HOJE NA HISTÓRIA | Morre Cecília Meireles

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Cecília foi poeta, pintora, professora e jornalista

Poeta, não poetisa. Sim, mas Cecília Meireles não pertence, como o estado de coisas do Brasil contemporâneo sugere, a nenhum movimento “representativo” da mulher masculinizada. Não. “A poesia de Cecília Meireles”, nas palavras de Otto Maria Carpeaux, “embora pertencendo a nós e ao nosso mundo, é uma poesia de perfeição intemporal”. Ela pertence, portanto, ao mundo místico daqueles que conseguem exprimir, com misteriosa precisão, os dramas da existência.

A escritora carioca, nascida no início do século XX, foi, como subscreve a crítica — praticamente unânime –, um dos mais importantes nomes da Literatura Brasileira daquele século. Enquanto jornalista, Cecília escreveu sobre Educação, expondo suas reflexões sobre a qualidade do ensino. O fato de ter sido órfã e viúva muito cedo exerceria sobre a sua arte permanente influência, dando-lhe o gosto das relações entre o efêmero e o eterno.

No dia 9 de novembro de 1964, aos 63 anos de idade, a escritora sucumbiu a um câncer de estômago; Cecília Meireles morreu em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. No ano seguinte, como tributo ao conjunto de sua obra, a Academia Brasileira de Letras concedeu-lhe a Medalha Machado de Assis, sua maior honraria.

“Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno e asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada”.

Poema do livro Viagem. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967

Com informações do Instituto Ling e da Revista Galileu.

“Se em um instante se nasce e em um instante se morre, um instante é o bastante pra vida inteira”.

Cecília Meireles
Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2023

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