MURALHA DE LIVROS | De Lavelle a Bescow

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

A tradução pioneira de um dos filósofos mais indicados por Olavo de Carvalho; o clássico dos clássicos quando o assunto é publicidade; a primeira obra do gênero “Distopia”; um guia para ajudar as mães e as famílias nos primeiros momentos da vida dos bebês; um divertido livrinho para os pequeninos entre os pequenos; e a chegada ao Brasil das obras completas de uma importante autora da literatura infantil.

De Louis Lavelle a Elsa Bescow, esses são os tijolos desta edição da Muralha. Confira os lançamentos a seguir, e um excelente final de semana!

Destaques

O destaque da semana é o Manual de Metodologia Dialética, de Louis Lavelle, publicado pela Eleia. A obra merece ser considerada o testamento filosófico de Louis Lavelle. Se a filosofia é antes um método do que uma doutrina, este livro impressiona sobretudo pela forma. As três partes que o compõem — a reflexão, o método, a descoberta — são constituídas por uma série de proposições, assim como a Ética de Spinoza. Mas o método de Lavelle não é uma lógica pura: para ele, a verdade se entrega menos ao rigor dedutivo que à pureza da atenção.

O método verdadeiro e sem artifício é aquele a se confundir com as operações concretas do sujeito, onde a reflexão nos entrega, numa experiência indubitável, a origem e o fundamento de tudo que existe. A metodologia preconizada por Lavelle nos chama à experiência interior da participação e provoca um diálogo consigo, com o outro e com Deus, que, por fim, deve se tornar a Sabedoria.

Confira a seguir um trecho do Capítulo 1, “Reflexão e Método”:

“Há somente uma filosofia, assim como há somente um mundo. E como há diferentes perspectivas sobe um mesmo mundo, há também diferentes aspectos da filosofia pelos quais os filósofos expressam sua personalidade. Mas essa filosofia busca compreendê-los e superá-los. Ela é, ao mesmo tempo, um conhecimento e uma sabedoria: um conhecimento do Ser, sobre o qual se funda uma sabedoria da conduta. Ela busca dar significação ao universo por meio da inteligência que o comtempla e da vontade que a exerce. Essa empreitada deve ser perseguida por todos os homens, e não somente por um só: pois todos os homens são como um único homem em que os pensamentos se atualizam por meio de diferentes consciências, não somente pelo abstrato, e porque estamos sujeitos às mesmas leis, mas devido ao fato de que, atualizando-se em diferentes consciências, esses mesmos pensamentos se harmonizam e entram em combate como se fossem um só.

De todo modo, nenhuma filosofia pode ser válida só para mim e não ser válida para os outros: se a aplicação que eu der a ela varia conforma a minha situação original no mundo, é para confirmar a minha verdade, e não para contradizê-la.”

Destaque também para um lançamento da Auster: A ciência da publicidade, de Claude C. Hopkins.

Hopkins foi o homem que transformou a publicidade em ciência, alavancou empresas, além de ter concebido e aperfeiçoado muitas das técnicas que até hoje fazem parte do arsenal do marketing. Composto por lições essenciais sobre a criação de anúncios eficazes, este seu livro explora as leis da publicidade, estratégias, orçamento e a psicologia por trás de campanhas de sucesso. O método descrito por Hopkins nesta obra o ajudou a se tornar o redator mais bem pago da sua época.

Mais do que um clássico, A ciência da publicidade é um guia atemporal, uma leitura obrigatória para profissionais de marketing, independentemente de sua especialidade, que desejam se destacar em um mercado competitivo e conquistar a atenção do público.

Confira a seguir um trecho do livro:

“Estamos vivendo o momento em que a publicidade atingiu, nas mãos de certas pessoas, o status de ciência. Isso porque ela está baseada em princípios fixos e é razoavelmente exata; suas causas e efeitos foram analisados até serem bem compreendidos; os métodos corretos de como proceder foram provados e estabelecidos; sabemos o que é mais efetivo e agimos de acordo com certas leis fundamentais. Além disso, a publicidade, antes uma aposta cega, tornou-se, sob uma direção competente, um dos investimentos mais seguros.
Certamente nenhuma outra iniciativa com as mesmas possibilidades de lucro envolve riscos tão pequenos como a publicidade. Este livro, portanto, não lida com teorias e opiniões, mas princípios e fatos provados. Foi escrito como um texto didático para estudantes e um guia seguro para profissionais. O livro se limita a fundamentos estabelecidos, cada sentença foi sopesada. Se entrarmos em qualquer domínio mais incerto, indicaremos isso cuidadosamente.”

