Cecília foi poeta, pintora, professora e jornalista
Poeta, não poetisa. Sim, mas Cecília Meireles não pertence, como o estado de coisas do Brasil contemporâneo sugere, a nenhum movimento “representativo” da mulher masculinizada. Não. “A poesia de Cecília Meireles”, nas palavras de Otto Maria Carpeaux, “embora pertencendo a nós e ao nosso mundo, é uma poesia de perfeição intemporal”. Ela pertence, portanto, ao mundo místico daqueles que conseguem exprimir, com misteriosa precisão, os dramas da existência.
A escritora carioca, nascida no início do século XX, foi, como subscreve a crítica — praticamente unânime –, um dos mais importantes nomes da Literatura Brasileira daquele século. Enquanto jornalista, Cecília escreveu sobre Educação, expondo suas reflexões sobre a qualidade do ensino. O fato de ter sido órfã e viúva muito cedo exerceria sobre a sua arte permanente influência, dando-lhe o gosto das relações entre o efêmero e o eterno.
No dia 9 de novembro de 1964, aos 63 anos de idade, a escritora sucumbiu a um câncer de estômago; Cecília Meireles morreu em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. No ano seguinte, como tributo ao conjunto de sua obra, a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe a Medalha Machado de Assis, sua maior honraria.
“Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada”.
Poema do livro Viagem. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967
Com informações do Instituto Ling e da Revista Galileu.
“Se em um instante se nasce e em um instante se morre, um instante é o bastante pra vida inteira”.
Cecília Meireles
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Recordar é uma forma se honrar os realizadores de maravilhasas ideias. Parabéns pela coluna Bruna!