ENTREVISTA | Revolução Cubana e Ditadura Castrista

Leônidas Pellegrini
Leônidas Pellegrini
Professor, escritor e revisor.

Sabe aquela versão furada sobre a Revolução Cubana que você aprendeu na escola? Aquela narrativa romantizada pelo seu professor de História que, mesmo você sabendo que era fajuta, era difícil de contestar por falta de documentações facilmente acessíveis que comprovassem a evidente realidade dos fatos? Bem, agora você pode ter em mãos uma obra feita a partir de pesquisa séria e sistemática sobre o assunto: O livro proibido pelo MEC: Revolução Cubana e Ditadura Castrista, do jornalista e pesquisador Lucas Souto Ribeiro, publicada hoje pela PHVox.

Saiba mais sobre o trabalho de Lucas e seu livro na entrevista abaixo.


Esmeril: Fale sobre seu interesse por estudar a história do comunismo.

Lucas: Meu interesse pela História ganhou profundidade quando comecei a me preparar para o concurso da carreira diplomática. Nesse período, fui imerso numa bibliografia quase exclusivamente alinhada ao pensamento de esquerda. Estudávamos nomes consagrados do cânone marxista — Eric Hobsbawm, Milton Santos, Celso Furtado, David Harvey, Amado Cervo, Daniel Aarão Reis Filho, entre outros. Eles são tratados como demiurgos na academia brasileira. A princípio, a sensação era de domínio do tema; depois percebi que havia lido muito, mas dentro de um único espectro ideológico.

Foi por volta de 2012 que entrei em contato com o pensamento do professor Olavo de Carvalho — e sua obra operou em mim uma ampliação de consciência sem precedentes. Ele me apresentou autores até então omitidos da minha formação: Ortega y Gasset, Raymond Aron, Mises, Scruton, Hayek, Voegelin, René Rémond… Percebi que o sistema educacional brasileiro não apenas prioriza uma visão de mundo marxista, mas ativamente suprime perspectivas divergentes. O que seguiu foi um processo, simultaneamente doloroso e libertador, de revisão intelectual. Com ele, vieram as descobertas sobre os desastres provocados pelo socialismo no século XX — tragédias sistematicamente ocultadas na universidade.

Esmeril: Fale sobre seu perfil do Instagram, História Sem Marx.

Lucas: O História Sem Marx nasceu da inquietação diante do empobrecimento do imaginário histórico brasileiro em relação ao mundo. O projeto partiu de um objetivo muito claro: oferecer uma alternativa sólida ao monopólio narrativo marxista que há décadas predomina nas escolas, universidades e editoras. Comecei com resumos de livros, análises históricas e críticas à manipulação ideológica dos fatos — sempre com base em bibliografia de qualidade e autores ignorados pelo mainstream acadêmico no Brasil, mas reconhecidos no mundo civilizado.

Com o tempo, o perfil se tornou uma plataforma de encontro com leitores que, como eu, estavam em busca de liberdade intelectual e ampliação do horizonte de consciência histórico. Produzir esse conteúdo se tornou não apenas uma missão, mas uma fonte de realização pessoal.

Esmeril: Desse perfil surgiu seu primeiro livro, O Livro Proibido pelo MEC: Revolução Cubana e Ditadura Castrista. Fale sobre o processo de pesquisa e o conteúdo da obra.

Lucas: A ideia do livro nasceu em paralelo ao perfil do Instagram. Conversei com meu amigo Paulo Henrique Araújo sobre a necessidade de confrontar, com método e rigor, as narrativas enviesadas dos livros aprovados pelo MEC. Paulo conhecia meu trabalho como correspondente internacional e articulista em veículos como Gazeta do Povo, Brasil Sem Medo e jornais hispano-americanos. Foi receptivo desde o início e viu ali uma oportunidade editorial relevante. Evocando Santo Agostinho, diria que foi um caso do famoso “idem velle, idem nolle” — desejar e rejeitar as mesmas coisas.

A pesquisa começou com a aquisição de livros didáticos antigos e atuais, além de livros em PDF amplamente utilizados nas escolas brasileiras. Identifiquei omissões e falsificações históricas recorrentes no tratamento da Revolução Cubana e da ditadura castrista. A partir daí, mergulhei em fontes acadêmicas e obras especializadas, priorizando bibliografia estrangeira — majoritariamente em espanhol e inglês — uma vez que, no Brasil, prevalece um proselitismo pró-Cuba descarado.

Meu mestrado em Política e Relações Internacionais, cursado na Universidad Sergio Arboleda, em Bogotá — uma instituição de orientação conservadora —, foi decisivo. Lá tive acesso a dissidentes cubanos e venezuelanos, e produzi uma dissertação sobre os mecanismos de repressão e controle exportados por Cuba à Venezuela. O trabalho foi posteriormente publicado como artigo cientifíco pela FUNAG.

Além disso, tive o privilégio de escrever para jornais comandados por jornalistas exilados de regimes autoritários. A Iliana Lavastida (Diario de las Américas) e a Gelet Martínez (ADN América) — ambas cubanas — e o editor venezuelano Nehomar Hernández (La Gaceta de la Iberosfera) foram fundamentais. Suas experiências pessoais e profissionais enriqueceram minha compreensão e ampliaram a base empírica do livro. Sem esquecer o apoio generoso do escritor Paulo Briguet e, claro, de Paulo Henrique Araújo — verdadeiro catalisador dessa obra. Nossas amizades, parece, retomam a antiga tradição bíblica entre os nomes Lucas e Paulo.

Esmeril: Por que este seria um livro “proibido pelo MEC”?

Lucas: Porque este é um livro que desafia a ortodoxia ideológica marxista do Ministério da Educação. Ele expõe, com dados, documentos e autores silenciados, as omissões sistemáticas presentes nos materiais didáticos autorizados pelo governo. A Revolução Cubana, nos livros escolares, é frequentemente romantizada; sua brutalidade, censura, empobrecimento generalizado e repressão política são varridos para debaixo do tapete.

Este é um livro que não passaria jamais pelo crivo ideológico do MEC. Por isso mesmo, era necessário escrevê-lo: para oferecer aos estudantes e leitores um contraponto indispensável — uma visão honesta e desideologizada dos fatos.

Esmeril: Você tem outras dessas obras “proibidas pelo MEC” em andamento ou planejadas?

Lucas: Sim. Tenho iniciado uma ampla pesquisa sobre a Guerra Fria nos EUA e na América Latina — especialmente os vínculos entre movimentos revolucionários locais e os aparatos de inteligência e financiamento soviéticos e cubanos. Outro eixo em construção é o da Venezuela chavista: sua origem, estrutura de poder, engenharia de repressão e influência internacional. Por ora, estou numa fase exploratória — leituras, anotações, coleta de fontes. Mas minha intenção é consolidar esse trabalho em obras futuras que sigam a mesma linha: investigar, documentar e apresentar ao público brasileiro uma História que vá além do que nos foi permitido conhecer.


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