Analfabeta e Doutora da Igreja, Santa Catarina de Sena deixou uma vasta obra de notável valor histórico e teológico, toda ditada por ela
Hoje é dia de Santa Catarina de Sena, virgem, mística e Doutora da Igreja.
Nascida em Siena, na Itália, em 25 de março de 1347, era de uma família pobre. Dos 25 filhos que seus pais tiveram, a maioria acabou morrendo, inclusive sua irmã gêmea, Joana.
Catarina teve suas primeiras visões sobrenaturais, com anjos, aos 5 ou 6 anos. Aos 7, consagrou sua virgindade a Nosso Senhor e passou a impor a si própria uma rotina de orações, jejuns e penitências severas, que aprendera com uma de suas irmãs mais velhas. Aos 15, ingressou como leiga consagrada na Ordem Terceira de São Domingos. Nesses primeiros anos de vida consagrada, o simples testemunho de seus êxtases místicos ocasionou diversas conversões.
Em sua vida adulta, a principal colaboração de Santa Catarina foi em relação ao Grande Cisma do Ocidente. A sede da Igreja estava em Avignon, na França, e não em Roma, havia já 70 anos, a autoridade da igreja sofria influência da política francesa, e dois Papas disputavam a Cátedra de Pedro. Catarina agiu viajando pela Itália e por outros países da Europa, pregando e ditando cartas (era analfabeta) aos reis, príncipes e governantes católicos, assim como a bispos e cardeais. Por fim, conseguiu convencer o Papa Urbano VI a assumir o governo legítimo da Igreja em Roma.
Outro grande desafio enfrentado com coragem e amor por Santa Catarina foi a peste negra, que dizimou quase um terço da população da Europa no século XIV. Ela colocou-se ao lado dos doentes, lutando por eles e curando a muitos através de ações diretas e de suas orações.
Analfabeta e Doutora da Igreja
Em meio a todas as tribulações de sua curta vida, Santa Catariana de Sena ainda deixou uma vasta obra literária de grande valor espiritual e histórico, com cartas e tratados teológicos, todos ditados por ela, que nunca aprendeu a ler e escrever. A mais importante delas é o Diálogo sobre a Divina Providência, que contém os diálogos de Santa Catarina com Deus, e em que são abordadas questões como a missão redentora de Cristo, o inferno, a graça da conversão e o futuro da humanidade. Pela magnitude de sua obra, esta santa analfabeta, e simples leiga consagrada, foi declarada Doutora da Igreja em 1970, pelo Papa Paulo VI.
Estigmas, tentação final e morte
A partir de 1375, Santa Catarina passou a carregar consigo os estigmas de Cristo, de maneira semelhante à de São Francisco, em seu corpo já franzino e frágil. Carregou-as com humildade e gratidão por 5 anos. Em 29 de abril de 1380, aos 33 anos, foi vítima de um derrame. Em seu leito de morte, ainda sofreu ataques de demônios. Segundo se testemunhou, aconteceu durante uma hora e meia, tempo em que houve algo como que uma terrível luta corporal seguida de um longo silêncio antes de sua vitória final sobre o mal, quando entregou sua alma a Deus.
A curta e extraordinária vida de Santa Catarina de Sena constitui uma dessa biografias que nos fazem pensar sobre o quanto estamos de fato em comunhão com Deus, e quanto estamos preparados para seguir a santidade de fato. Quando pedirmos aos Céus por fé e sabedoria, lembremos de invocar a sua intercessão.
Santa Catarina de Sena, rogai por nós!
As últimas horas de Santa Catarina de Sena
Em suas últimas horas, Catarina
é por uma legião assediada,
e em chagas, sobre o leito reclinada,
se embate em luta corporal ferina.
Aos poucos, um a um ela domina,
sob oração e luta, e, derrotada,
esperneia a falange, e concentrada,
a santa faz a espiritual faxina.
Os diabos vão-se embora, enfim vencidos,
e Catarina pode respirar
por um instante, até que em seus ouvidos
ressoa um coro de anjos a cantar:
já está no Céu, e, diante da Trindade,
assume seu lugar na Eternidade.
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