O político fora o primeiro presidente brasileiro a ser capa da revista Time
Há uma década, quando eu fui aluno do curso cordas para orquestra na Escola de Música do Estado de São Paulo, a Emesp Tom Jobim, no largo General Osório, todos os sábados pela manhã eu vivia uma experiência estética singular: contemplar o prédio da estação Júlio Prestes. Não se fazem mais estações como antigamente. O prédio, concluído em 1938, é um exemplo perfeito da época em que a sensatez e o bom gosto ainda habitavam os escritórios de arquitetura.
Foi-se o tempo. Hoje, como se vê, os projetistas dos prédios públicos estão permanentemente preocupados com a manutenção daquelas disformidades arquitetônicas símbolos das ideias de jerico. Só um aleijado dos olhos não percebe a política de financiamento da apeirokalia nos grandes centros urbanos. Dinheiro público. Dinheiro do orçamento familiar. Apesar de servir apenas uma linha da ViaMobilidade — antiga CPTM –, a Júlio Prestes resiste. A estação recebera o nome do ex-governador do Estado — e ex-presidente eleito — em 1946, após a sua morte, no dia 9 de fevereiro.

Júlio Prestes, que fora o último politico a presidir a “República Velha”, morreu aos 63 anos em São Paulo. Apesar de ter conquistado votos suficientes para empossá-lo como chefe da coisa pública, Prestes não tomou posse; o político fora impedido pela conjuntura da Revolução de 1930. Resumidamente, esta tinha como objetivo dar fim à política do café com leite, o monopólio do poder entre paulistas e mineiros, e entregar a batuta da nação ao gaúcho Getúlio Vargas.
Júlio Prestes nascera em Itapetininga, SP, em 1882, ainda nos tempos do Império. Enquanto Presidente do Estado — cargo que, no contexto da República Velha, equivaleria ao atual Governador do Estado –, Prestes deu início à construção da Estação São Paulo da Estrada de Ferro Sorocabana, Estação Júlio Prestes depois de 1946. Prestes estampou a capa da revista Time na edição de 23 de junho de 1930 — provavelmente pela importância fundamental que o café brasileiro representava no mercado internacional à época.
Depois de vencer nas urnas, Júlio Prestes chegou a ser recebido em Washington, Londres e Paris como Presidente dos Estados Unidos do Brasil — antigo nome da República Federativa do Brasil — mas fora obrigado a entregar o poder a Getúlio Vargas. Derrotado, Prestes exila-se sob a proteção do governo britânico. De regresso à política nacional, Júlio Prestes funda o partido União Democrática Nacional — UDN –, a partir do qual exercerá oposição a Getúlio Vargas.
Com informações de Piletti, Nelson, História do Brasil, Ática Editora.

“Quem não aguenta o trote não monta o burro”.
— Getúlio Vargas
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Eu não sabia quem foi Júlio Prestes. Muito obrigado.
Ipso facto, temos muito trabalho a fazer!
Boa lembrança. Muitos dos nomes nacionais foram particularmente esquecidos e suas histórias distorcidas desde sempre. Do colonialismo ao império. Tudo esquecido ou reescrito de forma conveniente aos contextos de época