MURALHA DE LIVROS | Supremo Soviete

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Destaque para lançamento da Avis Rara

Desde março de 2019, quando foi instaurado o Inquérito 4781 – ou Inquérito do Fim do Mundo –, o Brasil vem vivendo cada vez mais sob a batuta de um tribunal de exceção que, acima de todos os poderes da República, e agindo ao arrepio da Lei, faz valer sua suprema vontade conforme o alinhamento ideológico de seus membros – e ai de quem ousar contrariá-los!

Desde então, foram inúmeros os processos, mandados de busca e apreensão e prisões sem qualquer fundamento legal, sem quaisquer provas ou tipificação de crimes, ordenados por esse Supremo Soviete, como bem os classificou Paulo Briguet. Esta edição da Muralha, em seu destaque, é especialmente dedicada a esses vilões de capa.

Mas, para além das trevas, esta Muralha, da Grécia à Rússia, também traz grandes clássicos da literatura universal, três gigantes do pensamento ocidental, duas gramáticas fundamentais há muito esgotadas, além de um presente especial para os jovens leitores.

Acompanhe os lançamentos abaixo, e um excelente final de semana!


Destaques

O destaque desta semana vai para um lançamento da Avis Rara: STF – Como chegamos até aqui?, de Duda Teixeira.

Inspirado na Suprema Corte dos Estados Unidos, o Supremo Tribunal Federal brasileiro tem exercido suas funções de maneira diversa da que se espera de uma corte constitucional. Ministros que elaboram leis, usurpando o papel do Legislativo. Também julgam casos defendidos por familiares e participam de eventos organizados por empresas e associações com interesses próprios. São punitivistas com os pobres e garantistas com milionários que pagam advogados caríssimos. Censuram a imprensa e criminalizam pessoas por expressarem suas opiniões.

Resultado: metade dos brasileiros não confia no STF ou desaprova o trabalho dos seus ministros.

Este livro resgata os princípios fundadores do Tribunal, revela sua trajetória desviante ao longo do tempo e apresenta possíveis soluções para restaurar a integridade da Corte. STF – Como chegamos até aqui? é mais do que um título. É um convite à reflexão, direcionado aos brasileiros que querem viver em uma democracia — mas com justiça e liberdade.

Confira abaixo um trecho do livro:

“O relógio digital mostra duas da tarde, hora marcada para o início da sessão. Mas a única movimentação é a dos assistentes de plenário, que se sentam na primeira fileira das cadeiras laterais e andam apressados com olhar para o chão. Com salários de 18 mil reais1, em média, esses empregados de luxo usam um pano preto pendurado na metade das costas. Daí serem apelidados de ‘capinhas’. Sem uma formação específica, eles foram escolhidos por serem de confiança dos ministros. Com esse único atributo, eles ganharam o direito de fazer parte da elite do funcionalismo público, na capital mais desigual do Brasil. Dentro do plenário, fazem de tudo. Depositam os porta-lápis, copos de água e pilhas de folhas de sulfite impressas nas mesas dos ministros e na bancada que fica em volta. Um desses maços de folhas traz o nome de um escritório de advocacia na capa.”

Destaque também para um lançamento da Edições Livre: Felicidade conjugal, de Liev Tolstói.

Nesta narrativa, o autor nos convida a acompanhar a história de Mária Alexandrovna, uma jovem de 17 anos que se casa com Sérgio Mikailovitch, um homem 20 anos mais velho e amigo da família. Inicialmente, o casamento é marcado pela paixão e pelo idealismo, mas com o passar do tempo, a realidade se impõe, revelando os desafios da vida conjugal.
Tolstói, com sua maestria narrativa, explora os meandros da psique humana, revelando as complexas emoções que permeiam o relacionamento de Mária e Sérgio. A paixão inicial se transforma em apatia, a admiração em desilusão, o amor em questionamento.
A obra nos convida a refletir sobre as expectativas em um relacionamento, os desafios da comunicação e a busca por um amor autêntico e duradouro.