Outros lançamentos

Pela Avis Rara, Cenas de um futuro socialista, de Eugene Richter, obra escrita em 1890,  e que pode ser considerada pioneira no gênero Distopia, em que o autor previu o que seria a Alemanha Nazista de algumas décadas à frente – não é nem um pouco raro, aliás, que as distopias literárias sejam proféticas e descrevam com assustador realismo o futuro da humanidade.

Deixamos aqui a descrição feita pela própria Avis Rara:

“Antes da virada do século 19, as ideias propostas por Marx e Engels sacudiam no mundo as certezas sobre quais seriam os melhores caminhos para progresso das nações e bem estar das pessoas. No entanto, até então, as ideias socialistas não passavam de teses não testadas. Eugene Richter foi um visionário. Muito antes de Orwell, Aldous Huxley e Zamiatin (Nós) ele escreveu uma distopia que capturou com visão profética o que aconteceria com a Alemanha sob os efeitos de um controle socialista. Na obra, a voz do narrador está cega por lealdade ideológica, mas mostra o dia a dia de experiências pessoais, descrevendo cada momento do novo sistema e o que ele impõe sobre toda a população. À espera de um mundo com menos desigualdades e mais harmonia, o narrador suporta tudo, enquanto percebe a vida real piorando, e todas as esperanças sendo destruídas. Mas então chega o momento em que as contradições falam por si… E ele constata que é tarde demais para mudar. No início do livro, lançado há mais de 100 anos, tudo parece distante de nosso tempo… até sermos apanhados reconhecendo as histórias que se repetem com novas gerações. Estranhamente, esta obra permaneceu por décadas esquecida, ignorada, e como diz um preceito filosófico: um povo que não conhece os erros do passado está fadado a repeti-los.”

Pela O Mínimo, uma excelente publicação para as mamães: O mínimo sobre o sono do bebê, de Aline Galhardo. Neste guia, a autora vale-se de suas próprias experiências de maternidade e, depois, como consultora de sono e amamentação dos bebês, para ajudar as mães durante os períodos iniciais das vidas de seus filhos.  

Conforme a própria Aline relata:

“Quando eu estava grávida, o que mais ouvia era que deveria estudar sobre parto, violência obstétrica, puerpério. De fato, essas informações foram úteis, mas, após o parto, sofri muito com a falta de preparo para duas coisas inerentes à maternidade: amamentação e sono do bebê. Foi pensando nessas dificuldades, e depois de ter ajudado minhas amigas a ensinarem seus bebês a dormir, que me tornei consultora de sono e amamentação, para orientar milhares de outras mães. Este livro veio para complementar esse trabalho e trazer um guia mínimo, prático e objetivo para todas as famílias que precisam de ajuda.”

E se falamos em crianças, a semana traz duas novidades para os pequenos. A primeira, para os bem pequeninos, é o sétimo volume da coleção O nome das coisas, da Texugo, com Hora de dormir. Com texto de Ulisses Trevisan e ilustrações de Gisele Deminelli, o livro apresenta os nomes de dez objetos que as crianças veem ao irem para a cama.

A outra novidade para as crianças é da João e Maria, que inicia 2024 com o projeto de publicar a obra completa de Elsa Bescow.

Nascida em Estocolmo, em 1874, mãe de seis filhos e apaixonada pela natureza, Elsa criou livros infantis em que o exuberante mundo natural ao seu redor ganha vida. Sempre acompanhadas de ilustrações ricas em cores e detalhes, suas histórias vão do cotidiano familiar ao mundo de fadas e seres encantados sem perder a delicadeza.

Cuidadosamente vertidos ao português por tradutores que também são escritores, cada um dos livros de Elsa foi recriado de modo a transmitir aos nossos pequenos leitores toda a magia deste universo encantador.

A publicação de sua obra completa começa com o box contendo os três primeiros volumes da Coleção Elsa Beskow, com A roupinha nova de Paulo, Crianças da floreta e Rosalinda a e pequena corça.

Os três livros são edições em capa dura e seguem o padrão internacional de edição das obras da autora. O box pode ser adquirido no site da João e Maria, e a previsão de envio é para o final de janeiro.


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