Alexandre Soares Silva fala sobre sua recém-lançada versão de um dos maiores clássicos infantis de todos os tempos
Alexandre Soares Silva, mais conhecido por obras como A coisa não Deus, O homem que lia os seus próprios pensamentos e Feérico luar no Copabana Palace, teve lançada pela Texugo, este mês sua versão de Os Três Porquinhos, uma divertida releitura do clássico que encanta gerações há pelo menos dois séculos. A edição, muito bem ilustrada por Karina Oliveira, guarda a essência das versões mais consagradas, mas com o humor típico de Alexandre e um toque de poesia que deixa a história ainda mais envolvente.
Confira a seguir a entrevista com o autor!
Revista Esmeril: A Texugo lançou recentemente uma versão sua de Os Três Porquinhos. Como foi essa experiência no universo da literatura infantil?
Alexandre Soares Silva: Não é o meu primeiro livro para crianças; antes dos Três Porquinhos já havia escrito dois livros infanto-juvenis de aventura e, no ano passado, uma história de uma capivara falante: A Capivara que fala e o Professor que Não Escuta (editora Timbú). Gosto de ler histórias para crianças, por prazer, para mim mesmo, então é natural para mim também escrever para crianças.
Revista Esmeril: Quais são as peculiaridades envolvendo a sua versão desse clássico? Podemos encontrar, nela, o humor que permeia suas outras obras?
Alexandre Soares Silva: A história em si é engraçada — o lobo usando todos aqueles disfarces ridículos. É uma versão que segue, digamos, uns 80% das versões tradicionais, talvez mais até. Mas como há várias versões dos Três Porquinhos, a escolha deste elemento ou daquele dá muita margem para o meu gosto pessoal, e para a criatividade. Além disso os porquinhos e o lobo muitas vezes falam por versos, o que acho divertido de escrever.
Revista Esmeril: Em relação às versões mais antigas e/ou consagradas dessa história, o que se mantém na sua adaptação?
Alexandre Soares Silva: Quase tudo! Mas há muitas versões, de modo que é preciso escolher alguns elementos desta versão, outros daquela. A versão do final, no entanto, em que o lobo termina escaldado até a morte e devorado pelos porquinhos, embora eu tenha escrito um primeiro rascunho assim, acabou sendo descartada em troca das versões mais gentis de hoje em dia (ele queima o traseiro na água fervente, sai gritando e nunca mais volta).
Revista Esmeril: Qual a importância do trabalho da ilustradora Karina Oliveira na composição do livro?
Alexandre Soares Silva: Completa. Imagine esse livro sem as ilustrações — quero dizer, sem boas ilustrações. Quando comecei a escrever não sabia quem ia ilustrar, mas fiquei muito feliz quando vi as ilustrações da Karina.
Revista Esmeril: Você planeja trabalhar em outras adaptações de histórias infantis, ou mesmo se dedicar à literatura infantil?
Alexandre Soares Silva: Ah, sim, sim. Já estou escrevendo o segundo livro das aventuras do Caubi, a capivara não só falante como surpeendentemente agradável e educada. E talvez faça mais adaptações de contos clássicos — é algo divertido de fazer.