Confira abaixo um trecho da história:

— Tenho já vivido muito e contudo parece-me que somente acabo de encontrar o que faz a felicidade. Uma vida sossegada, tranquila, no nosso canto retirado, com a possibilidade de fazer bem àqueles a quem é tão fácil fazê-lo e que portanto tão pouco habituados estão a isso; depois o trabalho, o trabalho de onde surge sempre algum proveito. Em seguida o descanso, a natureza, os livros, a música, o afeto de alguma pessoa íntima: eis a minha felicidade, uma felicidade mais elevada com que nunca havia sonhado. E além de tudo isto, uma amiga boa e dedicada como sempre há de ser para mim, talvez uma família, em uma palavra tudo o que um homem pode desejar neste mundo!

— Sim — respondi eu.

— Para mim que já ultrapassei a mocidade, sim; mas não para si — replicou. — Não tem ainda vivido; noutra coisa talvez tivesse querido prosseguir a felicidade e nesta outra coisa talvez a tivesse encontrado. Parece-lhe agora que tudo isso é efetivamente a felicidade, porque se ama…

— Não, nunca desejei nem amei outra coisa senão esta doce vida de família. E acaba de dizer precisamente o que eu mesma penso.”

Outros lançamentos

Pela Kírion, Nova arte de pensar, de Jean Guitton.

Jean Guitton (1887-1971) foi um filósofo, teólogo e escritor francês que se destacou por sua profunda influência no pensamento católico do século XX. Sua obra, marcada por uma busca incessante pela verdade e pela reconciliação entre fé e razão, o consagrou como um dos maiores pensadores de seu tempo.
Nova arte de pensar é um livro importante que oferece uma nova perspectiva sobre a relação entre fé e razão, conhecimento e realidade. As ideias de Guitton são relevantes para qualquer pessoa que esteja interessada em desenvolver uma visão de mundo mais profunda e significativa. Essa nova maneira de pensar leva em consideração todas as dimensões da realidade, incluindo a física, a mental, a espiritual e a social.
Confira a seguir algumas palavras do autor sobre esta obra:

“Falarei sobre a arte de pensar. Mas sob essas palavras colocarei algo muito diferente do que você imagina. Surgiram vários livros sobre a arte de pensar nessas últimas décadas; venha aqui em casa e verá as estantes cheias deles. Quando tiver a ocasião, poderá lê-los, e encontrará neles receitas, conselhos, ornamentos. Não sinto em mim a vocação de ensinar o delfim a pensar, e gostaria de fazer algo um pouco diferente, ao mesmo tempo mais modesto e mais difícil, talvez um pouco temerário: ajudá-lo a não perder tempo, ensinar-lhe a aplicação necessária para que o espírito se instale no centro do assunto sem dispersão ou cansaço. É lamentável ver como desperdiçamos nossa força mental, nem sempre por preguiça, mas por ninguém nos ter ensinado a utilizar nossos instrumentos de pensamento. De nada serve correr ou demorar-se. O sucesso está na precisão, no domínio do fazer, na submissão às leis do espírito. Esse é o meu primeiro propósito.”

Pela Vide, Comentário ao ‘Sobre a alma’ de Aristóteles, de Santo Tomás de Aquino.

A obra filosófica de Tomás de Aquino é extensa e bastante diversa. Seus comentários, especialmente os referentes à obra de Aristóteles, têm como base uma metodologia original, crítica e elucidativa, tão potente que os fizeram sobreviver ao período da Escolástica e ao Renascimento e perdurar até os dias de hoje.

Neste volume, além da tradução do texto de Aristóteles, o leitor encontra o Comentário do Doutor Angélico ao Sobre a alma. Nele, verá que o filósofo estagirita desenvolve sua argumentação de modo bastante didático, e Tomás assim o segue no seu comentário. No livro I, acompanhamos as considerações sobre a investigação da alma, depois Aristóteles expõe outras posições e começa a estabelecer a sua própria sobre o objeto em análise. No livro II, ele expõe sua definição sobre a alma e começa a tratar das suas potências, iniciando pelas mais básicas, as vegetativas, até as sensitivas. No livro III, passa a tratar propriamente dos sentidos internos, para depois ir ao intelecto e à vontade, próprios da alma humana, e estabelece algumas considerações pontuais sobre os apetites e a potência locomotora.

