HOJE NA HISTÓRIA | Disponibilização pública dos Manuscritos do Mar Morto

Vitor Marcolin
Vitor Marcolin
Ganhador do Prêmio de Incentivo à Publicação Literária -- Antologia 200 Anos de Independência (2022). Nesta coluna, caro leitor, você encontrará contos, crônicas, resenhas e ensaios sobre as minhas leituras da vida e de alguns livros. Escrevo sobre literatura, crítica literária, história e filosofia. Decidi, a fim de me diferenciar das outras colunas que pululam pelos rincões da Internet, ser sincero a ponto de escrever com o coração na mão. Acredito que a responsabilidade do Eu Substancial diante de Deus seja o norte do escritor sincero. Fiz desta realidade uma meta de vida. Convido-o a me acompanhar, sigamos juntos.

Descobertos entre 1947 e 1956, os textos bíblicos mais antigos conhecidos só foram expostos ao público nos anos 1990

Lembro-me de quando, na companhia de um grupo de crianças e adolescentes da minha paróquia, fui à Pinacoteca do Estado de São Paulo ver a mostra “Pergaminhos do Mar Morto: um legado para a humanidade“. Aquela fora a primeira ocasião em que visitei um museu, eu tinha dez anos. Perdido entre moedas milenares e papiros originais do Deuteronômio aquela criança enfeitiçada não pôde atinar para a importância daquele momento.

Pinacoteca do Estado de São Paulo, local da exposição “Pergaminhos do Mar Morto”, em 2004. Fonte: Pedro Mascaro Imagens

Fora a primeira vez que os manuscritos estiveram em exposição pública na América do Sul. Era dezembro de 2004. Os preciosos escritos, uma das maiores descobertas da Arqueologia no século XX — comparada à descoberta da tumba de Tutancâmon em 1922 –, encontrados em um complexo de 12 cavernas numa região fronteiriça entre Israel e a Palestina entre 1947 e 1956, só foram liberados ao público em 22 de setembro de 1991.

Ruínas de Qumran, perto de cavernas nas quais os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos em Israel (© Richard T. Nowitz/Corbis/Getty Images)

Os 800 manuscritos compilados em rolos de pergaminho foram protegidos contra as intempéries do tempo sob a fria cerâmica de enormes jarros guardados no interior das cavernas. Depois da descoberta, os preciosíssimos textos escritos em hebraico e aramaico tornaram-se objeto de monopólio de pesquisa mantida por um círculo de editores. De acordo com o jornal Chicago Tribune, um pesquisador chegou a dizer que a disponibilização do material ao público era o equivalente acadêmico da queda do Muro de Berlin. Outros, no entanto, colocaram-se em defesa do resguardo dos achados.

“Facilitar o acesso aos registros violaria o contrato sob o qual os fragmentos de pergaminhos foram fotografados em 1980. As fotos foram entregues a várias instituições estrangeiras com o entendimento escrito de que não seria permitido usá-las sem nosso acordo. Isso é uma quebra de contrato e de ética. A publicação antecipada é antiética porque apenas os acadêmicos que se dedicaram anos para decifrar os fragmentos devem ser os primeiros a ter o direito de liberar o material”.

Amir Drori, Diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel na época, ao Chicago Tribune
Seções dos Manuscritos do Mar Morto em exposição no Museu de Israel em Jerusalém (© Baz Ratner/Reuters)

A quebra do sigilo e o consequente fim do monopólio sobre os Manuscritos do Mar Morto fora uma iniciativa da Biblioteca Huntington, de Los Angeles. Graças aos esforços desta instituição, cerca de três mil negativos fotográficos, que constituíam os achados em sua integralidade, foram disponibilizados ao público. Treze anos depois, os brasileiros puderam ver alguns dos originais da Bíblia Sagrada naquela exposição da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Com informações do Portal History UOL e do jornal Chicago Tribune.

“Escuta, Israel! O Senhor é nosso Deus, o Senhor é um”.

Deuteronômio VI:4. Tradução oficial da CNBB

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