HOJE NA HISTÓRIA | Morre Alfred Hitchcock

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

O célebre diretor de cinema começou a se interessar pela sétima arte ainda na adolescência

Alfred Hitchcock foi o primeiro a dar ao gênero suspense uma linguagem cinematográfica. O nascimento do diretor inglês é contemporâneo ao da própria sétima arte, e ele pôde acompanhar os principais estágios do desenvolvimento do cinema ao longo do século XX. Filho de um quitandeiro, Hitchcock testemunhou a era do cinema mudo, o encantamento do cinema sonoro e, finalmente, a magia das cores da technicolor.

O primeiro contato de Hitchcock com o cinema foi aos 16 anos, quando ele trabalhava numa companhia telegráfica. Dez anos depois, em 1925, ele estrearia Os jardins dos prazeres, o marco do início de sua carreira como cineasta. Mas foi com O inquilino, de 1927, que Alfred Hitchcock começou a praticar o gênero que o tornaria famoso em todo o mundo: o suspense.

O inquilino (1927)

Suspense calculado

Seus espectadores têm papel ativo: eles são os seus cúmplices. Quem assiste aos filmes de suspense de Hitchcock sabe de onde vem a ameaça ao protagonista, mas fatalmente não pode fazer nada — para além de roer as unhas. Em 1939, já consagrado pelos seus trabalhos da juventude, Hitchcock foi convidado pelo diretor de E o vento levou…, David Selznick, para trabalhar em Hollywood.

Na terra símbolo do show business Alfred Hitchcock estrearia no ano seguinte com Rebeca, a mulher inesquecível. A sombra de uma dúvida sairia em 1943. Em Hollywood o diretor inglês ficou fascinado pelos atores americanos: eles eram capazes de interpretar personagens de carne e osso, sem aquela afetação comum dos sets europeus.

Devido ao seu senso publicitário aguçado e à sua identificação com o gênero suspense, Hitchcock tornou-se ele mesmo uma celebridade, estava sempre sob os flashes das câmeras. Isto numa época em que os diretores de Hollywood não passavam de meros empregados dos estúdios. Alfred Hitchcock tinha ampla autonomia para trabalhar nos seus filmes como bem quisesse.

Psicose (1960)

Aos píncaros

Os filmes produzidos entre os anos de 1954 e 1963 representam o auge da carreira de Hitchcock. É precisamente dessa época uma série de obras-primas que o elevaram à categoria dos principais cineastas de todos os tempos. Filmes como Janela indiscreta (1954), Um corpo que cai (1956), Psicose (1960) e Os pássaros (1963) são imprescindíveis. São clássicos.

Um católico

Em sua terra natal, Alfred Hitchcock foi criado na religião católica. Sua educação aconteceu nos limites de uma escola salesiana, no primário; e jesuíta quando ele chegou ao segundo grau. Muitos elementos da cosmovisão cristã estão simbolizados nos seus filmes: culpa, medo, pecado, atração e repulsa pelo erótico, perdão, maledicência, confissão… O cineasta dizia que a técnica cinematográfica nunca deveria sobrepor-se ao enredo, senão colocá-lo em evidência.

A tortura do silêncio, de 1953, foi a única produção de Hitchcock que fez referência a um sacerdote. O filme é sobre um padre que, por motivos determinados, acaba por ser investigado por um assassinato que não cometeu. O padre atendeu ao verdadeiro assassino no confessionário e, ipso facto, não pôde defender-se a si mesmo no inquérito instaurado contra ele.

A tortura do silêncio (1953)

“(…) o cineasta mais acessível a todos os públicos pela simplicidade e clareza é também o que se supera ao filmar as relações mais íntimas entre os seres”.

François Truffaut depois de uma entrevista com Hitchcock

Hitchcock morreu no dia 29 de abril de 1980, em Los Angeles. Semanas antes ele confessara-se e recebera a comunhão das mãos de um sacerdote católico.


Com informações da agência DW e do site do Padre Paulo Ricardo.


“Estilo é plagiar a si mesmo”.

Alfred Hitchcock

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