Pelo Centro Dom Bosco, a Gramática Metódica da Língua Portuguesa e a Gramática da Língua Latina, de Napoleão Mendes de Almeida.

Depois de muitos anos esgotadas, as gramáticas do professor Napoleão Mendes de Almeida voltam aos lares de todo o Brasil. Revisamos as edições passadas e corrigimos uma série de erros que havia. Esta nova edição recebeu um acabamento premium com capa dura e fitilhos.

Gramática da Língua Portuguesa – Esta é a gramática de mais longa vida em toda a história da literatura didática, assim brasileira como portuguesa: chegou a 46 edições e teve mais de 50 mil exemplares impressos. Nela é encontrado tudo aquilo que é necessário aprender para obter o bom domínio do idioma pátrio.

Gramática da Língua Latina – Para o estudo do latim os países civilizados dedicavam muitas horas semanais, pois era claro às melhores mentes que dele, para a formação adequada dos estudantes, não se podia apartar. De acordo com Napoleão Mendes de Almeida, não é para ser falado que o latim deve ser estudado. Para aguçar seu intelecto, para tornar-se mais observador, para aperfeiçoar-se no poder de concentração de espírito, para obrigar-se à atenção, para desenvolver o espírito de análise, para acostumar-se à calma e à ponderação, qualidades imprescindíveis ao homem de ciência, é que o aluno estuda esse idioma.

Pela Molokai, Corações ao alto, de Dom Fulton Sheen.

Quando, na missa, o padre proclama: “Corações ao alto” (Sursum corda, em latim), não é mera retórica ou evocação ritualística. Como tudo que está inserido na sagrada hora da comunhão, este termo tem a função de encaminhar nossos pensamentos para as coisas do Céu, ou seja, é a chance que temos de abdicar do nosso ego, que estejamos entregues a Deus, é a preparação ao sacrifício de Cristo.

Corações ao alto, obra de cunho apologético e espiritual, a partir de premissas psicológicas, é um dos mais completos tratados da alma humana.

O livro divide-se em 3 partes: “A dimensão do Ego” trata dos tortuosos caminhos que levam o homem a uma vida em pecado; em “O nível do Eu” temos a síntese a respeito da sede de aderir a virtudes que há em todas as pessoas; por fim, em “O nível Divino”, vê-se a busca por uma vida verdadeiramente espiritual.

Distante dos meandros pseudopsicológicos, Fulton Sheen, com maestria e simplicidade, nesta obra mostra que “conforme morre o ego, o eu nasce; e o eu entrega-se deliberadamente a Deus revelado no Cristo Jesus, a vida encontra um novo centro n’Ele”.

Pela Livros Vivos, Vida das plantas nos campos e jardins, de Arabella Buckley.

O livro é um dos livros da série Crianças Observadoras, escrita pela autora, e apresenta uma exploração fascinante do mundo das plantas, destinada a despertar o interesse e a curiosidade das crianças sobre a vida vegetal que as cerca. Buckley leva os leitores em uma jornada fascinante através de campos, jardins e ambientes naturais, apresentando a variedade de plantas e flores.

Ao longo do livro, Buckley descreve não apenas a aparência das plantas, mas também sua biologia, ciclo da vida e interações com o ambiente. Ela explora temas como a germinação de sementes, a estrutura das plantas, a polinização, a fotossíntese e a importância das plantas para os seres humanos. Ela também destaca a diversidade impressionante de plantas que existem e como elas se adaptam a diferentes ambientes.

Este é mais do que apenas um livro sobre botânica; é uma celebração da beleza e da complexidade do mundo vegetal, projetado para inspirar um novo sentido de maravilha e apreciação pela natureza nos jovens leitores.

Pela Editora 34, o quarto volume do Teatro Completo de Eurípides, em que constam as tragédias “As Troianas”, “Ifigênia em Táurida” e “Íon”, peças em que o maior dos dramaturgos gregos reafirma sua incrível capacidade de trazer à luz, com sutileza e precisão, os múltiplos movimentos da alma humana.

A edição é bilíngue e conta com a tradução de Jaa Torrano.


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