estão causando os efeitos mais drásticos e destruidores.

A autora reforça que, ao falharem como cônjuges, as pessoas têm falhado como pais, e, consequentemente, têm causado graves problemas aos seus filhos. Afinal, a erosão do núcleo familiar afeta o corpo e a alma de uma criança. E é este, justamente, o núcleo da obra: sem medo de dizer a verdade, e tendo como guia os ensinamentos da Santa Igreja, Gabriele Kuby denuncia as atrocidades que estão sendo feitas aos mais jovens, destacando como os ataques à família têm tido efeitos devastadores não somente para a saúde física e mental das crianças, mas também para a alma delas.

Confira a seguir um trecho do capítulo “Estéril por escolha: sim ao sexo, não aos filhos”:

“Contracepção, a coisa mais normal do mundo. Colocar o sêmen em uma sacola de plástico, bloquear o acesso ao colo do útero com um diafragma de borracha revestido de espermicida, inserir uma espiral no útero para evitar que este receptivamente deixe o óvulo nele se alojar, ou engolir uma pílula todos os dias são coisas que prometem a libertação de todas as preocupações. Mas somos realmente capazes e temos autorização para sistematicamente separar o ato sexual de seu propósito, a criação da vida humana?

A questão por trás de tudo é a seguinte: como podemos entender o mundo em que vivemos? Tem algum significado o mundo ao nosso redor, ou fomos atirados num universo cheio de objetos dos quais podemos tirar proveito e manipular conforme nossos desejos?”

Outros lançamentos

Pela Auster, No caminho das virtudes, de Victor Sales Pinheiro. O livro pode ser considerado continuação e desenvolvimento de Virtudes no cotidiano, lançado há bem pouco tempo, e que teve uma ótima recepção do público. No atual volume, o autor relaciona as virtudes com as regras de vida propostas por Jordan Peterson, de forma a oferecer uma interpretação da cultura contemporânea, pautada por ideologias do ressentimento, que são contrapostas a modelos concretos de caráter e maturidade.

Num estilo coloquial e dinâmico, que lembra os colóquios socráticos e as apologias cristãs, valendo-se de uma abordagem que entrelaça teologia, filosofia e psicologia, desenha-se aqui uma trajetória de autoconhecimento que culmina na compreensão e prática das virtudes, num atraente convite para inserir-se no caminho da sabedoria.

Leia a seguir um trecho da obra:

“Certas virtudes são indispensáveis para quem se preocupa com o significado da vida e em alicerçar seu caráter no que realmente importa. Três delas são: sinceridade — consigo, com Deus e com o próximo; veracidade — em tudo que se é e faz; e integridade — unidade dos aspectos da vida. Articuladas entre si, elas nos permitem atender ao imperativo de Píndaro: ‘Torna-te quem tu és!’”

Com o intuito de apresentar o essencial sobre problemas relacionados à saúde mental, com base em sua experiência clínica, o Dr. Saulo Barbosa, com O mínimo sobra saúde mental, procura fornecer uma visão mais bem adequada sobre os problemas que envolvem tantos sofrimentos para um sem-número de pessoas e seus familiares.

Pela Livros Vivos, dois lançamentos. De David Eugene Smith, Histórias numéricas de tempos antigos, que reúne histórias sobre como as crianças costumavam registrar números em tempos antigos, com o pequeno Ching registrando-os em folhas de palmeira, Lugal em tijolos, e Hípias em pergaminho. Ao longo das eras, eles desenvolveram diversas técnicas para somar, multiplicar e dividir. Ao final de cada sessão, o livro deixa questões para refletir ou enigmas para resolver. Este foi o único livro vivo de matemática indicado pela educadora Charlotte Mason, que o sugeria para crianças a partir de 9 anos, como um complemento essencial para as lições de matemática.

E de A.B. Poland e John H. Haaren, Personagens famosos da Idade Média, obra envolvente que apresenta as vidas de trinta e cinco figuras notáveis que desempenharam papéis significativos durante esse fascinante período histórico. Cada história é habilmente elaborada para despertar a imaginação dos leitores, tornando o livro não apenas informativo, mas também cativante e inspirador. Ao explorar as vidas de grandes personalidades como Átila, o Huno, Carlos Martel, Carlos Magno, Guilherme, o Conquistador, São Luís IX, Marco Polo, Santa Joana d’Arc, entre outros, a obra conduz os leitores por uma jornada viva e interessante pela Idade Média.

Este livro não apenas destaca os eventos históricos cruciais do período, mas também oferece uma visão profunda e educativa sobre a transição do declínio dos tempos antigos para o surgimento da era moderna. O volume não é apenas uma coleção de aventuras, mas uma obra instrutiva que desvenda as complexidades e realizações extraordinárias de figuras que moldaram a história medieval.

Pela Texugo, um clássico da literatura infantil, Rapunzel, recontado por Felipe Denardi e ilustrado por Karina Oliveira, que constituem, ambos, o diferencial desta edição. Depois de estudar várias versões deste conto infantil, Denardi resolveu escrever a sua própria, muito bem escrita e com algumas novidades, em que se destacam importantes valores, e sobretudo a menagem de que o amor é o caminho para vencermos todos desafios.